Governo do RJ chama ação do MP de "ideológica" e diz não pensar em dinheiro ao privatizar Maracanã
Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
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Genilson Araújo/Agência O Globo
Vista aérea do Maracanã mostra conclusão da instalação das lonas da cobertura do estádio
O secretário estadual da Casa Civil do Governo do Rio de Janeiro, Regis Fichtner, defendeu nesta quarta-feira a privatização do Maracanã. Horas depois de o MP-RJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) anunciar mais uma tentativa de suspender a licitação do complexo esportivo, Fichtner convocou uma entrevista coletiva e defendeu que as ações dos promotores são ideológicas.
"Se o promotor acha ideologicamente que o Maracanã tem que ser controlado pelo Estado, isso não cabe a ele dizer. Isso cabe ao governador, que foi eleito para gerir o Estado", afirmou o secretário, rebatendo os argumentos do MP-RJ de que a privatização do Maracanã não seria benéfica ao Estado .
O secretário disse que o governo decidiu privatizar o Maracanã porque considera o "melhor para o público que vai ao estádio". "Não é possível para o Estado gerir esse empreendimento com padrões internacionais de primeira linha, atraindo grandes jogos e shows", afirmou.
Fichtner afirmou também o Estado não está pensando no quanto, em dinheiro, vai receber ao privatizar o estádio, mas sim na qualidade da operação do local após sua concessão. Ele ainda negou qualquer favorecimento à IMX, empresa de Eike Batista que fez o estudo de viabilidade da privatização e uma das concorrentes pela concessão da arena. "Cumprimos todas as regras legais. Não há o menor cabimento na afirmação que uma empresa está sendo beneficiada".
Na última terça-feira, os promotores do MP-RJ entraram com uma ação civil pública pedindo o cancelamento imediato do processo de privatização do Maracanã por considerarem, entre outras coisas, que a concessão do estádio não é a melhor alternativa para o espaço. Na ação, eles afirmam também que a IMX está sendo beneficiada na licitação que definirá o administrador do estádio.
A ação aberta na terça é a segunda pela qual o MP-RJ tenta barrar a privatização do Maracanã. No final do mês passado, o órgão, junto com o MPF (Ministério Público Federal), entrou com um pedido de decisão liminar alegando que o projeto de privatização do estádio precisava ser avaliado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Ainda no final de março, a Justiça Federal decidiu que não cabia suspender a privatização pelos motivos apresentados.
A privatização do Maracanã foi anunciada pelo governo no ano passado. Neste ano, foi publicado o edital de licitação, que prevê, entre outras coisas, a demolição do Estádio de Atletismo Célio de Barros, do Parque Aquático Julio Delamare e da Escola Municipal Friedenreich, que ficam ao lado do estádio.
Essas demolições também são questionadas pelos promotores em ação civil pública aberta na terça. "Merece ser registrado o risco de que a demolição do Estádio de Atletismo Célio de Barros e do Parque Aquático Julio Delamare venha a comprometer irremediavelmente o treinamento de vários atletas brasileiros de ponta durante uma etapa crítica de sua preparação para os Jogos Olímpicos", adverte o MP, na ação.
O secretário Fichtner, no entanto, confirmou a realização da sessão de entrega de propostas pelo Maracanã para esta quinta-feira, às 10h. "Acreditamos que tudo está sendo feito conforme manda a lei e o processo de concessão vai continuar", disse.
A IMX, em nota, também se pronunciou sobre a ação do MP-RJ. Confira a íntegra:
"A IMX apresentou Proposta de Manifestação de Interesse e preparou Estudo de Viabilidade do Complexo do Maracanã com observância de toda a legislação aplicável e vê o acompanhamento do processo licitatório da concessão do Maracanã por parte do Ministério Público como benéfico para assegurar a transparência e a lisura do processo."
*Atualizada às 18h51
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