Demissão de Mano fortalece ruptura da cúpula atual da CBF com a era Ricardo Teixeira
Do UOL, em São Paulo
-
Pedro Ivo Almeida/UOL
José Maria Marin (ao centro) demite Mano, mas segue com a companhia de Andrés na CBF
A demissão de Mano Menezes do comando da seleção, anunciada na última sexta-feira, fortaleceu uma ruptura da atual cúpula da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) com os anos Ricardo Teixeira. Afastado do cargo desde março, oficialmente por razões médicas, o ex-presidente tinha a designação do técnico como uma das últimas heranças de seu poder na entidade.
Sucessor de Teixeira no comando da CBF e do COL (Comitê Organizador Local) da Copa do Mundo, José Maria Marin agora precisa conviver com a herança que restou, que atende pelo nome de Andrés Sanchez, espécie de apadrinhado político de Teixeira. Mas há quem interprete o descarte de Mano antes da Copa das Confederações como uma manobra para enfraquecer o ex-presidente corintiano na sucessão da entidade marcada para 2014.
OPINIÃO DOS BLOGUEIROS
O anúncio da saída de Mano aconteceu na sede da FPF (Federação Paulista de Futebol), em uma espécie de simbologia para uma 'era de novos cardeais' vindos de São Paulo, com Marco Polo Del Nero como figura central. Outros cartolas locais ganharam força com Marin no Comitê Organizador Local da Copa de 2014.
Outro corte simbólico na linha de gestão de Teixeira foi a ação para conter a influência do diretor de comunicações da CBF, Rodrigo Paiva, conhecido como uma espécie de gestor de crises do ex-presidente.
Paiva segue na CBF, mas ainda não se sabe qual será seu nível de influência. No entanto, desde maio passado o jornalista não exerce o mesmo cargo no Comitê Organizador Local da Copa de 2014.
O COL também deixou de ter Joana Havelange, filha de Teixeira, em ações de relevância.
O UOL Esporte apurou que Teixeira teria deixado a CBF com a condição a seus sucessores de manter na entidade Andrés Sanchez, Rodrigo Paiva e Alexandre da Silveira, antigo secretário particular do antigo presidente.
Em recente entrevista à Folha de S. Paulo, Marin afirmou que ainda pode rever no fim deste ano o contrato de consultoria que ainda liga Ricardo Teixeira à CBF, em relação que lhe rende cerca de R$ 100 mil por mês.
"Eu acredito que, encerrando o período de exame dos contratos assinados anteriormente, eu acredito que no próximo ano (2013) não haverá necessidade dessa consultoria, que até hoje tem sido muito válida e necessária", declarou Marin à Folha em entrevista publicada em 12 de novembro.
Apesar do distanciamento com a gestão anterior, Marin até aqui tem respeitado todos os contratos em vigor firmados por Teixeira, incluindo aqueles que mais fortalecem os cofres da CBF.
MARIN PROCURA HOLOFOTES E ROMÁRIO
Desde março quando assumiu a CBF, Marin pontuou sua administração com evidente esforço de distanciamento do estilo Teixeira. Se o antecessor fazia o que podia para escapar dos holofotes, o atual presidente oferece demonstrações seguidas de apreço pela exposição.