Sem tradição na base, Itália se profissionaliza e expõe atraso da CBF

Fernando Duarte e Paulo Passos

Do UOL, em Genebra (SUI)

  • André Muzell/AgNews

    Scolari e Bebeto, que deixou cargo de coordenador das seleções de base da CBF

    Scolari e Bebeto, que deixou cargo de coordenador das seleções de base da CBF

Entre as grandes seleções, a Itália é, com certeza, a que tem menos tradição nas categorias de base. O melhor resultado do pais, campeão de quatro Copas do Mundo, nos grandes torneios para futuros profissionais foi uma quarta colocação no Mundial sub-17 de 1987. Com a meta de acabar com esse histórico medíocre e, principalmente,  de formar jogadores, a Federação Italiana de Futebol investiu na base. Há dez anos criou o "Club Italia", um braço profissional da entidade, presidido atualmente pelo ex-jogador Albertini, que administra todas as seleções, incluindo a principal e os times de base.

O modelo é semelhante ao adotado por outras seleções europeias, como Espanha, Alemanha e França. A comparação com a realidade da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) expõe o atraso na estrutura da entidade brasileira.

Hoje, a CBF não conta nem mesmo com um diretor responsável pelas categorias de base. Bebeto, que chegou a assumir o cargo em janeiro, pediu demissão no início do mês. Desde então, a função está vaga.

Diferentemente da Itália, Espanha, Inglaterra e Alemanha, por exemplo, que contam com técnicos contratados para as seleções sub-20, sub-17 e outras categorias, a CBF tem apenas um treinador fixo para a base. Alexandre Gallo foi chamado pelo atual presidente da entidade, José Maria Marin, para assumir o time sub-20, após o fracasso no último Sul-Americano da categoria, em janeiro, quando o Brasil não passou da primeira fase.

Na Itália, quem ocupa o cargo que está vago na CBF, o de coordenador das categorias de base, é Arrigo Sacchi, ex-técnico do Milan e da seleção italiana.

Com Sacchi, os italianos copiaram práticas já executadas nos vizinhos europeus. Os jogadores do sub-15 ao sub-21 se reúnem pelo menos uma vez por mês no centro de treinamento da federação italiana para série de treinamentos que duram de três a cinco dias. As seleções de base também passaram a jogar mais amistosos internacionais.

"Se não houver essa mudança de pensamento na Itália, de que é preciso trabalhar com a base, o futebol vai morrer no país. Todos os países devem fazer isso, é o futuro", afirmou Sacchi, em entrevista ao UOL Esporte. "Na Itália os clubes não investem na base, por isso a federação tem que assumir esse papel", completou.

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