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Copa 2018

"É nosso maior desafio psicológico", admite Tite sobre rever a Alemanha

Tite concede entrevista coletiva um dia antes da partida contra a Alemanha - Andre Mourao/MoWa Press
Tite concede entrevista coletiva um dia antes da partida contra a Alemanha Imagem: Andre Mourao/MoWa Press

Danilo Lavieri e Dassler Marques

Do UOL, em Berlim (Alemanha)

26/03/2018 13h28

Tite não fugiu da raia na véspera de Alemanha x Brasil, nesta segunda-feira, em Berlim. O treinador admitiu que, a despeito de ser amistoso, nenhum dos duelos em que dirigiu a seleção até aqui teve um componente tão forte para a cabeça dos atletas como o reencontro com o algoz da Copa do Mundo de 2014. 

"Por tudo que envolve, é o maior desafio psicológico, sim. É cercado de uma série de expectativa. Vem para cá, lembra o título mundial, traz um componente inegável. Traz um componente emocional, sim", confessou o treinador em entrevista no Estádio Olímpico. "Foi falado bastante sobre o momento e a equipe forte da Alemanha [em 2014], a confiança alta, o nível de desempenho. Competiu de forma leal, produziu, traduz o resultado [7 a 1]. Ficamos chateados nos nossos sentimentos e vocês foram melhores. Encaramos de forma verdadeira a realidade dos fatos", disse aos alemães. 

Uma comparação estabelecida foi entre período de trabalho. Löw, que era auxiliar, está no cargo há 12 anos, e Tite ainda não completou dois. "Ele faz 160 jogos amanhã no comando da seleção. Temos 18 jogos. Ele tem todo um trabalho direcionado. É o último campeão mundial e da Copa das Confederações, fazendo mescla de atletas desse nível. Para mim, folga não serve. Serve como preparação", analisou Tite ao ser perguntado sobre Müller e Özil, liberados do amistoso. "Tento minimizar [a diferença], mas com certeza gostaria de ter esses jogos todos também. É o respeito à cultura. A alemã e a brasileira são diferentes na ideia, na preparação, no conceito de manter um técnico com tanto tempo", citou. 

O treinador também falou de variações brasileiras. "Para nós, por vezes é com Renato [Augusto], com Douglas [Costa], é sem Neymar, é com Fernandinho no mesmo sistema, mas com característica diferente. Fernandinho tem origem como articulador, jogou ano passado muitos jogos dessa forma. É a oportunidade da equipe se consolidar e crescer", avaliou. 

Tite ainda comentou mais sobre o volante que será titular como meia. "Fernandinho vive com o City um momento muito qualificado. Jogando em posição mais centralizada, mas já fez função mais adiantada. Precisamos criar situações no momento para crescimento da equipe. Não só dos atletas já dentro do processo, mas aqueles que estão com a gente. Uma observação que com a gente ainda não teve, porque ele entrou alguns jogos com Casemiro, mas não à frente como amanhã. Temos que aproveitar em um jogo dessa grandeza", comentou. 

Confira mais declarações de Tite:

Jogadores do futebol alemão
Douglas passou muito tempo no Bayern é é importante. Rafinha está entre os jogadores que podem estar na Copa. O Wallace teve participação importante na Olimpíada, foi convocado para a principal. Depende do desempenho individual e de uma equipe. A equipe sólida potencializa o atleta individualmente. Serve para Wallace, para o Luiz Gustavo agora na França, para o Naldo [Schalke 04].

Ansiedade a caminho da Copa
Sou um ser humano, reajo de forma natural a todas expectativas. Não sou super homem. Tenho sim uma expectativa alta, mas fico voltado à preparação da nossa equipe, treinamentos, às análises, às estratégias, a qualidade e forma de jogar, e não à Copa. Crescer é uma oportunidade, opções táticas diferentes que eu vinha colocando ao longo do tempo sem mudar o sistema e fazendo ajustes e adaptações.

Não vê evolução desde 2014
Eticamente, o Dani colocou. Seria muito fácil colocar. A equipe de 2014 foi campeã em 2013. É injusto falar do enfrentamento com a Alemanha, é a mesma equipe que fez 3 a 0 com a Espanha. Temos que ter cuidado com as comparações, sou muito ético em relação a isso.

Löw disse que não tinha conselhos a dar para Tite
Gostaria de ouvir, porque sou um ser humano incompleto, ansioso, com uma série de defeitos. Por oras que muda semblante, fica mais concentrado, mas sabe administrar e sabe que tenho agradecimento a um monte de atletas e clubes que me deram a oportunidade de estar aqui após quase 30 anos de atividade. Ele [Löw] foi simpático comigo.

NR.: Na manifestação citada, o treinador alemão disse que Tite tinha experiência e conhecimentos suficientes. 

Cléber Xavier presente nas entrevistas
Por trás de um grande técnico, há uma grande equipe. Representa Fernando [Lázaro], Matheus [Bachi], Sylvinho, Thomás, Maurício...uma série de componentes de comissão que trabalham a bola parada, interpretam os números, dão movimentos. As pessoas por vezes não têm dimensão do quanto o trabalho no futebol é importante e evoluiu. O simbolismo dele nas entrevistas é o trabalho de equipe.

Importância de treinamentos para definir convocados
Os treinos servem para nós. Todo o processo de treinamento a gente consegue aferir. As tomadas de decisão, capacidade mental, a técnica, a rotação, a gente consegue retirar. A gente mede isso. Não o quanto gostaríamos, mas conseguimos. 

Concorrência pela vaga nos 23
Vou ser direto. Existem disputas dentro da equipe e algumas são mais acirradas de titularidade, e outras são de um posto de convocação. Ederson crescendo muito e botando pressão em alto nível, é bom assim. O terceiro está aberto. Os três zagueiros, fecha o olho, um é melhor que o outro. Há uma briga por titularidade, às vezes o fio de cabelo pode determinar. Fernandinho, no setor de meio, como construtor, tem característica, vai competir com Paulinho e Casemiro, com Coutinho por dentro, sim. É um estágio de botar pressão. Willian na vaga de Coutinho e de Neymar botando pressão. 

Confira declarações do auxiliar Cléber Xavier:

Dani Alves capitão
O Daniel é um dos líderes da equipe. Temos vários, e ele é um participativo, com exemplos de vida, conquistas e a forma das conquistas, sempre coloca isso em pauta. Essas passagens por grandes equipes, conquistas...Daniel jogou com Sylvinho no Barcelona. Recebe o Coutinho no Barcelona e conversa com Daniel. É importante na formação do grupo. Cada capitão tem uma forma, a liderança nata, de comando, ele tem de experiência em passar aos mais jovens.

Alguns vão para a Copa sem fazer tantos jogos
Do jeito que a gente vem trabalhando, a gente pega uma equipe para formar, para buscar classificação e para fazer o time crescer nos amistosos. Com certeza, alguns vão à Copa com pouca minutagem. Encerrado com a Alemanha, seguem as observações para a convocação final. Montamos uma equipe para classificar, uma para desenvolver aspectos, como com Coutinho e Fernandinho na meia.

Tempo é escasso
Em dois anos, que completamos em junho, somando tudo, não dá três meses de trabalho. Foram dois treinos para enfrentar a Inglaterra [em novembro], quatro meses sem ver os jogadores e depois com dois treinos para enfrentar a linha de cinco, e agora Alemanha preparando para jogar com as duas maneiras que a Alemanha joga em dois treinos.  

Trabalho de clube x trabalho de seleção
A realidade da seleção brasileira, de uma seleção, faz com que se reajuste a forma de olhar. Digo que algumas realidades na seleção acontecem. No clube, por vezes, o atleta não está em bom momento e você coloca outro. Aqui, todos estão em bom momento, mas você coloca quem está melhor. Há um nível de excelência. No clube, normalmente, dou três oportunidades para o aleta ter sua melhor condição. Aqui, não dá. 

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