Anônimas, WAGs voltam a participar de rotina da seleção inglesa

Fernando Duarte

Do UOL, em Londres (Inglaterra)

No início de setembro, o treinador da seleção inglesa, Roy Hodgson, enfrentou uma onda de críticas da mídia do país que em nada tinha a ver com os apuros passados pela equipe nas busca pela classificação para a Copa do Mundo. Hodgson precisou justificar a decisão de permitir que mulheres e namoradas dos jogadores (as WAGs, como são conhecidas em inglês, na abreviatura de 'wives and girlfriends') se hospedassem no hotel do "English Team" nos arredores de Londres antes de uma partida com Moldova, pelas eliminatórias.

Uma prática que deverá ser repetida esta semana, antes do amistoso de sábado com o Chile, até porque a Inglaterra já é um dos times garantidos para a competição no Brasil. Mas a volta das WAGs ao radar dos jornalistas ingleses nem de longe causou a mesma comoção dos tempos em que David Beckham ainda estava na seleção inglesa e que o lateral-esquerdo Ashley Cole não tinha sido exposto por um caso com uma cabeleireira.

Pois foi a presença das ilustres esposas célebres de ambos, as cantoras Victoria Beckham e Cheryl Cole, que atraiu a atenção para o grupo de companheiras. Isso é um festival de "peruagem" em Baden-Baden, a cidade que serviu de base para a seleção inglesa no Mundial de 2006: em apenas um dia de passeios, as WAGs gastaram o equivalente a R$ 300 mil em roupas, joias e afins, além de promover baladas regadas a coquetéis e danças sobre mesa de bares, para a alegria dos paparazzi.

Numa Inglaterra em que o estilo de vida nababesco jogadores de futebol já causavam debates acalorados, as "comprinhas" das WAGs foram gasolina na fogueira.

"Imediatamente essas mulheres viraram cool e criaram um frenesi irritante, quando na verdade eram um bando de riquinhas se esbaldando. Felizmente, as coisas agora são bem mais calmas", reclama Gemma Richards, produtora do canal Sky Sports, e que cobre os jogos da seleção inglesa.

Baden-Baden marcou o auge do fenômeno WAG, mas é injusto creditar a popularidade apenas a Victoria e Cheryl. No início da década de 2000, o glamour de mulheres e namoradas de boleiros tinha até se transformado no seriado ''Footballer's Wives", que entre 2002 e 2006 chegou a atrair sete milhões de telespectadores por programa, uma audiência respeitável para a TV britânica.

WAGs roubaram espaço de atrizes nas capas de revista de moda, mesmo quando sua fama vinha simplesmente do brilho do marido – um exemplo é Coleen Rooney, esposa do atacante do Manchester United Wayne Rooney, que até uma coleção de roupas lançou.

Porém, o fuzuê causado pelo desfile de parceiras em Baden-Baden assustou a Federação Inglesa o suficiente para que o sistema fosse bem diferente na África do Sul em 2010, ainda que o italiano Fabio Capello, então treinador da seleção, tenha decidido ir além e basicamente isolar os jogadores do mundo. Dois anos depois, na Eurocopa, com Hodgson no comando, as regras foram relaxadas, mas as WAGs já adotavam um perfil mais discreto e não contavam com celebridades em suas fileiras.

Talvez por isso o treinador tenha se sentido confiante para ser mais ''ousado'' nas eliminatórias. Os sinais vindos da Federação Inglesa desde setembro são de que o esquema no Brasil será bem diferente. Não por acaso, os ingleses já mudaram seu hotel no Rio de Janeiro para o Mundial , trocando Copacabana por São Conrado.

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