Manifestantes vão à porta de residência de Marin e picham rua

Patrick Mesquita

Do UOL, em São Paulo *

Um grupo de 30 pessoas realizou protesto neste sábado pedindo a saída de José Maria Marin da presidência da CBF. Os manifestantes primeiramente bloquearam duas faixas da avenida Paulista por  cerca de 10 minutos. Em seguida, eles foram até a residência do dirigente, que fica na região do Jardins, próxima à Paulista. O trecho da rua Padre João Manuel em frente à moradia de Marin foi pichado.

O protesto teve início às 15h30, com concentração no vão do Masp (Museu de Arte de São Paulo). Faixas contra o presidente da entidade foram levadas ao protesto. "Fora Marin. Fora Fifa. Por uma Copa do povo", era uma das bandeiras. Duas vias da Paulista foram bloqueadas pelos protestantes por volta das 16h30.

De forma pacífica, as pessoas, que vestiam camisas de vários clubes do futebol brasileiro e carregavam tambores e trompetes, chegaram à residência de Marin e entoaram gritos contra o dirigente por cerca de 20 minutos. "Somos da frente e o Zé Medalha nós vamos derrubar", era um dos cantos. 

Como não encontraram Marin, que está no Rio de Janeiro para acompanhar a final da Copa das Confederações, o grupo decidiu "alertar" a vizinhança sobre o motivo do protesto e pichou parte da rua com frases como "Marin filho da ditadura" e "Marin ladrão". Quando o ato em frente ao luxuoso condomínio terminou, os manifestantes prometeram retornar com um número maior de pessoas. 

O ato foi planejado pela Frente Nacional dos Torcedores (FNT). Líder do movimento, João Hermínio Marques, reivindica a mudança no sistema de comando da CBF e cobra a regulamentação esportiva. Marin construiu império corrupto na entidade, critica Marques.

"Nosso objetivo é derrubar o Zé Medalha [em referência ao episódio em que o mandatário supostamente pega uma medalha e coloca no bolso na final da Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2012], que criticamos desde quando ele assumiu a CBF. Não estamos satisfeitos com nenhum presidente da CBF. Enquanto não mudar o sistema, vamos continuar e pedir a regulamentação desportiva, que é nossa principal bandeira (PEC202/2012)", disse o líder, que também atacou a suposta ligação do dirigente com uma ala radical da ditadura militar.

Na sexta-feira, Marin participou de evento no Rio de Janeiro, onde foi ouvido por representantes da Fifa.

Outro alvo foi o presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo Del Nero. "Êê, o futebol paulista não precisa de você, fora Del Nero!", berravam os membros da FNT.

Entre concorrência, cachaça, curiosos e até Roberto Justus

  • Algumas cenas um tanto quanto inusitadas marcaram o protesto da Frente Nacional dos Torcedores contra Marin. Uma das mais marcantes foi o número de "concorrentes" no vão do Masp na tarde deste sábado. Uma aula aberta e uma manifestação contra a corrupção no Brasil dividiram espaço com o grupo que pretende derrubar o presidente da CBF. Enquanto a FNT entoavam gritos contra Marin e Del Nero, os outros manifestantes se enrolavam na bandeira do Brasil e até mesmo se incomodavam com o barulho dos torcedores, que transformaram o local em uma espécie de arquibancada, com tambores e trompetes.

    Outra cena marcante foi o encontro com Roberto Justus. Logo quando deixou o vão do Masp em direção à residência do dirigente, o grupo se deparou com a presença do empresário, que passava pela região. Rapidamente, as pessoas começaram a brincar e pediram para que Justus demitisse o presidente da CBF, em alusão ao programa "O Aprendiz". "Cativado" com a brincadeira, o publicitário se limitou a soltar um frio sorriso.

    Enquanto caminhava, o grupo chamou atenção de diversas pessoas, que olhavam curiosas para o barulho feito pelas quase 30 pessoas. Um senhor se juntou ao protesto e ofereceu uma garrafa de cachaça a parte dos manifestantes, que não fizeram desfeita e deram alguns goles. Outras pessoas até "compraram" a causa e acompanharam a marcha durante um período, mas deixaram a caminhada quando notaram que o objetivo não era permanecer na avenida Paulista, mas sim descer até a casa de Marin, que fica na região.

    No fim do ato, o líder do grupo, João Hermínio Marques, agradeceu a presença de todos e prometeu retornar em breve ao local com um maior número de pessoas. Satisfeitos com o desempenho neste sábado, os manifestantes se cumprimentaram e a ala gaúcha do protesto, com camisas de Grêmio e Internacional, até sugeriu que o encontro acontecesse mais cedo para que pudessem organizar um churrasco.

*Texto atualizado às 18h19

Veja também



Shopping UOL

UOL Cursos Online

Todos os cursos