Procurador gaúcho quer Copa de graça para rádios brasileiras
Aiuri Rebello
Do UOL, em Brasília
Um procurador da República em Novo Hamburgo (RS) entrou com ação na Justiça Federal na segunda-feira (27) para que as rádios brasileiras possam transmitir os jogos da Copa do Mundo sem pagar nada para a Fifa pelos direitos de transmissão do evento. De acordo com o procurador Celso Antonio Tres, do MPF-RS (Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul), a cobrança dos direitos de transmissão das rádios fere "o direito à informação e expressão da cidadania por meio da comunicação social".
Assim, ele pede à Justiça que conceda o direito às rádios de transmitirem os jogos do Mundial de graça, desde que os locutores não estejam no estádios e sim assistindo às partidas pela TV -- em emissoras que pagaram pelos direitos de transmissão à Fifa. "No Estado do Rio Grande do Sul, há apenas a Rádio Gaúcha credenciada", afirma o procurador em sua petição.
"Mesmo pagando, houve restrições, negativa pura e simples de outorga, a exemplo das emissoras vinculadas à Record, organização adversária da Globo [parceira da Fifa na Copa]", afirma Tres. De acordo com ele, o direito de transmissão da Copa por rádios brasileiras custa R$ 2 milhões. A Fifa não confirma este nem nenhum valor dos direitos de transmissão, mas o valor total das vendas está na casa dos bilhões de reais.
Tres sustenta que a cobrança dos direitos de transmissão (arena/imagem) cerceia a liberdade da comunicação social. Pondera também que o futebol é patrimônio cultural brasileiro, sendo obrigatório a transmissão dos jogos da seleção em televisão aberta, gratuita, assim como nas rádios.
Nesta terça-feira (28), foi expedida a intimação para a Fifa e o Ministério do Esporte tomarem conhecimento da causa (o procurador incluiu ambos como réus na ação civil pública). Após correr o prazo para se manifestarem, caberá à 1 ª Vara Federal de Novo Hamburgo decidir se o pedido do procurador faz sentido ou não.
Procurada pela reportagem, a Fifa não se manifestou até a publicação desta reportagem. Normalmente, a entidade máxima do futebol mundial não comenta ações, processos ou qualquer tema judicial. A Lei Geral da Copa, aprovada em 2012 no Congresso Nacional, garante à Fifa o direito de cobrar pelas transmissões das partidas da Copa, em qualquer meio de comunicação.