Medo de ir ao aeroporto durante a Copa? No Natal e no Ano Novo é bem pior

Tiago Dantas

Do UOL, em São Paulo

Os aeroportos brasileiros são frequentemente citados como motivo de preocupação para a organização da Copa do Mundo. Quatro anos atrás, após o término do Mundial da África do Sul, o então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, já dizia que os aeroportos eram o maior problema que o país teria que resolver para o evento.

A situação mais grave para os passageiros, no entanto, não será enfrentada durante a Copa, mas, sim, no resto do ano. No Natal e Réveillon, a malha aérea brasileira das 12 cidades-sede transporta quase cinco vezes mais passageiros do que é previsto para os 30 dias do Mundial. 

Cerca de 2,25 milhões de torcedores devem passar pelos terminais brasileiros durante a Copa, segundo o estudo "Impactos Socioeconômicos da Copa", feito pela Ernst&Young e utilizado frequentemente pelo governo federal. Em um período de 30 dias que inclui Natal e Ano Novo, 10,1 milhões de pessoas utilizam os aeroportos das sedes, segundo levantamento feito por Infraero e concessionárias com base na alta temporada do fim de 2013.

Técnicos e engenheiros acreditam que a capacidade dos terminais de passageiros será suficiente para suportar a demanda. As filas de embarque vistas em alguns aeroportos no Ano Novo não devem se repetir com frequência. Alguns atrasos, porém, são possíveis, mesmo com um número menor de passageiros circulando.

O problema é que os voos ficarão concentrados em alguns horários e não se investiu no aumento das áreas de estacionamento das aeronaves, na opinião do professor do Departamento de Engenharia de Transportes da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e especialista em transporte aéreo, Respício do Espírito Santo.

"As aeronaves não têm onde parar e isso acaba deixando os aviões em uma fila para pousar, o que gera atrasos", explica o professor. Outro ponto importante é que, durante a Copa, todos os turistas vão querer chegar no mesmo horário nas cidades.

"Em um feriado como carnaval ou Ano Novo, não tem tanto problema se o avião atrasa. O turista pode chegar a qualquer hora na cidade onde vai passar o feriado. Agora, na Copa, as pessoas vão se programar para chegar, no máximo, três horas antes do jogo. Essa dinâmica da Copa é que precisa ser entendida."

Além da concentração dos voos em alguns horários, as companhias aéreas estão preocupadas com a distribuição deles por cidades que não costumam receber turistas no meio do ano, na avaliação do consultor técnico da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), Adalberto Febeliano.

"O setor de aviação já está acostumado a lidar com essa sazonalidade. Talvez o carnaval carioca ou o Rock in Rio tenham sido operações mais difíceis de montar do que a Copa do Mundo", diz Febeliano. "Mas quando a demanda é concentrada em alguns dias e horários, isso preocupa."

Por causa disso, as empresas encaminharam à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) pedido para alterar quase 42% da malha aérea brasileira.

"Temos que equilibrar a demanda. Durante a Copa não vou precisar dos cinco voos diários que tenho de São Paulo para Campo Grande, por exemplo, mas vou precisar de mais aviões pousando em Cuiabá. Por isso são feitas essas alterações na malha aérea", diz o consultor da Abear.

Veja também



Shopping UOL

UOL Cursos Online

Todos os cursos