De olho no cofre

Custo de arenas da Copa sobe R$ 1 bi e supera investimento em mobilidade

Vinicius Konchinski*

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Ueslei Marcelino/Reuters

    Estádio Nacional Mané Garrincha, de Brasília, é o mais caro da Copa do Mundo: R$ 1,4 bilhão

    Estádio Nacional Mané Garrincha, de Brasília, é o mais caro da Copa do Mundo: R$ 1,4 bilhão

O argumento de que a Copa do Mundo de 2014 seria usada, principalmente, para catalisar investimentos em mobilidade urbana em suas cidades-sede foi por terra nesta segunda-feira. Após o Ministério do Esporte atualizar a lista de obras para o Mundial de 2014, ficou evidente que a maior parte dos recursos destinados à preparação do país para o torneio vai mesmo para a reforma ou construção de estádios.

De acordo com a versão atual da chamada Matriz de Responsabilidades da Copa do Mundo, só as obras estádios do Mundial vão consumir pouco mais de R$ 8 bilhões --R$ 1 bilhão a mais do que o previsto na versão anterior do documento, divulgada em dezembro do ano passado. Já as obras para melhorias do transporte público ou construção de novas vias receberão cerca de R$ 7 bilhões –R$ 800 milhões a menos do que receberiam anteriormente.

De dezembro até hoje, o custo da reforma ou construção dos 12 estádios do Mundial de 2014 subiu 14%. Já esses investimentos mobilidade diminuíram 10%, parte disso devido a atrasos nos cronogramas de construção.

Nesta segunda-feira, por exemplo, o Ministério do Esporte tirou da lista de obras da Copa do Mundo 14 projetos. Desses, 12 eram de transporte, um era em um porto e outro, em aeroporto. Só Porto Alegre, que já havia confirmado há meses os atrasos em suas obras de melhoria urbana, tirou dez obras de mobilidade da matriz. Isso aponta que essas não estarão prontas até o início da Copa do Mundo.

Os investimentos em portos de cidades-sede da Copa do Mundo perdeu ainda mais recursos do que a mobilidade urbana: 13%. Em dezembro, estava previsto que as obras em terminais marítimos e fluviais custassem R$ 676 milhões. Após a reforma do Porto do Rio ser tirada da lista de projetos para o Mundial, o investimento caiu para R$ 587 milhões.

Já o custo dos estádios só não aumentou mais que o valor previsto para a reforma do entorno dessas arenas. Como parte de sua preparação para a Copa, cidades-sede também têm que fazer obras de melhoria de calçamento e acesso aos seus locais de jogo. Em dezembro, o ministério havia estimado que isso custaria R$ 795 milhões a governos. A estimativa atual é que isso custe R$ 996 milhões –25% a mais.

Vale lembrar que, apesar dessas estarem ligadas estritamente a área dos estádios, o Ministério do Esporte considera que elas também são obras de mobilidade urbana. Dessa forma, todas as obras dessa área, incluindo as obras no entorno dos estádio, custariam R$ 8,024 bilhões --quase o mesmo dos estádios da Copa.

CONFIRA A EVOLUÇÃO DOS INVESTIMENTOS PARA A COPA DO MUNDO

Área Valor em dez/2012 Valor hoje Variação
Mobilidade Urbana R$ 7,811 bilhões R$ 7,027 bilhões -10%
Entorno dos estádios R$ 794,7 milhões R$ 996,52 milhões +25%
Estádios R$ 7,031 bilhões R$ 8,005 bilhões +14%
Aeroportos R$ 6,805 bilhões R$ 6,280 bilhões -8%
Portos R$ 675,9 milhões R$ 587,30 milhões -13%
Telecomunicações R$ 371,2 milhões R$ 404 milhões +9%
Segurança R$ 1,879 bilhão R$ 1,879 bilhão 0%
Turismo R$ 212,5 milhões R$ 195,71 milhões -8%
Instalações temporárias não havia previsão R$ 208 milhões -
Total R$ 25,581 bilhões R$ 25,584 bilhões 0%

Estádios

Entre as obras de estádios da Copa, já são duas que oficialmente custam mais de R$ 1 bilhão: Maracanã (R$ 1,050 bilhão), no Rio de Janeiro, e Estádio Nacional Mané Garrincha (R$ 1,403 bilhã0), em Brasília. Essas duas arenas, aliás, estão entre as oito que tiveram o custo de sua reforma ampliado de dezembro para hoje.

Mineirão, em Belo Horizonte, Beira-Rio, em Porto Alegre, e Itaquerão, São Paulo, mantiveram o custo de suas obras. Já o custo da reforma do Castelão, em Fortaleza caiu: de R$ 623 milhões para R$ 518 milhões.

De acordo com a nova versão da Matriz de Responsabilidade da Copa do Mundo, só 0,06% do custo da reforma dos estádios será custeado puramente com recursos privados. Cerca de 99,4% será pago diretamente por governos ou com ajuda de financiamento de bancos públicos, como o BNDES.

VEJA COMO ESTÃO AS OBRAS DOS ESTÁDIOS DA COPA

Estádio Cidade-sede Custo em dez/2012 Custo hoje Andamento
Mineirão Belo Horizonte R$ 695 milhões R$ 695 milhões Pronto
Estádio Nacional Mané Garrincha Brasília R$ 1,015 bilhão R$ 1,403 bilhões Pronto
Arena Pantanal Cuiabá R$ 518,9 milhões R$ 570,1 milhões 87% concluído
Arena da Baixada Curitiba R$ 234 milhões R$ 326,7 milhões 83% concluído
Castelão Fortaleza R$ 623 milhões R$ 518,6 milhões Pronto
Arena da Amazônia Manaus R$ 515 milhões R$ 669,5 milhões 88% concluído
Arena das Dunas Natal R$ 350 milhões R$ 400 milhões 91% concluído
Beira-Rio Porto Alegre R$ 330 milhões R$ 330 milhões 87% concluído
Arena Pernambuco Recife R$ 529,5 milhões R$ 532,6 milhões Pronto
Maracanã Rio de Janeiro R$ 808,4 milões R$ 1,050 bilhão Pronto
Fonte Nova Salvador R$ 591,7 milhões R$ 689,40 milhões Pronto
Itaquerão São Paulo R$ 820 milhões R$ 820 milhões 93% concluído
Total   R$ 7,031 bilhões R$ 8,005 bilhões  
  • Fonte: Ministério do Esporte // Andamento dos estádios referente a outubro/2013
*Atualizada às 12h55

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