Colômbia se despede da Copa com futuro promissor pela frente

Arturo Wallace

De Bogotá para a BBC Brasil

"Ainda temos tempo!"

Esse foi o primeiro grito que rompeu o silêncio na Praça Bolívar, em Bogotá, tão logo o Brasil abriu o placar contra a Colômbia na partida pelas quartas de final da Copa disputada nesta sexta-feira em Fortaleza.

O gol veio apenas aos sete minutos de jogo, mas o grito continua valendo, mesmo depois da partida, apesar de a Colômbia ter perdido o jogo por 2 a 1.

A jovem equipe "cafetera" caiu de pé, buscando o empate e causando um sufoco no seu oponente, visivelmente nervoso contra um time que há 16 anos não participava de um Mundial.

E na praça em Bogotá, os torcedores colombianos reconheceram o empenho de sua seleção com aplausos que se prolongaram para bem depois do apito final, convencidos de que um futuro brilhante aguarda este time.

"Temos jogadores jovens, de grande futuro", disse à BBC Alejandro Vargas, de 31 anos, rouco de tanto gritar ao comemorar o gol de James Rodríguez, que aos 22 anos marcou seu sexto gol em cinco partidas para se consolidar como astro do torneio.

"Estamos muito felizes porque tivemos um grande desempenho. E depois de anos de guerra e conflitos, a Colômbia também quer viver alegrias", acrescentou, em meio à chuva que caiu durante boa parte da partida na capital colombiana.

Nem a água, nem os gols brasileiros

Nem a água e nem gols brasileiros conseguiram apagar a chama do entusiasmo por essa seleção no coração de seus compatriotas.

"Fomos longe, fizemos uma bela campanha e, quando ganhamos, não fizemos isso como o Brasil: graças à arbitragem", queixou-se Sebastián Martinez, de 17 anos, fazendo referência a lances mais polêmicos da partida: um gol anulado da Colômbia por suposto impedimento e a falta que acabou sendo convertida no segundo gol do Brasil.

"No próximo ano vamos com o time à Copa América", prometeu o adolescente.

Mas em vez de reclamar de possíveis erros da arbitragem, a maioria dos torcedores que por horas fizeram soar suas vuvuzelas e tambores no centro da cidade preferiram se empolgar com os aspectos positivos de um Mundial que viu a Colômbia chegar pela primeira vez às quartas de final.

"Esta seleção nos deu muitas alegrias: hoje é dia de festa. Ver toda essa gente unida, contente, isso me encheu de emoção", disse Iván Aristizabal, de 30 anos.

"Não me sinto derrotada. Como vamos nos sentir derrotados, da forma como jogamos", disse Viviana Monge, de 26 anos.

A tranquila aceitação do resultado do jogo é um sinal do reconhecimento de que o caminho do selecionado dirigido pelo argentino José Pékerman está apenas no começo.

Para muitos, os jovens jogadores colombianos não foram capazes de exibir sua capacidade durante o primeiro tempo por pura falta de experiência.

E talvez fosse pedir demais de uma equipe como essa que chegasse à uma semifinal inédita derrotando a seleção mais vitoriosa do torneio jogando em casa.

Os colombianos ficam com a recordação das jogadas de Juan Guillermo Cuadrado (26 anos), de Juan Fernando Quintero (21) e, sobretudo, de James Rodriguez (22) a indiscutível revelação do torneio.

Porque o futuro da Colômbia tem de tudo para ser brilhante. Ainda temos tempo.

 

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