Saiba como Marin e Del Nero atropelaram Andrés e oposição na eleição da CBF

Paulo Passos

Do UOL, em São Paulo

  • Pedro Ladeira/Folhapress

    José Maria Marin, presidente da CBF, e o vice, Marco Polo del Nero, candidato da situação

    José Maria Marin, presidente da CBF, e o vice, Marco Polo del Nero, candidato da situação

O atual presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol), Marco Polo Del Nero, será candidato único à presidência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). O dirigente, que ainda não oficializou a sua chapa, já tem apoio de pelo menos 23 das 27 federações estaduais de futebol, segundo apurou o UOL Esporte, para ser o substituto de José Maria Marin. A eleição está prevista para a segunda quinzena de abril.

Para lançar uma chapa no pleito da CBF é preciso o apoio formal de oito federações e cinco clubes, segundo regra descrita no estatuto da entidade. Del Nero já tem assinatura de mais de 20 presidentes das entidades estaduais, o que impossibilita qualquer outro pretendente a se candidatar.

Atualmente, o dirigente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Noveletto, é o pré-candidato da oposição. Até mesmo integrantes do grupo que o apoia admitem que não há mais chances de alguém disputar a eleição contra Del Nero, candidato de Marin.

"A situação já tem muitos apoios, mas apoio não é voto. Na eleição, o voto é secreto", minimiza Noveletto.

O dirigente foi anunciado como nome da oposição na última semana, após Andrés Sanchez, que também tinha interesse de se candidatar, abrir mão e anunciar apoio ao gaúcho.

Contra-ataque

Antes de desistir de ser candidato da oposição, Sanchez foi atrás de votos e visitou presidentes de federações em seus estados. O corintiano esteve com pelo menos oito cartolas estaduais. Depois da visita dele, todos foram procurados por Marin, cabo-eleitoral de Del Nero. 

"Recebi o Andrés no final do ano passado. A conversa dele me surpreendeu. Não pediu voto. Disse que estava fazendo uma avaliação da possibilidade da candidatura", conta José Vanildo, presidente da Federação de Futebol do Rio Grande do Norte.

Cerca de um mês depois, o cartola recebeu outra visita, a de Marin. Após a conversa, definiu seu apoio no pleito deste ano. "Fechamos com o Del Nero", afirma.

Com a benção de Sarney

Nos bastidores, Sanchez é visto como próximo de Luiz Inácio Lula da Silva. Filiado ao PT, o cartola já afirmou em entrevistas que o acordo para viabilizar o estádio do Corinthians em Itaquera só foi possível após o apoio do ex-presidente. O temor da situação na CBF era de que o petista pudesse influenciar a favor da oposição no pleito da entidade.

"Ele [Lula] me garantiu que não irá participar da disputa. De qualquer disputa -destacou bem. Não irá de forma nenhuma participar de qualquer disputa na CBF", afirmou Marin, em entrevista à "Folha de S. Paulo", em 2013.

Na dúvida, a situação buscou apoio político de todas as siglas. Aécio Neves, do PSDB, foi homenageado em jogo da seleção em abril do ano passado, enquanto o petista Marco Maia, então presidente da Câmara de Deputados, foi chefe de delegação em amistoso na Europa. O último agrado foi à família Sarney.

Até o fim do ano passado, o presidente da Federação Amazonense de Futebol, Dissica Tomaz Valério, era o nome para ser o vice-presidente da região norte da CBF. A entidade tem cinco vices regionais.

Na última hora, o amazonense acabou perdendo a vaga para Fernando Sarney, que ocupa o cargo na atual gestão e é filho de José Sarney. Ele deve ser o único vice da atual gestão que seguirá com Del Nero. Os presidentes das federações do Espírito Santo, Marcus Vicente, de Alagoas, Gustavo Dantas Feijó, de Santa Catarina, Delfim Pádua Peixoto, serão os outros vices.

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