A exemplo do que acontecerá com a Bahia e provavelmente com outras sedes da Copa das Confederações, o Estado do Ceará também precisará de dinheiro extra para cobrir as despesas geradas pela instalação de estruturas provisórias exigidas pela Fifa para os estádios que receberão os jogos da Copa das Confederações (junho de 2013) e Copa do Mundo (junho de 2014). As autoridades estaduais irão a Brasília pedir auxílio do governo federal com a despesa extra.

O valor pode chegar a cerca de R$ 55 milhões, tendo como referência as negociações feitas pela Secopa-BA (Secretaria Especial para a Copa da Bahia). No Ceará, que receberá no estádio do Castelão jogos das competições de 2013 e 2014, ninguém gosta de tocar no assunto.

No meio deste ano, a Fifa entregou um plano inicial para as instalações provisórias das arenas da competição de 2013. Mas as requisições finais só chegaram no mês de outubro. Os planos para a Copa de 2014 deverão ser recebidos no final deste ano. Os valores se somam aos cerca de R$ 7 bilhões de custos já contabilizados para a construção ou reforma dos 12 estádios que serão utilizados na Copa.

As cidades-sede terão que montar estruturas designadas como "espaço de mídia, espaço de voluntários, escritórios de competição, segurança e controles de acesso", entre outras.

As instalações serão montadas para Copa das Confederações entre abril e maio de 2013  e desmontadas em julho. A montagem para a Copa do Mundo acontecerá em maio de 2014. As despesas são altas e nenhum agente do governo cearense gosta de falar desses custos, muito menos o secretário da Secopa-CE, Ferrucio Feitosa, que usa suas boas maneiras apenas com notícias boas. "Cada licitação de cada sede foi feita de maneira diferente", esquivou-se, diante da pergunta sobre quem arcaria com o custo das instalações, e se eles seriam da ordem de R$ 55 milhões, como na Bahia.

"Secretário, o governo baiano acaba de fazer uma audiência pública para atender essas exigências da Fifa, com as instalações provisórias. Serão gastos cerca de R$ 55 milhões fora do orçamento original. Isso envolve cabos especiais para transmissão de satélite e sala de imprensa com banda larga 4G. Quanto isso custará no Castelão?", perguntou a reportagem do UOL Esporte.

" Não sei. Vou a Brasília discutir isso em alguns dias. Certas despesas estão no orçamento, outras não", respondeu Feitosa.

"Mas minha pergunta é sobre o que está fora do orçamento, secretário... Quanto custará a mais para o Estado do Ceará essas instalações provisórias da Fifa, incluindo tendas comerciais dos patrocinadores, e cabos de fibra ótica?"

"Como lhe disse, vou discutir em Brasília quanto isso custará e como pagaremos. Não posso falar em números", finalizou Ferrucio Feitosa.

O tema não fazia parte da agenda oficial da última terça-feira do secretário, totalmente voltada para o gramado do Castelão, que começou a ser plantado na última segunda-feira, mas que estará em condições de receber uma partida de futebol apenas no dia 19 de janeiro de 2013, um mês depois da data de entrega oficial da obra. 

O secretário não quis falar quanto custou o gramado do Castelão, encomendado junto a empresa inglesa recomendada pela Fifa. "Estava no custo final do estádio e não pagamos nada fora do que foi acertado com o consórcio, que irá administrar a arena. Não sei quanto custou os intens separadamente".

Terminado o plantio do gramado do Castelão, restam o término da instalação das cadeiras e das películas da cobertura da arena. A previsão é que tudo termine nos próximos 12 dias.

A inaguração, com a presença da presidente Dilma Rousseff, está confirmada para o dia 17 de dezembro e, caso o cantor Fagner não possa cantar na cerimônia (antes prevista para o dia 15), o show será feito em outra data, talvez no dia 18. O jogo inaugural só será realizado em janeiro de 2013.

As autoridades cearenses trabalharam para que a seleção brasileira fizesso o jogo inaugural do estádio, mas o calendário de amistosos da Fifa não prevê nenhuma data em janeiro do ano que vem.

"Estamos conversando sobre isso com o Comitê Organizador Local e gostaríamos que o Ceará fosse recompensado pelo esforço feito até agora para entregar essa obra com tanta antecedência", comentou o chefe da Secopa. "Fizemos nosso trabalho e gostaríamos muito de ter a seleção brasileira nessa inauguração, mas não fechamos o contrato ainda. Queremos uma seleção europeia porque isso colocaria Fortaleza no cenário internacional como a primeira sede a ficar pronta para a Copa 2014", concluiu o secretário Ferrucio Feitosa.

* Colaborou Rodrigo Mattos, do UOL, em São Paulo