DPU vai à Justiça para tombar estádios de atletismo e natação e evitar demolições

Luiz Gabriel Ribeiro

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Júlio César Guimarães/UOL

    Já muito modificado, Estádio de Atletismo Célio de Barros virou depósito para reforma do Maracanã

    Já muito modificado, Estádio de Atletismo Célio de Barros virou depósito para reforma do Maracanã

A Defensoria Pública da União do Rio de Janeiro (DPU-RJ) anunciou nesta quinta-feira mais uma tentativa de "salvar" o Parque Aquático Julio Delamare e o Estádio de Atletismo Célio de Barros da demolição. Aliados ao órgão, Coaracy Nunes, presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), e Carlos Lancetta, presidente da Federação de Atletismo do Estado do Rio de Janeiro (FARJ), definiram estratégia para manter os equipamentos de pé. O defensor André Ordacgy reúne documentos para pedir o tombamento das instalações baseado em registros históricos de competições.

A ação civil pública será impetrada na Justiça Federal do Rio de Janeiro, no máximo, até a próxima quarta-feira. Neste período, o DPU-RJ se reunirá com os presidentes da CBDA e da FARJ para buscar e analisar documentos que comprovam a relevância histórica dos estádios de esportes aquáticos e atletismo.

O Julio Delamare foi oficialmente fechado no dia 1º de abril. Um dos melhores centros de natação do país, o espaço foi desativado pelo governo do Rio de Janeiro para que o Maracanã possa receber jogos da Copa das Confederações, assim como ocorreu há cerca de quatro meses com o Célio de Barros.

Até o momento, todas as tentativas de se evitar a demolição dos equipamentos foram barradas. O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) já havia descartado agir a favor do DPU-RJ. As ações do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) também não surtiram efeito.

"Buscamos meios para esses aparelhos serem mantidos, pela importância histórica e relevância nacional. O viés que temos é preservar a memória do esporte", comentou o defensor público federal André Ordacgy, que é otimista quanto às chances de uma liminar favorável ao tombamento provisório das instalações. Em seguida, uma nova luta se iniciará na tentativa de que a decisão seja definitiva.

Carlos Lancetta, presidente da (FARJ), vê a ação civil pública como a última chance de se evitar a demolição dos estádios. "Estamos municiando com dados históricos. Tenho que ser otimista, mas a cada dia é uma arbitrariedade, as decisões são tomadas sem aviso prévio. As autoridades não nos avisam sobre as ações. Queria uma oportunidade de externar meu sentimento", reforçou o dirigente.

Por causa da reforma do Maracanã – que está sob o comando de consórcio integrado pela construtora Odebrecht , a IMX, do empresário Eike Batista, e a americana AEG– a entrada de atletas nos dois locais está proibida. Quem lá treinava, está agora obrigado a buscar uma alternativa ou então permanecerá "desalojado". Coaracy Nunes acredita em uma reviravolta: "estamos tomando as ações necessárias para manutenção dos estádios. O nosso compromisso é com a juventude. Vai ser a vitória do esporte sobre o capital", bradou o presidente da CBDA.

Críticas ao COB

O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) foi lembrado durante audiência pública realizada nesta quinta-feira. Os presidentes das federações de desportos aquáticos e de atletismo criticaram a atuação da entidade em duelo para evitar a demolição do Julio Delamare e do Célio de Barros. "Não fui consultado para nada. O COB tinha obrigação de nos dar apoio e nos ignorou", atacou Coaracy Nunes.

Emocionado, Carlos Lancetta também lembrou a postura do COB. "Há uma omissão do COB, que deveria nos representar. Minha atuação no esporte vai acabar logo. Eles vão me exterminar por que bato de frente. Mas estou preocupado com meus valores", completou o presidente da FARJ.

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