Conflito fora do Mineirão com Força Nacional tem bombas, depredações e feridos dos dois lados

Vinicius Segalla*

Do UOL, em Belo Horizonte

Uma nova onda de protestos chegou ao Mineirão neste sábado à tarde com a presença de mais de 125 mil pessoas, segundo dados não-oficiais da Polícia Militar de Minas Gerais. A passeata caminhava em clima de paz até os arredores do estádio, quando entrou em conflito com a Força Nacional de Segurança e a PM, que seguraram o grupo com bombas de gás lacrimogênio, balas de borracha e spray de pimenta.

 

O lugar do combate na avenida Antônio Carlos. O clima de guerra teve prédios depredados, concessionárias invadidas - inclusive a da Hyundai, patrocinadora oficial da Fifa -, policiais e manifestantes feridos. Um deles caiu do viaduto e teve fratura exposta. A Força Nacional e PM chegaram a disparar 20 bombas contra as pessoas que protestavam e até os próprios policiais se feriram. 

 

De acordo com o coronel Carvalho, comandante da PM, havia um acordo com as lideranças para que a marcha passasse pela av. Antônio Carlos e seguisse para a lagoa da Pampulha. Porém, algumas pessoas tentaram romper o cordão de isolamento jogando pedras e outros objetos, segundo a polícia, o que deu início ao confronto.  Ao todo, 22 foram detidos.

 

"Desta vez, se foi uma minoria que começou, ela conseguiu comover boa parte dos manifestantes. O conflito foi generalizado", destacou o comandante, antes de citar que vários litros de gasolina usados para fabricação de coquetel molotov foram apreendidos.  

 

A marcha deixou a Praça Sete, no centro de BH, por volta das 13h30 e seguiu cerca de 15 quilômetros em direção ao Mineirão. Ela continuou na avenida Antônio Carlos, passando pelo viaduto José Alencar, até chegar ao cordão de isolamento, localizado a dois quilômetros do estádio. 

 

Os manifestantes se concentraram em grande número na frente do bloqueio da Força Nacional, quando o conflito começou. A situação ficou ainda pior quando parte do público presente no protesto se dirigiu para a avenida Abrahao Caram, e a polícia disparou mais de 20 bombas para segurar a onda. Um membro da cavalaria se feriu com uma das bombas e foi levado para o hospital. 

 

Entre os prédios depredados no meio da confusão estava um edifício da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Alguns protestantes até invadiram uma área da universidade e roubaram mudas de árvores de um projeto de reflorestamento para montar barricadas. 

 

Além disso, lojas da Hyundai e da Kia Motors tiveram seus vidros e móveis totalmente destruídos.  "Depredaram tudo. Tentei contê-los até o momento em que a própria polícia recuou. Sou pago para manter o patrimônio da empresa, mas não deu", comentou o chefe de segurança da loja da Hyundiai na avenida Antônio Carlos, Fabricio Cristiano.

 

Ao menos duas pessoas caíram do viaduto José Alencar. Uma delas caiu no chão com o peito no joelho e teve também fratura exposta em um dos punhos. 

 

O clima era mais de festa do que de protesto antes do confronto. Apesar dos cartazes com criticas à corrupção e à Copa, os manifestantes caminhavam como se fosse dia de jogo do Brasil. Muitos carregaram a bandeira do país em mastros ou enrolada em corpo, colorindo de amarelo toda a extensão da massa por BH.

 

Além das bandeiras do Brasil, a marcha contou com bandeiras de arco-íris, símbolo no movimento GLBT. Não havia símbolos partidários no decorrer do trajeto. Algumas pessoas chegaram a levantar bandeiras da CUT (Central Única dos Trabalhadores) timidamente, mas foram obrigados a baixá-las a todo momento a pedidos dos manifestantes.

 

Quando a primeira parte da passeata estava na avenida Antônio Carlos, o Terceiro Batalhão do Corpo de Bombeiros Militar ainda abriu uma mangueira de água para oferecer aos manifestantes.

 

Ao todo, mais de 40 mil ingressos foram vendidos para a partida. O México levou a melhor sobre o Japão por 2 a 1, mas ambos times já estavam eliminados do torneio e disputavam apenas a terceira colocação do Grupo A.

*Atualizada às 20h04

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