Quem disse que o Morumbi não está na Copa? SP fecha acordo de 18 eventos

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

  • Caio Guatelli/Folhapress

    Em 2007, Brasil jogou no Morumbi como propaganda para a Copa de 2014. Agora vai...

    Em 2007, Brasil jogou no Morumbi como propaganda para a Copa de 2014. Agora vai...

A Copa do Mundo de 2014 passará pelo Morumbi. Depois da odisseia que em junho de 2010 arrancou do São Paulo a abertura do evento e deu ao arquirrival Corinthians a oportunidade de construir o tão esperado estádio e receber todas as honrarias do torneio, o São Paulo agora organizará uma série de eventos no Morumbi durante a Copa. Depois de se aproximar da CBF e da TV Globo neste início de ano, e levar o amistoso entre Brasil e Sérvia, do dia 6 de junho, para a arena tricolor, o clube fecha os últimos detalhes com a Ambev para poder transmitir as partidas no estádio.

A agência contratada para promover a Copa no Morumbi é a Front360. A ideia é realizar até 18 eventos durante a Copa do Mundo no espaço conhecido como Morumbi Concept Hall, no setor amarelo do andar térreo do estádio. É o espaço mais nobre do Morumbi, com restaurantes, camarotes e lojas. O projeto levará o nome de "Casa do Futebol".

O vice-presidente social do São Paulo, Roberto Natel, confirma que as conversas estão nos "finalmentes contratuais". Fábio Fronterotta, presidente da Front360, trabalha para possibilitar a transmissão de jogos da Copa do Mundo no espaço. Como o Morumbi não é um espaço Fifa, depende de acordo para poder televisionar as partidas da competição. Para isso, Fronterotta negocia o patrocínio da Ambev. A empresa já é cliente da agência em outros projetos. Além disso, a Ambev patrocina a seleção brasileira com o Guaraná Antártica e a Copa do Mundo de 2014 com as marcas Brahma e Budweiser. Por ser patrocinadora, tem o direito de organizar eventos com transmissão dos jogos. O acordo entre agência e Ambev ainda não foi assinado, mas já está encaminhado e deve ser selado na próxima semana.

"Juridicamente tudo está encaminhado", diz Fronterotta. Como segurança, a agência também conversa com a Fifa para transmitir os jogos mesmo se não contar com o apoio da Ambev – o que é improvável: "Já foi pedida a autorização para a Fifa. Uma alternativa é fazer o evento com patrocinadores que não concorram com patrocinadores da Copa", explica.

Além do nome "Casa do Futebol" para todo o projeto, outras nomenclaturas também já estão definidas. O pedaço do campo próximo do setor amarelo que será acoplado ao Morumbi Concept Hall será denominado "Arena Hexa", em alusão à possibilidade da seleção brasileira conquistar o troféu pela sexta vez. O "Camarote Canarinho" será o espaço de luxo do evento.

"A minha certeza, com a qual eu trabalho para isso, é que o Brasil chegará pelo menos às oitavas de final da Copa. Então teríamos no mínimo 11 dias de eventos. Seriam dias de jogos e outros sete dias. Se o Brasil chegar à final, serão 18 dias de eventos", afirma Fronterotta.

O que facilita a negociação é a realização do amistoso entre Brasil e Sérvia no Morumbi, último da seleção de Luiz Felipe Scolari antes do início da Copa do Mundo. Além do jogo no estádio, firmado a partir da aproximação de Carlos Miguel Aidar – candidato de Juvenal Juvêncio à sucessão presidencial, em abril – de Marco Polo Del Nero, virtual novo presidente da CBF, existe negociação para que os dois treinos da seleção brasileira no Morumbi, antes do amistoso, sejam abertos para o público.

Como o Morumbi saiu da Copa em 2010?

A história que deixou o Morumbi fora da Copa de 2014 incomoda o São Paulo até hoje. O ex-governador José Serra propôs que o torneio tivesse abertura na capital paulista e final do Rio de Janeiro. A partir de então, Juvenal Juvêncio e Ricardo Teixeira iniciaram uma aproximação depois de mais de duas décadas de atritos entre clube e CBF.

As ressalvas apareceram enquanto Fifa e CBF negociavam com o São Paulo e delimitavam qual teria de ser a reforma para que o Morumbi se tornasse uma das principais arenas do evento. O clube conseguiu garantias financeiras para apresentar um projeto de reforma avaliado em R$ 265 milhões, que não atendia a todas as exigências da Fifa. O projeto orçado pela entidade previa gastos de R$ 630 milhões, que não poderia ser avalizado pelo São Paulo. Como o governo do estado não falava em investimentos públicos em estádios até então, não houve acordo e o Morumbi foi retirado da lista de sedes da Copa.

Durante esse processo, quando já havia desacordo de valores entre São Paulo e Fifa, houve a negociação dos novos direitos de transmissão televisiva para os clubes e Juvenal Juvêncio tomou decisão que irritou a CBF: ficou ao lado do presidente gremista e líder do Clube dos 13 Fábio Koff, e lutou contra a dissolução da entidade. Na contramão, Andrés Sanchez liderou a ruptura e se aproximou de Ricardo Teixeira. Mais tarde, o Corinthians conseguiu viabilizar projeto em Itaquera para erguer o estádio que abrigaria a abertura da Copa. Andrés, depois, tornou-se diretor de seleções da CBF.

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