Por troca cultural (ou dinheiro), brasileiros hospedam estrangeiros na Copa

Verônica Mambrini

do Uol, em São Paulo

  • Arquivo pessoal

    Ana Flávia Medina vai receber grupos de estrangeiros na Copa, que ficarão em dois quartos casa que ela aluga para viajantes

    Ana Flávia Medina vai receber grupos de estrangeiros na Copa, que ficarão em dois quartos casa que ela aluga para viajantes

Quando viajou para Grécia, em setembro do ano passado, a analista do judiciário Mônica Barguil, 42 anos, foi sozinha e sem conhecer ninguém no país. Voltou de Atenas com um amigo e uma visita marcada: o grego Christos Akratopoulos, que foi seu cicerone na Grécia, estava com planos de vir ao Brasil ver a Copa. O encontro dos dois foi facilitado pelo CouchSurfing, site que coloca em contato viajantes com locais dispostos a oferecer de companhia para um café a um quarto para pernoite na cidade onde são residentes. "Eu não fico na casa de desconhecidos porque tenho medo, mas gosto de conhecer pessoas locais. O Christos me buscou no hotel e fizemos um tour por vários bares e lugares´", conta Mônica.

Na Copa, ela espera poder retribuir a gentileza. Christos deve passar por São Paulo para ver a abertura, e ir para Natal, onde será o primeiro jogo da Grécia. "Eu convidei para ele ficar como hóspede na minha casa. A Grécia não vai jogar aqui, então ele passa por São Paulo para conhecer a cidade e depois vai ver o jogo", conta Mônica. Apesar dos preços inflacionados de diárias em hotéis no período, ela acredita que a maior vantagem para o amigo não vai ser a economia. "A cidade não está pronta para a gringaiada, poucas pessoas falam idiomas estrangeiros. O cara fica completamente perdido. A Grécia se preparou muito para as Olimpíadas: todo mundo fala inglês, nem que seja um pouquinho." Animada, ela já preparou um roteiro cultural e gastronômico para levar o amigo. "A experiência vai ser bem melhor para o estrangeiro que achar um brasileiro para 'chamar de seu' durante a Copa, no bom sentido", se diverte.

Para outras pessoas, a experiência de troca cultural pode vir com uns troquinhos a mais na conta, no fim do mês. A consultora de marketing Ana Flávia Medina, 48 anos, vai ter a casa cheia de estrangeiros durante a Copa. Com doisquartos livres na casa, ela se cadastrou no site AirBnB, que facilita o aluguel de cômodos ou até do imóvel inteiro em diversos lugares no mundo. "Tem procura de curta e longa duração, mas agora na Copa, a genta está praticamente lotado", conta. "Eu tenho mais de 10 grupos diferentes reservados para a Copa, com casais, grupos de amigos, famílias. Eu tive que montar uma planilha de quem sai e quem chega, até para eu me organizar com faxinas e horários de check out e de check in."

O preço de ficar na casa de Ana Flávia é R$ 155 por quarto, com uma taxa de limpeza de R$ 120, independente do número de noites. Em um deles, há uma cama de casal, e no outro, um beliche e uma cama extra. Nem todos os endereços do Air BnB, contudo, têm preços tão amigos. Há de quartos a casas inteiras cadastradas no AirBnB com anúncios que tentam se destacar para a Copa, como a localização no Itaquera ou áreas de lazer com churrasqueira e piscina. Os valores chegam a diárias de mais de R$ 7 mil, e tendem a ser mais altos em imóveis cujos proprietários não estarão no local durante a hospedagem, o que foge da expectativa de Ana Flávia. "Quando viajo, prefiro ficar na casa de pessoas. Acho a experiência mais completa. Nada melhor que ficar na casa de alguém, que vai te dar dicas, trocar ideias, deixar cozinha. Em grupo, com família, você quer dividir as experiências, e não tem área de convivência em hotel."

Além de oferecer café para os hóspedes antes de sair para o trabalho, ela está preparando um folheto com algumas dicas e uma lista de coisas interessantes para dazer em São Paulo. "Quem abre a casa está disposto a compartilhar a cultura dela com você, nem que sejam gotas. Eu não estou muito preocupada, porque a casa está sempre cheia, com visitas de amigos." Entre os hóspedes já confirmados, ela vai receber um casal com uma canadense e um croata, dois amigos belgas, um casal de norte-americanos, uma família indiana, uma colombiana, grupos de amigos ingleses e americanos. E não dá trabalho receber tanta gente? "A única diferença vai ser acordar um pouco mais cedo para aprontar o café, o resto é minha rotina de sempre."

Para quem acha que só perto da Copa vai aumentar a movimentação de gringos em lares brasileiros, a arquiteta Adriana Salles, 30 anos, já está recebendo visitas ligadas ao evento. "Tem uma malasiana na minha casa que veio ver voluntária na Copa do Mundo. Receber estrangeiros é como viajar sem sair de casa. São pessoas que estão interessadas em saber como é o Brasil, como é nossa vida", afirma. Por hora, ela está analisando o perfil de alguns gringos que pediram pouso durante a Copa, o que pode exigir jogo de cintura não só de quem oferece a casa, mas também das visitas com sotaque. "Tem dois amigos franceses, mas tem que ver se eles topam dividir o sofá-cama, né?", diverte-se.

Se você gostou da ideia de hospedagem solidária e quer receber alguém ou se hospedar na casa de outras pessoas, veja alguns sites que fazem essa ponte

Hospedagem solidária

Couch Surfing
https://www.couchsurfing.org

Warm Showers (foco em viajantes de bicicleta)
https://pt.warmshowers.org/ 

Home Exchange
https://www.homeexchange.com

The Hospitality Club
http://www.hospitalityclub.org/

Aluguel de cômodos ou casas de locais

Air BnB
https://www.airbnb.com.br/

Brazil Rent my House
http://www.brazilrentmyhouse.com/

Homestay
http://www.homestay.com/

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