Era pouco antes de meio-dia de segunda-feira (19) quando uma mulher parou na esquina das ruas Guaianases e Vitória, na República, região central de São Paulo. Estava vestida com calça jeans e levava uma bolsa bege a tiracolo.
A consultora Leandra Hildevert, de 32 anos, já perdeu prova de vestibular, teve de sair no meio de uma sessão de cinema e desabou em uma crise de choro. Tudo isso por causa de uma condição que a acompanha desde a infância e poucos entendem: a misofonia.
O servidor público Marcelo (nome fictício), de 41 anos, surpreendeu-se quando, no dia 8 de janeiro, recebeu uma chamada de vídeo da irmã, de 49, do saguão de um dos prédios dos Três Poderes, em Brasília.
"Com a censura que está no Brasil, não se pode falar nada". A frase do comerciante Marcelo Oliveira, 42 anos, é usada para expressar o descontentamento com a política no Brasil e a vontade de sair do país.
Enquanto o Brasil inteiro se concentrava na disputa voto a voto entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), o município de Guaribas, no interior do Piauí, tinha uma aflição a mais no último domingo: seus habitantes não queriam perder o posto de cidade mais lulista do país.
As camisas amarelas da seleção canarinho desbotam no comércio popular. Associada à política, a cor até então favorita para torcer na Copa do Mundo já não ganha mais o brasileiro — pelo menos não na Rua 25 de março, no centro de São Paulo.
Quem desce a ladeira da Constituição e percorre o maior centro popular de compras do país quase consegue pegar com a mão a energia caótica que paira sobre o brasileiro. Na 25 de março, em São Paulo, o estado de espírito do Brasil — a dois dias das eleições, 23 dias da Copa e dois meses do Natal —...
Incomodados com a pressão política e hostilizados dentro da própria igreja, evangélicos que não apoiam o presidente Jair Bolsonaro (PL) têm deixado de frequentar os templos. O fenômeno ganhou impulso após a eleição de Bolsonaro, em 2018, e alcançou ainda mais força agora, na campanha para o segundo...
Do bar Pé na Cova, Tânia Nilza, 34, assistia à chegada de corpos de vítimas da covid-19 ao cemitério que fica em frente ao seu comércio. Eles ocuparam dezenas de valas abertas no São Luiz, um dos maiores de São Paulo, no extremo sul da cidade.
Não era um domingo qualquer. No último dia 2, o sargento aposentado Ronaldo Moreira abriu seu bar para a apuração do resultado das eleições. Ameaçava chover e todo mundo — de direita e de esquerda — se juntou no centro da área coberta: "virou quase uma mesa só".