Corinthians contraria governo de SP e se diz responsável por lugares móveis do Itaquerão

Vinícius Segalla

Do UOL, em São Paulo

  • Rivaldo Gomes/Folhapress

    Até agora, não há dinheiro para a construção das arquibancadas móveis do Itaquerão

    Até agora, não há dinheiro para a construção das arquibancadas móveis do Itaquerão

O pagamento dos 22 mil lugares móveis que serão instalados no estádio que o Corinthians e a Odebrecht estão construindo na zona leste de São Paulo ficará sob a responsabilidade do clube paulista, e não do governo do Estado São Paulo, como era anunciado por todas as entidades envolvidas desde julho de 2011. As arquibancadas serão montadas para que a arena corintiana alcance a capacidade para 70 mil pessoas, número exigido pela Fifa para o estádio que receberá o jogo inaugural da Copa do Mundo de 2014.

No dia 30 de janeiro deste ano, o diretor de marketing do Corinthians, Luís Paulo Rosenberg, enviou uma carta ao Ministério Público e informou que busca parceiros privados para viabilizar a construção das arquibancadas.

O UOL Esporte teve acesso a este documento, em que o diretor corintiano afirma: "Não existe, por ora, nenhum responsável pelo custo dos 22 mil assentos móveis. A ideia do clube é viabilizar recursos privados para a finalização da obra". A informação contraria o discurso de sempre do ex-presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, principal responsável pela construção do estádio alvinegro.

O cartola, que atualmente ocupa o posto de diretor de seleções da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), sempre afirmou que o Corinthians seria responsável pela construção de um estádio para 48 mil pessoas. E que se as autoridades públicas desejassem que o estádio recebesse a abertura da Copa, teriam que arcar com a construção dos 22 mil lugares faltantes.

Diante desta posição do clube paulista, o governo de São Paulo assumiu, em julho do ano passado, a responsabilidade pela construção das arquibancadas, informando que o equipamento seria retirado da arena após a Copa, permanecendo como patrimônio do Estado.

Apesar de garantir que as arquibancadas, ainda que fossem usadas no estádio corintiano, seriam propriedade estatal, o Estado de São Paulo e o Corinthians passaram a ser questionados pelo Ministério Público estadual sobre a legalidade da utilização de verbas públicas para atender a um estádio privado. Marcelo Milani, promotor da seção de proteção ao patrimônio público do MP, instaurou inquérito civil para apurar a questão. Foi em resposta às diligências da promotoria que Rosemberg enviou a carta ao MP.

Assim, de concreto, a situação atual é a de que não existe dinheiro para a construção das 22 mil arquibancadas móveis do Itaquerão, que são necessárias para que o estádio receba a abertura da Copa.

Procurada pelo UOL Esporte, a assessoria de imprensa do governo de São Paulo afirmou que tinha a informação de que o responsável pela construção das arquibancadas móveis era o governo estadual. Informado pela reportagem sobre a carta de Rosemberg ao MP, o órgão estatal disse que iria checar uma eventual e recente mudança de planos. Até a publicação desta reportagem, não houve resposta.

As obras do Itaquerão
As obras do Itaquerão