A Nova Zelândia bateu as Ilhas Salomão, na madrugada desta terça-feira, por 2 a 0, e garantiu o título das eliminatórias da Oceania para a Copa-2014 - está a apenas duas partidas do Mundial no Brasil. E pode ser a única seleção que está invicta desde 2009 a atuar em gramados brasileiros.

Na outra partida da rodada decisiva, o Taiti perdeu para a Nova Caledônia, por 1 a 0, e encerrou uma fraca campanha, com apenas uma vitória em seis jogos. O Taiti vem ao Brasil para a disputa da Copa das Confederações, em junho deste ano, mas decepcionou nas eliminatórias.

Nada de Espanha, campeã do mundo e líder do ranking da Fifa. Nada de Brasil, que não disputa as eliminatórias para a Copa de 2014 por ser o país sede. Em jogos de Copa do Mundo (a Fifa considera jogos de eliminatória já parte do Mundial), a única seleção que disputou o torneio na África do Sul, em 2010, e pode chegar ao Brasil sem perder há mais tempo é a Nova Zelândia.

A seleção oceânica não perde em partidas válidas pela Copa desde 2009, quando, na última rodada das eliminatórias locais, perdeu para Fiji por 2 a 0 - porém, já estava classificada para a repescagem. Desde então, até pela Copa passou sem perder: foram três empates, contra Eslováquia, Paraguai e Itália.

Nesta edição, entraram já na segunda fase e, somado à última e decisiva, pela qual passaram e se garantiram na repescagem contra o quarto colocado da Concacaf, foram mais nove jogos sem perder. O detalhe que facilita esses resultados, além da saída da Austrália da federação da região, é o amadorismo dos adversários - apesar da notável melhora desde 2010.

A Nova Caledônia, que acabou com o vice-campeonato das eliminatórias, só passou a ter jogador profissional após a disputa da Copa das Nações da Oceania, em 2012. A boa campanha fez com que o atacante Georges Gope-Fenepej fosse contratado pelo Troyes, da França. Os outros destaques da equipe, como o atacante Jacques Haeko, jogam na liga local, completamente amadora. Mesmo assim, quase bateu os neozelandeses na quinta rodada, quando só perdeu com um gol aos 49 min. do segundo tempo (2 a 1).

Só que na Copa das Nações da Oceania, disputada em 2012,  os caledônios foram os responsáveis por eliminar os neozelandeses, nas semifinais, com triunfo por 2 a 0 (a primeira fase do torneio foi conjunta às eliminatórias, já as semifinais foram separadas). Com esse resultado, chegaram a final contra o Taiti, e acabaram perdendo por 1 a 0.

E é o Taiti que virá ao Brasil para a Copa das Confederações deste ano. Assim como a Nova Caledônia, a seleção é tomada por jogadores que possuem outras atividades - o único profissional, Marama Vahirua, que joga no Panthrakikos, da Grécia, nunca atuou pela seleção, mas jogou pela equipe sub-21 da França.

O técnico do Taiti, Eddy Taeta, esteve no Brasil em 2012, para o sorteio da Copa das Confederações, e conversou com o UOL Esporte. Segundo ele, o grande objetivo será passar um tempo de jogo sem tomar gol. "Temos que ser realistas. Não somos profissionais. Somos amadores, viemos para aproveitar. Se fizermos um gol, será um sonho", declarou.

No Brasil, o Taiti terá a chance de enfrentar a Espanha, e no Maracanã. "Jogar contra a Espanha, que é a atual campeã do mundo, tem o melhor futebol do mundo. Será especial jogar num estádio místico que é o Maracanã, jogar no Rio de Janeiro. Esperamos defender bem as nossas cores. Se nós conseguimos fazer um bom jogo, já será bom. Já é um imenso prazer ter esse jogo", comentou Etaeta.

Mas, apesar do amadorismo e da falta de surpresas ao final das eliminatórias, a evolução das equipes é provada por vários fatores: as tradicionais goleadas com placares elásticos (a Austrália chegou a fazer 31 a 0 na Samoa Americana em 2001) foram raríssimas: apenas duas ocorreram - Taiti 10 x 1 Samoa e Nova Caledônia 9 x 0 Samoa. A média de gols também foi a segunda menor desde que a competição passou a contar com as nanicas ilhas: 3,66, contra 3,57 no torneio para 1994.

A diferença é que, para 1994, apenas outras quatro seleções se inscreveram, além de Nova Zelândia e Austrália. Desta vez, foram 10 a mais. Para 2002, quando a Austrália aplicou a maior goleada em jogos de seleções, a média ficou em 7,81 gols por partida.

Mas até a Nova Zelândia possui jogadores amadores: em 2010, na África do Sul, ficou famosa a história de Andy Barron, que era bancário em seu país natal e cujo chefe só descobriu que ele jogava pela seleção quando teve que pedir para largar o emprego para poder viajar para a Copa.

Se optou pelo caminho mais fácil para ir ao Mundial - o que deu certo em 2010 -, a Nova Zelândia ainda dependerá da repescagem. Se em 2010 o adversário veio da Ásia, o Bahrein, desta vez deverá ficar entre Jamaica, Costa Rica e Panamá, principais candidatos a quarta posição das Américas do Norte e Central. Os neozelandeses, 88° do ranking da Fifa, aparecem abaixo de todos os possíveis rivais.

Mas estão a apenas dois jogos do Brasil e podem chegar aqui invictos. Além disso, garantiriam a presença dos Kiwis, pássaro típico do país e do que muitos torcedores se fantasiam nos estádios. Apesar da evolução de Taiti e companhia, é provável que por muitas Copas os neozelandeses se tornem figura carimbada.