Espanhol que perdeu a família por fanatismo espera ajuda para vir ao Brasil

Bruno Freitas

Do UOL, em São Paulo

  • Denis Doyle/Getty Images e Arquivo pessoal Manolo del Bombo

    Espanhol Manolo do Bumbo é figurinha carimbada em Copas do Mundo desde 1982

    Espanhol Manolo do Bumbo é figurinha carimbada em Copas do Mundo desde 1982

A seleção espanhola sempre atrai uma legião de moças bonitas por onde jogue mundo afora, mas a cara internacional da torcida da Fúria é a de Manolo do Bumbo. Aos 64 anos, o veterano de Valência acumula oito Copas no currículo, sempre acompanhado do barulho de seu instrumento. Agora, o fanático que um dia perdeu a família pelo amor à equipe nacional espera ajuda para vir ao Brasil torcer na Copa das Confederações.  

Manolo acompanha a Fúria há 40 anos e torrou uma pequena fortuna para sustentar o sonho. Mas, depois de conquistar o status de torcedor-símbolo da seleção, passou a ser bancado pela RFEF (Real Federação Espanhola de Futebol). Assim, o dono do bumbo mais famoso dos Mundiais diz que aguarda novo gesto favorável da entidade para estar no Brasil em junho, na Copa das Confederações.

Segundo o torcedor fanático, a resposta sobre a viagem ao Brasil deve sair em alguns dias. Manolo afirma que o objetivo não deve ser impactado pela crise financeira que hoje afeta a Espanha.

"Viajo com eles. Recebo avião, hotéis e entradas. [A crise] não influencia. Sou só uma pessoa a mais na delegação", afirmou Manolo em entrevista ao UOL Esporte, por telefone.

O veterano do bumbo já projeta uma confraternização eufórica com os brasileiros durante a Copa das Confederações e o Mundial de 2014.

"Nunca estive no Brasil, mas sei que é um país fenomenal. Os brasileiros que encontrei em Mundiais sempre mostraram muita alegria. Aposentei três bumbos, que estão no meu bar: dois dos títulos da Euro e o do Mundial de 2010. Mas levarei outro novo para me animar com os brasileiros", declara o torcedor, figurinha fácil mesmo em treinos da equipe nacional.

FAMÍLIA ABANDONA TORCEDOR APÓS VIAGEM

A missão de estar com a seleção espanhola onde ela jogar custou a Manolo do Bumbo a companhia da família. Depois de uma viagem para a Áustria, em 1987, o torcedor-símbolo da Fúria chegou em casa e percebeu que a mulher e os filhos haviam partido.  

"Cheguei em casa, eles tinham ido embora. Tenho quatro filhos, sei que eles estão bem, aqui mesmo em Valência. Estão bem, isso é o que importa", diz Manolo.

Sem a proximidade da família, Manolo toca sozinho o bar Tu Museo Deportivo, bem em frente do estádio Mestalla, a casa do Valencia. Lá, serve o famoso petisco "rollitos de pechuga", com peito de frango, queijo, ovos, presunto, azeite e sal.

Mas, cardápio à parte, o bar é uma espécie de atração turística de Valência. Muita gente vai ao local para tirar fotos com Manolo, uma figura conhecida em toda a Espanha. São oito Copas no currículo, sempre com o bumbo a tira colo. O torcedor diz que espera completar 12 Mundiais, em atividade nas arquibancadas até 2026.

GRIPE QUASE TIRA MANOLO DE FESTA INÉDITA NA ÁFRICA

Manuel Cáceres Artesero é o homem por trás do personagem Manolo do Bumbo. Depois de décadas de devoção à seleção espanhola, o torcedor quase perdeu o momento mais especial da história da Fúria, na campanha do título mundial em 2010.

Acometido por uma forte gripe, Manolo decidiu deixar a África do Sul com a Copa em andamento. No entanto, não resistiu ficar longe do time de Iniesta e Xavi e encarou o sacrifício de retornar ao país do Mundial dias depois, ainda combalido.

"A gripe foi fortíssima, mas eu só perdi uma partida, contra o Paraguai nas quartas de final. Depois eu voltei para a África do Sul e consegui acompanhar semifinal e final", relata.

O dono do bumbo que anima a torcida nas partidas da Espanha diz que vive com intensidade este momento, em que seus compatriotas dominam o futebol mundial. Manolo guarda no seu bar os instrumentos que deram sorte ao time nos títulos da Euro de 2008 e de 2012, além conquista da Copa de 2010. Eles servem ao fã como uma espécie de troféu pela entrega à Fúria.

"Acreditava que iria morrer sem ver a Espanha campeã mundial. A seleção sempre caía nas quartas, apesar de jogar bem. Jogamos muito bem na Coreia [em 2002], mas faltou sorte. O árbitro se equivocou e fomos eliminados. Minha alegria é pelos espanhóis. Eu já estava acostumado quando perdíamos. Mas agora todos os espanhóis comemoram. Só lamento que maus pais não tenham visto a Espanha campeã", afirma Manolo, com voz embargada.

Festa da Espanha em 2010
Veja Álbum de fotos

Veja também



Shopping UOL

UOL Cursos Online

Todos os cursos