Rede hoteleira do DF será capaz de hospedar simultaneamente 6,6% dos turistas esperados na Copa

Aiuri Rebello

Do UOL, em Brasília

  • Rivan Melo

    Setor Hoteleiro de Brasília, mais hospedagens alternativas, proporcionarão entre 30 e 40 mil vagas em 2014

    Setor Hoteleiro de Brasília, mais hospedagens alternativas, proporcionarão entre 30 e 40 mil vagas em 2014

O governo do Distrito Federal está com uma conta que não fecha nas mãos: com uma expectativa oficial de receber 600 mil turistas durante os 30 dias da Copa do Mudo de 2014 e previsão de ter disponível até lá algo entre 35 e 40 mil leitos para hospedagem, não haverá onde colocar tanta gente. A capacidade hoteleira é suficiente para acomodar apenas 6,6% da demanda caso todos os turistas aparecessem de uma vez.

Mesmo considerando que o número de visitantes estimado pode ser superestimado, deve ser diluído ao longo dos 30 dias da competição futebolística e que parte do contingente utiliza outros meios de hospedagem, como a casa de amigos ou parentes, é nítida a discrepância entre a capacidade hoteleira oferecida e a demanda projetada por locais de hospedagem na capital federal. Mesmo se considerarmos apenas o contingente de turistas estrangeiros pelo governo, de 200 mil pessoas, não há vagas suficientes nos hotéis.

De acordo com a Setur-DF (Secretaria de Turismo do Distrito Federal), pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgada em 2012 com dados coletados em 2011 mostra que havia um total de 222 estabelecimentos de hospedagem no DF. Eram 11.980 quartos e 19.216 leitos ao todo.

"Até 2014, serão acrescidos ao parque hoteleiro do DF 3.842 unidades habitacionais, 9.605 leitos e 13 meios de hospedagem, entre hotéis, apart hotéis e flats. Também estão previstas 2260 acomodações alternativas. Todos esses empreendimentos já estão com obras em andamento. Também estão localizados nas áreas próximas ao centro da cidade", afirma a nota da assessoria de imprensa da Setur-DF, ao ser questionada pela reportagem sobre o gargalo de vagas para a Copa de 2014.

Gargalo

Mesmo hoje, sem nenhum grande evento em andamento, é difícil conseguir um quarto de terça-feira à quinta-feira no Plano Piloto em Brasília (região central do Distrito Federal). A reportagem do UOL Esporte telefonou para 12 hotéis nesta quarta-feira em busca de um que tivesse quarto livre, e a resposta foi sempre de mesmo teor: no meio de semana sem reserva prévia, não havia chance de sucesso.

"Ao contrário de outras capitais, o fluxo mais intenso de ocupação em Brasília ocorre no meio a semana", afirma Plínio Rabello, vice-presidente da da ABIH-DF (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Distrito Federal). "É uma característica de turismo de trabalho da cidade. Tudo gira em torno da atividade parlamentar, que se concentra nestes dias", diz ele.

De acordo com a ABIH-DF, a taxa de ocupação no Distrito Federal gira em torno e 60%. Assim, mesmo com alguns gargalos previstos, o setor não vai investir no lançamento de novos empreendimentos só para suprir a demanda da Copa de 2014. "O crescimento projetado para o setor de agora até 2014 independe do Mundial.", diz o vice-presidente da entidade. "Depois que o evento acaba, como é que fica? A taxa de ocupação, quando consideramos a semana toda, cairia para a casa dos 50%, ninguém seria louco de fazer isso", diz Rabello.

Alternativa

Para minimizar o problema, como admite a Secretaria de Turismo do Distrito Federal, o governo lançou neste ano, já para a Copa das Confederações, o programa "Cama e Café", que permite aos moradores do DF alugarem quartos de suas casas para turistas. Até o início da semana, 128 pessoas já haviam cadastrado suas casas e apartamentos. A expectativa é contar em 2014 com até 7.000 leitos neste tipo de hospedagem. A regulamentação para locais de acampamento dentro do Plano Piloto também está para sair.

REGRAS PARA HOSPEDAR TURISTAS EM CASA NO DF

ÁREA COMUM DEVE TER: Construção, instalações e mobiliário em boas condições de uso e geladeira acessível aos hóspedes. Decoração, ambientação e climatização adequada. Local para guarda de bagagens. Equipamento telefônico para uso do hóspede, Sala de estar com televisão, ornais diários e revistas disponíveis.
QUARTO DEVE TER: Área mínima de 8,00 m, tranca interna, cesto de lixo, copos, cortina ou persiana e climatização. Frigobar e TV com controle remoto. Armário, closet ou local específico para a guarda de roupas. Camas com colchão solteiro com mínimo de 0,80 x 1,90 e/ou colchão casal com mínimo de 1,40 x 1,90 e mesa com cadeira. Roupa de cama e cobertor, local para abrir mala, mesa de cabeceira, equipamento de passar roupa e lâmpada de leitura.
BANHEIRO DEVE TER: Área mínima de 1,30 m2, sabonete, toalha de rosto e de banho para o hóspede. Água quente, cesto de lixo e suporte para produtos no box, pia com espelho, ducha manual ou bidê e tapete de tolaha ou de chão. O banheiro pode ser utilizado por no máximo seis pessoas, incluindo o dono da casa.
OUTRAS OBRIGAÇÕES: Oferecer café da manhã básico, que contenha no mínimo: café, leite, achocolatado em pó, chá, 01 fruta, manteiga/margarina, pão, geleia, açúcar e adoçante. Trocar roupas de cama e de banho a cada 03 dias e realizar limpeza diária nos quartos. Estar disponível no telefone 24 horas por dia e estabelecer regras de funcionamento da casa e disponibilizá-las por escrito em todos os quartos. Exemplo: Horário do café da manhã, do serviço de limpeza, frequência de troca de lençol e toalhas e etc.
       

As exigências para se cadastrar e poder alugar quartos em casa para turistas são grandes (veja tabela). Dentre as regras estabelecidas pelo governo para organizar o aluguel de quartos em residências, está a obrigatoriedade do dono viver no local e a locação de no máximo três quartos, com até três camas cada. Como nos albergues, estranhos podem ficar alojados no mesmo quarto. O valor a ser cobrado ainda não foi definido.

Os quartos e banheiros devem ser limpos diariamente, oferecer café da manhã com 11 itens e estar disponível no telefone ou pessoalmente 24 horas por dia são obrigações do anfitrião.

Este meio de hospedagem, mais barato que um hotel convencional, é comum na Europa mas pouco conhecido no Brasil, e se aproxima do estilo dos albergues. Mais informal, permite que o turista entre em contato mais intenso com a cultura e modo de viver de quem o recebe em sua casa.

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