Ofuscado na Alemanha, Luiz Gustavo se redescobre com Felipão

Fernando Duarte

Do UOL, em Fortaleza

  • Flávio Florido/UOL

    Luiz Gustavo perdeu posição no Bayern, mas está em alta na seleção

    Luiz Gustavo perdeu posição no Bayern, mas está em alta na seleção

No início da recente temporada do futebol, Luiz Gustavo viu que diferença algumas semanas podem fazer no futebol. Depois de ouvir torcedores e mesmo dirigentes do Bayern de Munique lamentando o impacto de sua ausência na derrota da equipe alemã para o Chelsea na final da Liga dos Campeões da Europa, ele viu seu status de titular "roubado" pela chegada do espanhol Javi Martinez, um combativo meia que levou o Bayern a quebrar o recorde de transferências do futebol alemão para tirar do Atlético de Bilbao.

Mas foi nessa temporada mais periférica que ele enfim encontrou uma brecha na seleção brasileira. Convocado pela primeira vez por Mano em 2011, justamente para um amistoso com a Alemanha, em Stuttgart, foi na gestão de Luiz Felipe Scolari que Luiz Gustavo deu o bote: titular desde o jogo contra a Inglaterra no Maracanã, ele se transformou no jogador invisível da equipe. Corre para que os outros apareçam.

"O treinador deixou claro que precisava me concentrar na parte defensiva para dar mais liberdade ao Paulinho. Estou aqui para ajudar e me senti à vontade nos jogos. Posso não ser muito conhecido do torcedor brasileiro, mas jogo num clube grande e que disputa competições importantes e isso me deu experiência para não estranhar muito a seleção", explica o paulista.

Poucos exemplos podem ser melhor do que a estreia na Copa das Confederações. Instruído por Scolari para redobrar o esforço defensivo em prol de uma maior liberdade para o companheiro de posição Paulinho, o volante do Bayern por vezes jogou quase como um líbero à frente dos zagueiros Thiago Silva e David Luiz. E se sua presença foi notada muito mais na perseguição aos adversários, Luiz Gustavo teve um desempenho bem mais interessante que à primeira vista.

Ao lado de Lucas e Jô, que entraram no segundo tempo, Luiz Gustavo não errou sequer um dos 55 passes que deu na partida, sendo que apenas os zagueiros passaram mais a bola na vitória de 3 a 0 sobre o Japão. Teve nove desarmes e cometeu apenas uma falta. Sua vaga ainda não está sacramentada, ou Felipão não teria abertamente testado David Luiz como volante em alguns treinos. Mas o treinador elogiou o jogador do Bayern após a partida em Brasília. Mais do que habitualmente reservado a qualquer outro companheiro de equipe que não seja Neymar.

"O Luiz Gustavo recebeu a oportunidade contra a Inglaterra e cresceu contra a França. No jogo do Japão foi um dos melhores no contexto da partida. Ele vem aproveitando tudo o que a gente está falando, sobretudo na tarde tática", disse Scolari.

Uma história que tem ecos da chegada de um certo Gilberto Silva à equipe que Felipão montava para o Mundial de 2002. Juntou-se ao grupo em cima da hora e acabou sendo o carregador de piano de uma equipe campeã. Tímido, Luiz Gustavo muitas vezes recorre a respostas mais ensaiadas para analisar suas chances de manter sua titularidade quando a seleção voltar ao Brasil em 2014.

"Se para ajudar o time eu tiver que ficar roubando bola o tempo inteiro e correndo pelos outros, farei com o maior prazer. Na hora de ganhar, ganha todo mundo".

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