Ser o craque pra quê? Seja o empreiteiro em "A Conta da Copa é Nossa"

Vinícius Segalla

Do UOL, em São Paulo

Para construir uma obra da Copa do Mundo no Brasil é preciso mais do que dinheiro, cimento, areia e aço. O empreiteiro que quiser lucrar com os preparativos do país para o Mundial de futebol terá que contar com a ajuda de autoridades como o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, responsável por liberar os recursos para as obras, ou do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, que cuida de fazer o meio campo com as empresas que patrocinam a Copa.

Talvez não se possa afirmar que é assim que acontece na vida real, mas pelo menos é assim que funciona em "A Conta da Copa É Nossa", um jogo de cartas com enredo baseado em fatos reais que será lançado poucos dias antes da Copa, que começa no dia 12 de junho.

O criador do jogo, Guilherme Cianfarani, é dono da Quequeré Jogos, e realizou uma pesquisa de seis meses para criar o produto. "Li muitas notícias, consultei documentos, entrevistei pessoas ligadas à preparação do Brasil para a Copa, tudo para tornar o jogo o mais próximo da realidade possível", conta Cianfarani, cuja empresa é especializada em jogos de temática política. Entre os produtos da Quequeré estão "Brasil, um País de Tolos", sobre a corrupção no país, e "Só Dói Quando eu Penso", sobre os anos de ditadura militar, este ainda a ser lançado.

"A Conta da Copa é Nossa" é um jogo de cartas ilustradas que retrata o processo de construção de obras para o Mundial. Cada um dos jogadores (de dois a quatro) representa uma grande empreiteira que deve competir com as demais para conseguir os maiores lucros e participação na construção das obras.

A ideia é jogo é divertir e também criticar o processo de preparação brasileiro para a Copa, conforme é possível notar pela descrição do produto no site da empresa: "Para alcançar seus objetivos, os jogadores de 'A Conta da Copa é Nossa' estarão munidos de um bem-humorado baralho com cartas ilustradas de políticos e personalidades que podem ajudá-lo nas mais diversas tarefas: conseguir favores, prejudicar os concorrentes, dar aquele jeitinho, entre outras coisinhas mais. Prepare-se para ser um dos mafiosos, quer dizer, afortunados que terão a oportunidade de abocanhar um pedaço do grande bolo de recursos que a Copa 2014 oferecerá!".

Os personagens representados no jogo nem sempre são "vilões". Também estão presentes, por exemplo, o ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Valmir Campelo, que coordena o grupo de fiscalização das obras da Copa, e o jornalista Juca Kfouri, blogueiro do UOL Esporte, conhecido por suas críticas à atuação dos cartolas do futebol brasileiro. "Mas o jogo é realista. A carta que traz o Juca Kfouri tem muito menos poder do que a do Marcelo Odebrecht, um dos maiores empreiteiros da Copa", avisa Cianfarani.

Com tantos personagens reais sendo retratados de maneira crítica e jocosa, além de marcas de patrocinadores, como Coca-Cola e Mc Donalds, Cianfarani não teme ser processado? "Claro que podem me processar, por uso indevido da imagem ou o que for. Mas considero que o jogo tem uma característica de crônica jornalística, eu não poderia deixar de usar nomes e imagens reais se estou querendo exatamente retratar uma realidade. A Quequeré tem um departamento jurídico que está preparado para agir em defesa de nossos jogos", diz Cianfarani. 

Formado em Turismo pela Escola de Comunicação e Artes da USP, o fundador da Quequeré Jogos está financiando a produção de seu novo jogo através de um site de "vaquinha virtual" . As doações vão de R$ 30 a R$ 5.000, sendo que, a partir de R$ 100, o doador ganha o direito a um exemplar do jogo. O objetivo é arrecadar R$ 49.550 até o dia 17 de maio.

Caso a meta não seja cumprida, todas as doações serão devolvidas e o jogo não será produzido. Até as 06h do dia 03 de abril, haviam sido arrecadados R$ 2.650. 

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