O apagão em uma subestação de energia elétrica em Macapá (AP), que deixou 90% da população do estado literalmente no escuro na semana passada, chegou à propaganda política.
Dinheiro não compra felicidade, diz o ditado. Mas pode pagar equipamentos, estrategistas, equipes de marketing e toda a parafernália disponível no mercado para transformar qualquer campanha mediana em superprodução na TV.
Em agosto de 2016, o PSDB, partido que completava mais de duas décadas à frente do estado de São Paulo, lançava à corrida para a prefeitura da capital um candidato que se apresentava ao público não como político, mas como jornalista e empresário. Não qualquer empresário.
Com rejeição mais alta entre mulheres do que entre homens (64% contra 51% no último Datafolha), Marcelo Crivella (Republicanos) está disposto a desfazer a má impressão com o público feminino. Para isso está disposto a abrir o coração.
Pode ser o clima de Halloween, pode ser efeito das pesquisas. O fato é que Celso Russomanno (Republicanos) já não quer falar dos problemas de São Paulo na TV e nas redes sociais.
Na quinta-feira (29), durante sua live semanal, Jair Bolsonaro, paramentado com uma camisa do Sampaio Corrêa, time maranhense do qual só descobriu o nome ao fim da transmissão, decidiu passar o chapéu e pedir "uma ajuda aí" dos espectadores aos aliados nas eleições municipais.
Não sei quantas pessoas cabiam naquelas arenas, mas duvido que Bill Clinton ou George H. Bush, os candidatos a presidente dos EUA em 1992, conseguissem levar tantos aficcionados em suas convenções como fazia Nintendo nas inúmeras competições de games no começo dos anos 1990.
Cerca de 6.700 policiais e militares concorrem a cargos de prefeito, vice-prefeito ou vereador nas eleições em 2020. A maioria é filiada a partidos de direita, conservadores e/ou alinhados ao governo federal.
Em busca de um novo mandato como vereador em Mirante da Serra, município do interior de Rondônia, Hilton Emerick de Paiva se tornou uma espécie de Buster Keaton da propaganda política em 2020.
Se dependesse da moral dos candidatos nas redes sociais, Guilherme Boulos (PSOL), Marcelo Crivella (Republicanos), Major Denice (PT) e Goura (PDT) seriam os líderes e favoritos nas disputas para a prefeitura em São Paulo, Rio, Salvador e Curitiba, respectivamente.
De passagem por Campinas, onde conheceu o projeto Sirius, Jair Bolsonaro foi cortejado por dois candidatos a prefeito na quarta-feira 21. Um deles até conseguiu descolar um abraço e um vídeo com o capitão, mas um detalhe fez o troféu ser ironizado pelos adversários em suas redes.
Toda vez que ouço o slogan de Felipe Sabará, candidato (expulso) do Novo à Prefeitura de São Paulo, fico imaginando a reunião do departamento de marketing e trocadilho da campanha.
Em menos de dois minutos, Jair Bolsonaro apareceu sete vezes na propaganda que Marcelo Crivella (Republicanos) levou ao ar na TV na última terça-feira (20). Nas imagens o presidente sorria, abraçava e dançava com o aliado em eventos como a inauguração de uma escola cívico militar.
Se viva fosse, a MTV, ao menos aquela emissora musical que formou uma geração de jovens descolados entre as décadas de 1990 e 2010, faria nesta terça-feira (20) 30 anos.
Em quarto lugar nas pesquisas, com 7% das intenções, segundo o Ibope, o candidato do PSB à Prefeitura de São Paulo, Márcio França, não está exatamente no inferno, mas acaba de abraçar o diabo.
28 de outubro de 2018. Jair Bolsonaro é eleito presidente pelo PSL, partido que emplaca três governadores e multiplica por 52 sua bancada na Câmara —tinha apenas um deputado até então.
A propaganda eleitoral na TV começou há uma semana, mas, a depender das pesquisas Ibope divulgadas na quinta-feira (15), nem memes, nem ataques, nem cenários copiados de outras campanhas parecem ter mudado a cena das disputas em algumas principais cidades do país, certo? Mais ou menos.
Marcelo Crivella é candidato à reeleição no Rio com as bênçãos da Igreja Universal e do presidente Jair Bolsonaro, mas é em Luiz Inácio Lula da Silva que sua campanha parece ter se inspirado na propaganda eleitoral da TV.