O presidente do Sport, Luciano Bivar, mudou a sua versão sobre o suposto pagamento pela convocação do volante Leomar para a seleção brasileira em 2001. Em depoimento ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) na última terça-feira, o cartola negou ter havido propina e disse ter feito apenas um lobby.

"Na nossa época, a gente falava: tem um lobby aí, para você pegar um jogador e expor ele em tal lugar... Então isso aparecia sempre. Como aparece hoje. Isso nós fazíamos também naquela época. Só que naquela época eram os clubes que faziam. Com o advento da Lei Pelé, isso passou a ser feito pelos empresários. Não teve nenhuma propina. Foi um serviço prestado", declarou Bivar ao programa Sportv News, após depor ao STJD em Goiânia.

O cartola recebeu autorização para fazer seu depoimento na capital goiana por causa da distância entre o Recife e o Rio de Janeiro. Procurador do STJD responsável pelo caso, Miguel Cançado avisou que vai levar em conta as declarações anteriores de Bivar: "Em um inquérito dessa natureza, é preciso avaliar todo o contexto. Não posso pegar uma frase isoladamente. Tenho que ter a seriedade porque estamos tratando de um símbolo nacional, que é a seleção brasileira".

No dia 8 de março, Luciano Bivar revelou ter pago uma quantia para um intermediário a fim de colocar o volante Leomar na seleção brasileira. O jogador foi convocado pelo técnico Emerson Leão para disputar a Copa das Confederações de 2001. Tanto o atleta quanto o treinador disseram desconhecer o suposto esquema.

"Ele [empresário] me abordou", explicou Bivar ao UOL Esporte logo após a denúncia no início do mês. "Acontece naturalmente. Deve ter acontecido outras vezes, Fornecemos o scout do Leomar porque tínhamos interesse de botar o jogador na seleção ou em um grande clube".

O técnico Leão se defendeu e pediu que o autor da acusação seja responsabilizado: "O Sport está vivendo uma péssima fase e o presidente dá uma declaração dessa me envolvendo em um problema. Eu quero, agora, que vocês jornalistas pesquisem até o fim quem é e que o sujeito seja preso. Na minha época de seleção, só eu e o [coordenador técnico] Antônio Lopes mexíamos com futebol e não tinha lobista nenhum".

Leomar, que hoje atua como agente de atletas, também disse não ter conhecimento sobre o suposto pagamento de propina: "O que eu sei é que um ano antes fiz um bom Campeonato Brasileiro quando estava no Sport, ficamos em quinto lugar e o Leão era o técnico. O Leão foi para a seleção, conhecia o meu trabalho e me chamou. Pelo que sei fui chamado pelo futebol que apresentei", afirmou.