Isolados em 98, campeões mundiais da França defendem blindagem para o Brasil

Fernando Duarte e Mauricio Stycer

Do UOL, em Porto Alegre

  • Juca Varella/Folha Imagem

    Deschamps ergue a taça da Copa do Mundo: blindagem premiada em 98

    Deschamps ergue a taça da Copa do Mundo: blindagem premiada em 98

Depois de ficar fora dos Mundiais de 1990 e 94, a seleção francesa passou por um ciclo de preparação para a Copa do Mundo de 1998 sob uma pressão ainda maior que a naturalmente atrelada ao país-sede. Sendo assim, Didier Deschamps e Bixente Lizarazu, dois integrantes do time titular que terminou aquela campanha erguendo o troféu no Stade de France após derrotar o Brasil por 3 a 0 na final, têm autoridade para falar sobre o calor dos holofotes. E ambos vêem na blindagem da seleção brasileira uma medida crucial para aumentar as chances de sucesso do time.

Respondendo a uma pergunta do UOL Esporte sobre o que a experiência de jogar um Mundial em casa lhe ensinou, Deschamps pregou um afastamento. "É importante que os jogadores sejam protegidos da efervescência e da loucura que é uma Copa do Mundo. A vantagem de jogar em casa é muito relativa porque a pressão aumenta na mesma proporção que as expectativas da torcida. O caso do Brasil é mais complicado pela história do país no futebol e pelo fato de não ter vencido o Mundial quando o sediou", afirma Deschamps, capitão da seleção de 98 e quem primeiro recebeu o troféu de campeão em Paris há 15 anos.
 
Zidane, ex-jogador francês
Zidane, ex-jogador francês
 
Lateral-esquerdo daquele time e hoje trabalhando como comentarista da rádio RTL, Lizarazu também está em Porto Alegre para o amistoso de domingo com a seleção brasileira. E lembrou o regime de isolamento a que foram submetidos pelo austero treinador Aime Jacquet. Disposto a manter a concentração do grupo, o Jacquet proibiu o time de ler jornais após as partidas.
 
 "Ficamos isolados em nosso centro de treinamento, a uma hora de Paris e longe de toda a loucura que tinha tomado conta da França. Tudo isso apesar de sermos um grupo de jogadores com experiência. Fico pensando em como essa atmosfera poderá afetar um grupo jovem como o Brasil. A torcida às vezes pode atrapalhar, é muito assédio", afirma o ex-lateral.
 
Assim como a Luiz Felipe Scolari, Jacquet por várias vezes se viu na berlinda, em especial depois de a França terminar sua competição-teste para o Mundial, o Tournoi de France, sem vencer um único de três jogos (empatou com Brasil e Itália e perdeu da Inglaterra). "Não existe solução mágica, mas eu certamente consideraria isolar o time um pouco desse clima de ansiedade. Mas Scolari é um treinador experiente, deve estar arquitetando uma maneira de proteger o grupo", disse Deschamps.
 
Lizarazu lembra ainda a necessidade de ver o lado positivo da situação brasileira. "Em 1998, nós estávamos muito mais eufóricos que qualquer outra coisa por jogar um Mundial em casa. Os jogadores brasileiros também devem curtir essa experiência. Para isso, porém, vão precisar que de tranquilidade", ressaltou o hoje comentarista. 

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