Protesto anti-Copa tem novo confronto entre policiais e manifestantes

Tiago Dantas

Do UOL, em São Paulo*

O segundo protesto contra a Copa do Mundo do ano, em São Paulo começou por volta das 17h45. Gritando palavras de ordem como "Não vai ter Copa", o grupo tomou a Avenida Ipiranga, em frente à Praça da República. Uma hora depois do início do protesto, o tumulto começou. Policiais que se mantinham às margens das ruas e nas calçadas passaram a isolar grupos de manifestantes no meio da via, na rua Xavier de Toledo, no sentido do teatro Municipal.

A Polícia Militar alega que entrou em ação após os manifestantes terem gritado que iriam começar a correr e quebrar tudo. Os policiais estavam munidos de cassetes, escudos e bombas de efeito moral, enquanto os manifestantes usaram sacos de lixo, cones e pedaços de pau para revidar, depois que a correria teve início. Algumas latas de lixo e vidraças de prédios comerciais da região foram danificadas.

Pelo menos 230 pessoas foram algemadas e levadas em três ônibus para delegacias da capital. O número, quase o dobro do total de detidos no primeiro protesto, foi confirmado no final da noite pela própria corporação. Integrante da organização Advogados Ativistas, Geraldo Santamaria Neto, denunciou para a reportagem do UOL Esporte que todos os advogados foram impedidos pela polícia de acompanhar a revista e o traslado dos manifestantes até as delegacias.

Repórteres que se identificavam como sendo da imprensa foram obrigados a sentar na calçada. Pelo menos três fotógrafos e dois repórteres foram detidos para averiguação. Todos eles já foram soltos, segundo a PM.

Um dos responsáveis pela operação, major Larry Saraiva, afirmou que todo o confronto foi filmado para ser analisado depois. "A avaliação foi positiva. Um ou dois manifestantes ficaram feridos, mas fizemos o certo para evitar depredações." 

De acordo com a PM, quatro policiais tiveram ferimentos leves e dois manifestantes tiveram que ser levados de ambulância para o hospital. Um deles é o técnico em manutenção Marluz Germani, de 25 anos. Ele teve um ferimento no supercílio direito e disse que foi atingido por um cassetete de um policial, embora alegue não tenha feito nenhuma depredação.

Neste sábado, o governo de São Paulo colocou em prática uma novidade em seu contingente para acompanhar os protestos. PM especializados em jiu-jitsu para atuar sem o uso de armas em situações em que é preciso imobilizar pessoas que estão cometendo crimes. Esses policiais, que estão sendo chamados de "Tropa do Braço" tiveram participação ativa na manifestação deste sábado e foram os responsáveis pela maioria das detenções. 

Os manifestantes que não foram detidos prometem passar a noite em barracas montadas na praça da República. Por meio do Facebook, o coletivo Contra a Copa divulgou uma nota de repúdio à ação da PM: "Repudiamos a ação da Polícia Militar e dos governos aos quais ela é subordinada. Continuaremos nas ruas por direitos sociais, contra a repressão, contra a Copa e pelo direito democrático de manifestação. Convocamos todos os indignados contra o estado de exceção que se instala aos poucos no Brasil. Este é o momento de vir para as ruas", diz o texto.

A PM informou que deslocou mil policiais para acompanhar a manifestação contra a Copa do Mundo neste sábado, 22. Um helicóptero da corporação acompanhou toda a concentração na Praça da República. A Tropa de Choque ficou alocada no Viaduto do Chá no momento em que os demais policiais resolveram cercar os manifestantes. 

Ainda segundo a PM, no início do protesto, na Praça da República, havia cerca de mil pessoas foram às ruas. Além dos black blocs, que formam a linha de frente do protesto, movimentos sociais, como o Fórum de Saúde, e partidos políticos, como o PSOL, também se encontram na manifestação.

"Vamos respeitar todos, não importa sua bandeira. Estamos aqui por uma causa, que é muito maior", disse um dos líderes do movimento. "Vamos fazer um protesto sem violência. A violência vem sempre da PM", disse o homem, cujas palavras eram repetidas pelos demais, para que todos ouvissem. O homem não se identificou.

De acordo com a Polícia Militar, um manifestante deixou uma mochila na estação Ana Rosa, que tinha um "coquetel Molotov" dentro. A PM disse que o sistema de monitoramento do Metrô filmou o abandono.

*Atualizado à 0h11

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