Um grupo formado por cerca de 200 manifestantes tentou depredar a Arena das Dunas, estádio da Copa do Mundo recém inaugurado em Natal, na noite deste sábado, 25, durante a onda de protestos contra o Mundial que tomou parte do País. Houve tiros e confusão na porta do estádio, segundo testemunhas. A polícia prendeu 17 supostos integrantes do grupo, acusados de dano ao patrimônio.

Jovens que participaram do movimento ouvidos pelo UOL Esporte afirmaram que seguranças da arena deram tiros para o alto no momento em que os manifestantes se aproximavam do estádio. Também relataram que, após a chegada de uma viatura da PM, houve correria. Um jovem teria se ferido após o cerco da polícia, segundo testemunhas, embora a informação não tenha sido confirmada oficialmente. 

A OAS informou que os seguranças que trabalham na Arena das Dunas não andam armados e disse que o protesto da noite deste sábado não provocou danos à estrutura do estádio.

"Nossos seguranças não andam armados. Não tenho informação sobre tiros que foram disparados durante o protesto", afirmou o gerente de marketing da Arena das Dunas, Artur Couto.

Uma foto publicada na edição deste domingo pelo jornal Tribuna do Norte mostra um homem armado na porta da Arena. Ele não usa uniforme, mas, segundo manifestantes, estava fazendo a segurança do local.

Procuradas pela reportagem desde o início desta manhã, as polícias Civil e Militar ainda não se manifestaram sobre o caso. Na internet, pessoas que participaram do protesto estão organizando 'vaquinhas' para pagar a fiança de manifestantes que ficaram detidos.  

O protesto estava marcado para as 17h, mas só começou por volta das 19h. Os manifestantes se reuniram em frente ao Shopping Via Direta. A maior parte dos integrantes do grupo, segundo a PM, cobria o rosto com camisetas ou máscaras. A marcha fechou a pista sentido centro da BR-101, enquanto avançava na direção da Arena das Dunas, que fica a pouco mais de 1 km do shopping.

Já no estádio, os manifestantes derrubaram uma tenda branca de plástico, que indicava onde fica a entrada para os torcedores, e arremessaram grades de ferro contra o alambrado que separa o estacionamento do estádio da rua. Foi nessa hora, segundo manifestantes, que os vigias da arena dispararam para o alto, o que fez parte do grupo se dispersar. No revide, pedras e pedaços de ferro foram atiradas na direção dos seguranças e do próprio estádio. 

Com relação à grade de ferro que foi atirada por manifestantes na direção do alambrado que separa o estacionamento do estádio da rua, Couto disse que não comentaria, pois isso aconteceu do lado de fora do equipamento esportivo. "Não houve nenhum dano à arena", confirmou o gerente de marketing.

Até então, apenas uma viatura da PRF (Polícia Rodoviária Federal) acompanhava o protesto - já que se realizava em uma rodovia federal. Minutos depois dessa confusão, uma viatura do GTOR (Grupo Tático Operacional Rodoviário) da PM se aproximou, gerando mais tumulto e correria. A maior parte dos manifestantes correu em direção ao campus da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), a cerca de 1,5 km da arena.

Os jovens relataram que foram para lá pois acreditavam que a PM não entraria no campus, por ser uma área federal. Os policiais, porém, cercaram os manifestantes que tentavam correr. Dezessete pessoas foram levadas para a Delegacia de Plantão da Zona Sul de Natal, na Candelária, onde, no início da madrugada, aguardavam para serem ouvidas. Os pais das pessoas que são menores de idade foram chamados para buscar os adolescentes na delegacia. Uma advogada se comprometeu a prestar auxílio aos detidos. 

Na página do Facebook criada para divulgar o evento, internautas que dizem ter participado do movimento relataram que ouviram mais disparos, desta vez vindo de armas de policiais, quando chegaram no campus da UFRN, mesmo após terem se jogado no chão, em sinal de rendição.

O governo ainda não informou se será tomada alguma providência com relação aos seguranças da arena que atiraram e se há um integrante do protesto hospitalizado.

Natal já havia sido palco de uma manifestação contra a Copa na quarta-feira, quando a presidente Dilma Rousseff visitou a capital do Rio Grande do Norte para inaugurar a Arena das Dunas. Na ocasião, não houve nenhum incidente grave, segundo a polícia.