Recuperação de Fred é novo desafio para médico da seleção

Paulo Passos e Ricardo Perrone

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Flávio Florido/UOL

    Médico José Luis Runco está há mais de dez anos na seleção brasileira

    Médico José Luis Runco está há mais de dez anos na seleção brasileira

A contusão de Fred deixou de novo os holofotes voltados para o médico José Luiz Runco, sobrevivente de uma série de polêmicas na última década na seleção brasileira. A imagem dele ao lado de Fred para anunciar fratura numa das costelas do atacante lembrou cenas que antecederam celeumas envolvendo jogadores do time nacional.

A Copa do Mundo de 2010 serviu de cenário para as últimas delas. Elano treinou durante dez dias se queixando de dores. Só depois desse período, fez um exame que diagnosticou um edema ósseo que o tirou dos treinamentos. Após o episódio e da eliminação do Brasil contra a Holanda, Runco foi demitido junto com Dunga, mas ganhou o emprego de volta quando Mano Menezes assumiu.

Kaká foi o outro protagonista de um debate. O médico belga Marc Martens, que operou o meia em agosto de 2010, logo após a Copa, criticou o tratamento recebido pelo jogador durante o Mundial - Kaká sofria com pubalgia e dores no joelho. Segundo Martens, o astro correu risco de nunca mais voltar a jogar futebol. Runco contestou as críticas, que chamou de exageradas, mas admitiu que o jogador não jogou em condições ideais o torneio. 

No caso de Fred, o médico não deixou claro se o atacante está liberado para jogar. Ele participou quase do treino inteiro desta sexta-feira.
 
"O Fred tinha levado uma pancada e sofreu uma fratura incompleta. Está fazendo tratamento e não há motivo para corte. Essa situação não o impede de jogar. Mas corre o risco de levar pancadas. O bom senso é que vai dizer o que vamos fazer em relação ao Fred", afirmou Runco em entrevista coletiva.
 
Antes das polêmicas de 2010, o médico já tinha enfrentado outras situações em que um caso anunciado como não sendo grave se complicou posteriormente. Em 2006, Ronaldo andava de chinelos no frio da Suíça, local de treinamento para a Copa da Alemanha, e o médico negava existir problema com o jogador. Depois, veio a público que o atacante estava com bolhas provocadas por suas chuteiras e tinha dificuldades para treinar.
 
Em outro capítulo famoso da preparação para 2006, Runco tentou recuperar Edmilson, que acabou cortado.  Ele tinha um problema no joelho, melhorou segundo o médico, participou de um amistoso e agravou a contusão, ficando sem condições de disputar o Mundial.
 
Em 2002, o médico foi fundamental em pelo menos dois momentos: no corte de Emerson e na aposta em Ronaldo. A decisão em relação ao atacante é citada até hoje pelo atual técnico da seleção Luiz Felipe Scolari. Runco bancou a convocação de Ronaldo, que vinha de uma série de lesões graves. Após dois anos sem jogar na seleção, o "Fênomeno" voltou quatro meses antes da Copa desacreditado e com uma cicratiz no joelho.
 
No caso de Emerson, que machucou o ombro num treino, atuando no gol, havia a dúvida se valia a pena mantê-lo no time para tentar recuperá-lo. O médico sugeriu o corte, já que se a competição começasse e ele continuasse contundido, o Brasil não poderia trocar de jogador. Até hoje a decisão é considerada acertada por quem participou daquele grupo.
 
No caso de Fred, o corte não foi cogitado. E dar a entrevista coletiva para falar da lesão foi uma decisão mais do atleta do que do médico. O objetivo foi acabar com a polêmica sobre o remédio que ele tomou no jogo do Fluminense contra o Olimpia. Naquela ocasião havia o receio de que ele fosse atingido pelos zagueiros paraguaios se revelasse a contusão.
 
O atacante assumiu o risco e não deixou a responsabilidade sobre a decisão de seguir treinando, e provavelmente jogar, nas costas do médico.
 
"Sei que o mais correto, o que é para uma pessoa normal, é o tratamento conservador para evitar algumas coisas. Todas as vezes que fiz o sacrifício, isso valeu a pena.  E vai valer aqui também. Treinar, jogar... Planejo esse tipo de futuro bom e essa preparação para a Copa das Confederações. Pedi para treinar, para jogar, porque vou levar esse tipo de dor normalmente. No dia a dia, a dor vai passando e vamos acertar", afirmou.

POR FRATURA, FRED PODE REPETIR ANALGÉSICO NA SELEÇÃO

  • Para evitar especulações a respeito do estado físico de Fred, a CBF convocou o jogador para uma entrevista coletiva buscando esclarecer o real problema de sua costela. Em rápido pronunciamento, o chefe do departamento médico, José Luiz Runco, revelou que o atacante do Fluminense tem uma fratura incompleta no local. O problema, porém, não causa maiores preocupações. "Vamos falar rapidinho para evitar as famosas conversas de bastidores. O Fred tem uma fratura incompleta na costela, mas está muito bem. Não há qualquer risco de corte. Estamos fazendo o tratamento", esclareceu Runco, adiantando ainda que o jogador poderá fazer o uso de analgésicos para combater a dor, assim como ocorreu na partida da última quarta, entre Fluminense e Olimpia, do Paraguai, pela Libertadores. LEIA MAIS

 

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