Espanha vence, mas zagueiro da Guiné Equatorial recebe R$ 156 mil por gol
Do UOL, em São Paulo
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VALENTINA LIZARD/AFP
Jogadores da Guiné Equatorial comemoram gol marcado por Jimmy Bermudez (à frente)
A Espanha se esforçou pouco para vencer o amistoso contra a Guiné Equatorial por 2 a 1, em amistoso disputado no país africano neste sábado, 16. Nenhum espanhol comemorou tanto após o jogo, no entanto, quanto o zagueiro Jimmy Bermúdez, da Guiné.
Nascido na Colômbia, Bermúdez ganhou 50 mil euros (cerca de R$ 156 mil) por ter marcado um gol contra a seleção espanhola. O prêmio foi oferecido pelo vice-presidente do país, Teodoro Nguema Obiang, filho do presidente Teodoro Obiang Nguema.
O vice-presidente havia prometido 5 milhões de euros (R$ 15,6 milhões) caso a equipe da Guiné vencesse a partida. Mesmo com pouca vontade mostrada pela Espanha, o jogo deixou claro que o objetivo traçado pelos ditadores da Guiné Equatorial raramente seria alcançado.
Os espanhóis entraram em campo com um time misto e saíram na frente com um gol de Cazorla, que foi reserva durante a Copa das Confederações. O meia aproveitou uma confusão na área após chute que o goleiro Danilo espalmou e abriu o placar. Embora defenda o gol da Guiné, Danilo é brasileiro. Nascido em Caruaru (PE), o goleiro é naturalizado pelo país africano desde 2006.
O time da Guiné marcava forte e quase empatou aos 28 minutos. Seis minutos depois, Jimmy Bermudez apareceu sozinho na pequena área para cabecear com força e no chão, após escanteio. O estádio fez festa, como se o jogo houvesse acabado.
A alegria dos africanos durou pouco tempo, porém. Aos 43, o lateral Juanfran aproveitou mais um bate e rebate na área da Guiné e chutou forte de perna esquerda para marcar o segundo gol da Espanha.
O amistoso gerou polêmica na Espanha, mas não por causa do seu resultado. A APDHE (Associação Espanhola para os Direitos do Homem) exigiu o cancelamento do jogo, afirmando que o governo da Guiné não respeita os direitos humanos, realizando tortura e detenções arbitrárias de pessoas que não o apoiam.
Com uma população de pouco mais de 600 mil habitantes, a Guiné Equatorial tira sua riqueza da extração do petróleo. Apesar disso, boa parte da população vive em condições de pobreza. O presidente Nguema, com 71 anos, é o dirigente político africano há mais tempo no poder. Ele assumiu o cargo em 1979, após um golpe de estado.