Curitiba vive clima de incerteza à espera de decisão da Fifa
A incerteza e uma certa ansiedade controlada a respeito da decisão da Fifa de manter ou não Curitiba na lista de sedes da Copa do Mundo vêm dominando o clima na cidade nos últimos dias.
O estádio Arena da Baixada – que vem passando por profundas reformas para sediar quatro partidas do mundial – é hoje a principal dor de cabeça da Fifa e dos organizadores da Copa no Brasil.
Inicialmente prevista para ficar pronto no ano passado, a arena sofreu uma série de atrasos e agora corre contra o tempo para não ficar de fora do mundial.
Há cerca de 15 dias, técnicos da Fifa visitaram ao local e se desesperaram ao achar um estádio sem cobertura, gramado ou cadeiras - a aproximadamente quatro meses do início da Copa.
Eles então estabeleceram metas para a construtora encarregada do serviço pelo clube Atlético Paranaense e marcaram uma nova avaliação para esta terça-feira.
Segundo membros do comitê organizador local, o principal técnico para estádios da Fifa, Chales Botta, deve visitar o estádio no período da manhã, se reunir com os envolvidos no projeto, e depois enviar seu parecer para o secretário-geral da Fifa Jerôme Valcke.
Ele deve então dar a palavra final sobre a permanência da cidade como uma das 12 sedes da Copa de 2014. A decisão é esperada já a partir da tarde desta terça-feira.
Ansiedade
"A coisa não está muito esclarecida, então as pessoas estão ansiosas, alguns estão achando que é melhor não ter (a Copa)", disse o taxista curitibano Naido Marquedo Júnior.
"Na minha opinião sincera, já que (a Copa) vai acontecer, independente de ser em Curitiba ou não então era bom que fosse (na Arena da Baixada) já que está tudo quase 100% finalizado lá".
"Eu acho que vão conseguir realizar a Copa aqui. Eles estão trabalhando de maneira mais acentuada depois do ultimato (da Fifa)", disse o advogado Toni Rocha, que espera conseguir comprar entradas para jogos em sua cidade.
"Embora a realização da Copa aqui traga muitos benefícios, o fato é que se gasta um valor considerável em um estádio se desconsiderando outros fatores, outras necessidades que nós temos aqui, que são muito mais urgentes e necessárias que uma Copa, como saúde, educação e transportes", afirmou.
Financiamento
Segundo Mario Celso Cunha, secretário de Estado de Assuntos da Copa do Mundo no governo paranaense, a suposta demora na liberação de verbas do BNDES teria sido o principal fator de atraso das obras.
Por meio do banco, o clube Atlético Paranaense obteve um financiamento de R$ 131 milhões – dos quais 95% já foram pagos.
Contudo, o dinheiro não foi suficiente para terminar o estádio e agora o clube tenta conseguir mais verbas por meio de outro financiamento, porém desta vez por meio do intermédio do governo do Estado.
Se mais dinheiro não for liberado, segundo analistas, as obras correm o risco de não continuarem no acelerado ritmo atual.
A tentativa dos envolvidos de convencer a Fifa de que o dinheiro virá deve ser um dos principais aspectos da negociação desta terça-feira.
Rumores
Circularam nas redes sociais no último fim de semana boatos de que a Fifa já teria tomado a decisão de excluir Curitiba do mundial – fato que repercutiu de maneira negativa no Estado.
A informação foi desmentida por Vacke em sua conta no Twitter.
Mais cedo, órgãos de imprensa brasileiros haviam afirmado que a Fifa teria um "plano B", que consistiria em distribuir os quatro jogos planejados para Curitiba por outras cidades-sedes.
"Não existe plano B, a própria Fifa não trabalha com isso. O ministro Aldo Rebelo há uns dias atrás falou sobre isso e o próprio Jerome Valcke, no Twitter, pela Fifa disse que apenas é especulação", disse Cunha.
Ele afirmou estar confiante de que Curitiba permanecerá como cidade-sede da Copa e disse que as exigências da Fifa já foram compridas, como a instalação da cobertura do estádio, do gramado e de mais de 15 mil cadeiras.
Segundo ele, as obras no estádio estarão prontas em abril dependendo da decisão da Fifa.