Atacante astro da Copa já foi vetado no Fla. E técnico diz: 'faria de novo'

Pedro Ivo Almeida

Do UOL, no Rio de Janeiro

Convocado pelo técnico Óscar Tabárez para a Copa do Mundo, o uruguaio Luis Suárez estará no Brasil em junho para tentar escrever mais um capítulo de sua bela trajetória recente. A ligação da carreira do atacante com o país, no entanto, poderia ter sido iniciada bem antes. Tudo porque o jogador foi oferecido ao Flamengo no início de 2006, quando tinha 19 anos. Mas o técnico Andrade, então observador do Rubro-negro, não quis.

Segundo o ex-treinador do time da Gávea, o artilheiro e melhor jogador do último Campeonato Inglês não tinha muito potencial. Andrade ainda criticou o poder de finalização de um dos principais atacantes do mundo em seu início de carreira.

"Existia uma parceria com o Nacional e eu fui ao Uruguai conferir, selecionar alguns nomes. De fato, vetei o Suárez. Tinham nos indicado, falado muito, mas eu não vi potencial. Ele não foi nada bem nos dois jogos que presenciei. Chutava muito mal, não conseguia finalizar e perdia alguns gols dentro da área. Tenho até os vídeos destes jogos. Aos 18 anos, ele não era isso tudo e também não tinha a personalidade dos dias de hoje", justificou Andrade.

E o treinador campeão brasileiro em 2009 pelo Flamengo garante não ter nenhum arrependimento pela atitude na época. Nem mesmo as credenciais de melhor jogador e artilheiro do Campeonato Inglês da última temporada fariam o time rubro-negro mudar de ideia atualmente.

"Faria isso de novo. Na última semana, por exemplo, o Suárez foi vice campeão lá no campeonato dele [inglês]. E vice não serve para o Flamengo. O Flamengo é lugar para campeões. Não ia querer ele agora", provocou.

Por mais que mantenha a opinião da época do veto ao atacante uruguaio e não mostre qualquer arrependimento, Andrade se incomoda com o assunto. O treinador rechaçou qualquer julgamento por conta do episódio, disse que o caso é recorrente e relembrou algumas negativas a outros grandes atletas.

"As pessoas querem duvidar da minha capacidade por causa dessa história, mas não pode ser assim. Sou campeão brasileiro e ninguém pode questionar meu trabalho. E não fui o único a vetar um jogador no Flamengo. Isso acontece em vários clubes. O Cafu foi dispensado em 12 clubes antes de se firmar e ser capitão do penta. O Júnior foi vetado pelo Botafogo. O Ronaldo, por exemplo, foi ignorado duas vezes na Gávea", contou, criticando ainda a diretoria da época – 2008 – da saída do Fenômeno do Flamengo.

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Técnico Andrade garante não ter se arrependido do veto a Luis Suárez em 2006

"Quando era novo, ele parou de ir treinar porque não davam nem o dinheiro da condução. Depois, já consagrado, ficou trainando lá e ninguém apresentou um projeto. Ele sempre cansou de dizer que era torcedor. Talvez jogasse até de graça. Resultado: foi para o Corinthians, ganhou títulos, ajudou o clube a crescer e ajudou até a dar um estádio para eles. E os rubro-negros que não apostaram em um contrato com ele também não são culpados? Temos que lembrar disso".

Substituto esquecido
Em conversa com a diretoria da época, outro argumento utilizado por Andrade para justificar o "não" a Luis Suárez foi a presença de um "atacante com mais qualidades" nas categorias de base.

"Tínhamos um bom nome na base. Apostei no Fabiano porque ele tinha potencial mesmo e era melhor. O problema é que o Flamengo estava sempre brigando contra o rebaixamento naquela época e isso atrapalhava os jogadores que estavam subindo para o profissional. Não havia tranquilidade para jogar, sempre queimavam os atletas. Podia ser o Suárez, o Fabiano ou qualquer outro. Era muito complicado jogar ali", decretou Andrade, ao relembrar do jogador que acabou perdendo espaço na Gávea, passou por clubes menores e hoje está esquecido no Adanaspor, da Turquia.

E Fabiano Oliveira não é o único a ficar sem o espaço sonhado no início. O treinador que vetou Suárez também não goza de prestígio atualmente. Sem mercado entre os principais times do Brasil e sem jogadores do porte de Suárez, Andrade tenta retomar o prestígio em um trabalho no São João da Barra, time da segunda divisão do Campeonato Carioca.

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