Josimar vira nome de revista na Noruega e vê idolatria 27 anos após golaços

Bruno Freitas

Do UOL, em São Paulo

  • Reprodução e Flávio Florido/UOL

    Josimar dá nome a revista norueguesa e vê sobreviver o culto ao lateral dos golaços de 1986

    Josimar dá nome a revista norueguesa e vê sobreviver o culto ao lateral dos golaços de 1986

Josimar embarcou para a Copa de 1986 como uma espécie de "quebra-galho", convocado às pressas após o corte do titular Leandro. Mas na volta do México, semanas depois, o então lateral direito do Botafogo desceu do avião com um novo status de ídolo cult graças aos seus dois golaços no Mundial. E ainda hoje, quase três décadas após brilhar em Guadalajara, o antigo jogador desfruta da veneração, que sobrevive em redutos inusitados, como a Noruega.

Josimar dá nome a uma das mais populares revistas de futebol norueguesas. Além disso, o jogador aposentado negocia para atuar como comentarista de uma TV local durante a Copa de 2014 no Brasil.

"Eu fui homenageado na Noruega, pelo Marius Lien, pelos gols que eu fiz na Copa do Mundo. Ele achou por bem fazer uma revista que tem o meu nome. E essa revista faz entrevistas com vários jogadores. E esta semana ele esteve no Brasil, batemos um papo. E tem uma especulação de eu comentar a Copa por uma TV norueguesa. Até agora não tem nada definido, tivemos duas reuniões. Graças a Deus tem uma revista na Noruega com o meu nome. No palavreado do boleiro, está bombando lá. Isso também é muito bacana, você ser reconhecido fora de seu país. Eu agradeço ao povo da Noruega", afirma o antigo lateral, hoje com 52 anos.

Em contato com a reportagem, um dos criadores da revista explica a inspiração para o nome da publicação, com uma leve cutucada na conduta do brasileiro do momento, Neymar.

"Somos torcedores do futebol brasileiro. Em 1986, éramos crianças e gostamos muito da grande seleção do Brasil na Copa. Especialmente, amamos o estilo de ataque de Josimar e os gols contra a Irlanda do Norte e a Polônia. Foi muito triste que o Brasil não ganhou a Copa. Mas além dos gols de Maradona contra a Inglaterra, o que nos lembramos melhor do campeonato é Josimar, e suas celebrações alegres. Cada vez que vemos o rosto mal-humorado do Neymar quando marca um gol, temos que fechar os olhos e pensar sobre as celebrações do Josimar em 86", diz Marius Lien, fundador da revista em 2009, ao lado de Frode da Costa Lia – o jornalista ainda trabalha no livro "Futebol Brasileiro 1894-2014 - 120 anos de dribles".

Recentemente a emissora inglesa BBC colocou Josimar na lista dos dez gols mais bonitos da história das Copas (em 8º lugar), em meio a uma escalação de craques com Pelé, Cruyff, Maradona e Baggio, entre outros.

O gol em questão é o que o lateral acerta o canto alto do goleiro Pat Jennings, da Irlanda do Norte, com um chute violento, cruzado, de fora da área, ainda pela fase de grupos. Nas oitavas de final, Josimar se soltou e fez crescer a lista de artilheiro, driblando três adversários da Polônia antes de bater quase sem ângulo.  

No total, foram 16 partidas de Josimar pela seleção, com dois gols marcados, justamente aqueles dois da Copa do México, quando, segundo a história, só Maradona fez mais bonito. Abaixo, o ex-lateral se esforça para descrever a sensação que contempla uma minoria de jogadores de futebol profissional, o sentimento de balançar as redes em um Mundial:

"No momento, parece que te dá um branco. Dá um branco, eu não acreditei que aquela bola fosse entrar. Eu treinei muito de fora da área. Preciso até agradecer ao (goleiro) Paulo Vitor, que ficava no gol. A gente ficava chutando repetidamente. Então, no dia do jogo, quando eu bati aquela bola, eu sabia que aquela bola ia no gol. Eu tinha treinado exaustivamente. No momento me deu um branco, depois eu fui sentir a importância do gol. Foi um momento muito especial", recorda.

Atualmente Josimar reside em Boa Vista, em Roraima, e cuida de uma empresa que oferece sua imagem esportiva para eventos diversos. Paralelamente, o ex-jogador de Botafogo, Flamengo, Internacional e Sevilla dedica seu tempo à igreja Tenda dos Milagres. O melhor lateral direito da Copa de 1986 credita ao engajamento religioso a recuperação de um desvio de conduta que impactou o trecho final de sua carreira.

"Meu problema maior foi com mulher, eu era muito mulherengo. Eu acabei até me divorciando da minha mulher naquele momento. A fama te traz muitas coisas, coisas boas e ruins, que são pessoas falsas. Tive uma caída, mas graças a Deus é uma coisa que passou na minha vida. Estou hoje aqui firme na rocha", relata Josimar.

"As pessoas tocam nesse problema de droga e eu fico revoltado com isso. Nunca me pegaram com droga nenhuma, fiz vários exames, nunca constatou nada. Me ligaram muito a isso, me chateou bastante. Também falar que nunca me meti nisso vou estar mentindo. Porque tem situações, você vai numa boate, numa festa, eu já experimentei. Eu não sou hipócrita de falar, eu já experimentei e foi uma coisa ruim na minha vida. Mas eu não usava drogas, para as pessoas entenderem bem o que estava acontecendo, eu nunca fui um usuário. Usei num momento de curtição", explica. 

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