Torcida ainda sofre em estádio, mas COL aprova teste na Arena Amazônia

Elendrea Cavalcante

Do UOL, Manaus

As obras da Arena da Amazônia
As obras da Arena da Amazônia

A Arena da Amazônia, em Manaus, recebeu, nesta quinta-feira, 03, o primeiro evento-teste com a presença de membros do Comitê Organizador Local (COL). A avaliação foi em meio à disputa de Resende x Vasco, que terminou em 0 a 0, pela Copa do Brasil. E, assim como no jogo inaugural, no dia 09 de março, o que se viu foi a necessidade de muitos ajustes ainda. Durante a partida, aspectos de sete áreas funcionais foram analisadas pelo COL.

Limpeza e resíduos, transporte, serviços ao espectador, voluntários, tecnologia, competições e segurança.  Mas, apesar de algumas falhas constatadas nestes itens,  o gerente-geral de operação integracional do COL, Tiago Paz,  destacou que "de uma forma geral", o COL estava satisfeito com os resultados na Arena da Amazônia. "Claro que sabíamos que em um primeiro evento-teste teríamos problemas. Há pontos a serem corrigidos. Aliás, em nenhum dos próximos testes chegaremos à perfeição de cem por cento, como deve ser numa Copa do Mundo. Completamente sem problemas só estaremos, de fato, no primeiro jogo da Copa em Manaus, entre Inglaterra e Itália (no dia 14 de junho)", disse em coletiva à imprensa após a partida.

Apesar de 40 mil ingressos terem sido colocados à venda, apenas 33 mil foram vendidos, o que para a organização do evento também foi "bom", levando-se em consideração que o jogo foi no meio da semana.  Já os torcedores que foram ao estádio, mesmo satisfeitos com a realização de uma partida de futebol com uma equipe do porte do Vasco da Gama em Manaus, não deixaram de fazer apontamentos.

Os problemas ocorreram ainda durante as filas, que começaram a se formar três horas antes do jogo. Houve demora para a entrada dos torcedores no estádio, o que segundo o coordenador da Unidade Gestora da Copa no Amazonas (UGP-Copa), Miguel Capobiango, ocorreu em virtude de os torcedores se concentrarem apenas em uma das entradas da Arena – do lado da avenida Constantino Nery, deixando de lado a entrada pela Lóris Cordovil.

Apesar de ter sido um evento teste nos moldes para a Copa do Mundo, o sistema de ingresso e cadeiras numeradas ainda não foi usado, o que preocupa torcedores locais por conta da proximidade do período do Mundial. "Será que eles vão deixar para testar o sistema de numeração apenas nos dias de jogos da Copa? Se esta for a estratégia, será um tormento", opina o administrador Paulo César Ferreira, 49.

Antes mesmo de o jogo começar, seguranças contratados para atuarem na Arena tiveram que retirar do espaço um torcedor que foi ao jogo com a camisa do Flamengo e foi alvo de provocações da torcida vascaína.

E quando torcedores esperavam ansiosos pelo Hino Nacional para o início do jogo, eis a surpresa: o hino  não tocou e os jogadores tiveram que cantar sozinhos. Segundo Capobiango, o sistema de som e equalização, além de ajustes também na iluminação do gramado ainda estão previstos para ocorrer.

Durante o jogo, o torcedor e integrante da Força Jovem Manaus, Hudson Cabral, 36, parou a reportagem do UOL Esporte para falar de sua frustração com relação à estrutura na área das cadeiras e o perigo de alguns materiais. "Tudo bem que um estádio grande como este tem suas regras, mas é preciso levar em consideração que torcida organizada gosta de ficar em pé. Se fosse para ficar sentado, ficávamos em casa. E, por isso, essa parede baixa de vidro na área das cadeiras é algo perigoso. Mesmo que seja proibido encostar, sempre vai ter gente se encostando nela, como hoje, e, como o material é frágil, há risco de acidente".

Em pé com outros integrantes da organizada, ele e os amigos também destacaram a lâmina nesta mesma estrutura de vidro. "Fácil para qualquer pessoa que se encostar desprevenida, e com pressa, se ferir", acrescentou.

Ainda com relação à estrutura, ajustes ainda precisam ser feitos no acesso ao estádio. Sua parte inferior interna, por exemplo, alaga fácil.  Outra deficiência é parte dos elevadores, que estavam sem funcionar.

Lanchonetes

Problema apontado pelos torcedores no primeiro jogo, as lanchonetes desta vez não foram vistas com longas filas, à exceção do intervalo. Porém, na partida desta quinta-feira, outro  chamou a atenção: o preço dos alimentos. Quem foi ao primeiro jogo, informou que o salgado passou de R$ 4 para R$ 6. Além disso, parte das lanchonetes já estavam sem alguns dos itens listados ainda no primeiro tempo. 

Segurança teve problemas desde a tarde

Outro ponto falho foi a segurança e controle no acesso interno. O trabalho, que incluía, inclusive, a área do campo, teve de ser ajustado de última hora. Dos 600 trabalhadores que seriam contratados paraoserviço, a Polícia Federal considerou parte inapta. Tanto que 80 deles interditaram a avenida Constantino Nery, por volta do meio-dia. Eles foram avisados de que não poderiam entrar no estádio por não terem seus certificados do curso de capacitação para atuação em grandes eventos homologados.

A alegação do grupo de trabalhadores era de que ao se matricularem no curso, fizeram investimentos, comprando sapatos e farda para atuarem e, agora, não teriam o retorno financeiro esperado. A solução encontrada pelo Comitê Organizador Local (COL) foi colocar os trabalhadores para ajudarem na segurança e controle dos arredores do estádio.

Ainda com relação à segurança, o estádio funcionou mais uma vez sem os detectores de metais para revista dos torcedores no acesso.

Voluntários ainda despreparados e imprensa sem estrutura

Mesmo com o "OK" do COL, o que se viu no estádio foram voluntários ainda despreparados, passando informações sem sentido ou "não sei" facilmente, como sobre a área destinada à imprensa. De quatro voluntários questionados pelo UOL Esporte sobre a localização do espaço, apenas um deu o sentido correto.

E foi justamente na área reservada à imprensa que outros problemas foram detectados. Além de tomadas com problema, o sinal para telefonia e internet foi falho e pegou profissionais de surpresa. "O sistema de internet não está nem perto do quanto gostaríamos que estivesse. Esperamos que até o final de abril, estejamos com esta situação resolvida", destacou Capobiango, quando questionado sobre o assunto em coletiva após o jogo.

Em meio às críticas, houve também elogios por conta de melhoras em relação a aspectos observados no primeiro jogo. Exemplo foram os cadeirantes, que tiveram dificuldades na partida inaugural, mas a maioria entrevistada pela reportagem do UOL Esporte, dentre ela, Daniele Almeida, 20, informou que desta vez o acesso foi tranquilo. 

Apesar de o trânsito ter ficado "carregado" – vale lembrar que o jogo foi realizado às 19h30 (hora Manaus – quando o trânsito por si já é pesado em virtude do retorno para casa de trabalhadores e estudantes), o trabalho dos agentes de trânsito foi elogiado, já o transporte coletivo não. "Essa dificuldade com o transporte sempre vai haver. Só vim assistir a partida porque é de meu time do coração, senão, nem sairia de casa, pois sabia das dificuldades", destacou Aline Teixeira, 36, que esperou o ônibus da linha 221 passar por 40 minutos no ponto.

O BRT (Bus Rapid Transit) era o transporte que estava na Matriz de Responsabilidade da Copa para Manaus, porém não saiu do papel. Como medida paliativa, a Prefeitura de Manaus resolveu adotar desde o último mês de janeiro o BRS (Bus Rapid System), um corredor exclusivo para os ônibus, porém o sistema ainda está em fase de implantação e adaptação.

A Arena da Amazônia será palco de quatro jogos da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 – todos válidos pela primeira fase: Inglaterra x Itália, Camarões x Croácia, Estados Unidos x Portugal e Honduras x Suíça.

Veja também



Shopping UOL

UOL Cursos Online

Todos os cursos