"Rugido" de Aldo escancara racha entre gestão Dilma e Fifa na organização da Copa-2014
Do UOL, em São Paulo
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Fernando Donasci/UOL
Ministro do Esporte, Aldo Rebelo, perdeu a linha pacificadora
- Rabelo pede à Fifa fim de diálogo com Valcke
Sempre político e com fala pacata, o Ministro do Esporte, Aldo Rebelo, teve uma mudança repentina de comportamento ao pedir a quebra das relações do governo com o secretário-geral da Fifa (Federação Internacional de Futebol), o francês Jérôme Valcke, na organização brasileira para a Copa do Mundo de 2014.
A atitude do ministro, às vésperas da chegada do maior crítico do andamento estrutural do país para visitar as cidades-sedes, escancara um racha nas relações entre o governo nacional sob o comando de Dilma Rousseff com a entidade máxima do futebol.
O Brasil obteve o direito de ser sede do Mundial em outubro de 2007, na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, que sempre buscou ter uma relação amistosa com a cúpula da Fifa.
Em 2009, o presidente do órgão, o suíço Joseph Blatter, até veio ao país para condecorar Lula com uma flâmula da Fifa "em reconhecimento à sua contribuição ao futebol". O brasileiro também procurou não entrar em divididas com Valcke durante as inúmeras alfinetadas do francês em relação a atraso nas obras.
O ex-ministro do do Esporte Orlando Silva acompanhava a política presidencial da gestão Lula e sempre evitou rebater as críticas. Após ouvir de Valcke que o país estava com "sinal vermelho" e com atraso "incrível", Silva disse que o país deveria dar uma resposta apenas "com mais trabalho". A relação com o ministro chegou a ser classificada como "excelente" pelo francês.
Mas, desde que Dilma Roussef assumiu o governo nacional, os diálogos com a Fifa ficaram mais duros. Durante os sorteio das eliminatórias da Copa, no ano passado, em seu primeiro contato público com a entidade, a presidente fez questão de mostrar uma relação fria.
Tratou o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Teixeira, de maneira apenas formal, ao contrário do que fez com Pelé, por exemplo, no evento. No mesmo dia, o dirigente máximo do futebol brasileiro, "queridinho" da Fifa, era exaltado e parabenizado por Valcke "por tudo que fez pelo futebol brasileiro".
Dilma também entrou em rota de colisão com a Fifa após rejeitar diversos pontos da Lei Geral da Copa por classificá-los como muito permissivos. Outros pontos, como a cobrança de meia-entrada para estudantes e idosos, ainda não foram acertados. Ela chegou até a ir para Bruxelas (Bélgica) para uma conversa pessoal com Valcke.
Rebelo assumiu o ministério em outubro do ano passado e sempre procurou até então responder cordialmente às críticas da Fifa.
Mas, no último sábado, demonstrou feição e discurso bem mais fortes.
"Não pode ser ele quem emite declarações infundadas e intempestivas", falou. "Não podemos receber de volta da Fifa um comentário de ofensa pessoal. Imagina alguém dizer que vai fazer isso [chute na bunda] com sua família, com seu clube, com sua sociedade. Imagina com o país. Não pode", continuou.