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Copa 2018

Thiago Silva ressurge na seleção em cidade onde quase perdeu a vida

Danilo Lavieri e Dassler Marques

Do UOL, em Moscou (Rússia)

24/03/2018 04h00

A linha de zaga da seleção para a Copa do Mundo está praticamente fechada na cabeça de Tite, com Marquinhos e Miranda consolidados. Outro nome da defesa já dentro do grupo para a Rússia encanta o treinador, que insiste em escalá-lo entre os titulares nos amistosos: Thiago Silva. Após uma lesão no jogo contra a Bolívia, pelas Eliminatórias, e uma partida apenas regular contra o Japão, em novembro de 2017, o zagueiro do Paris Saint-Germain enfim retomou seu status de prestígio e o desempenho esperado por Tite.

Seguro atrás e aparecendo bem na frente, Thiago foi um dos principais nomes da vitória brasileira sobre a Rússia na última sexta (23), em Moscou.

No primeiro tempo, mostrou entrosamento com Miranda e apareceu firme no combate às investidas russas. Na segunda etapa, seguiu bem na zaga e ainda surgiu na área adversária para cabecear a bola que deu origem ao gol do companheiro de zaga – que aproveitou o rebote para fazer 1 a 0.

Com a vantagem no placar, Thiago Silva encarou novos ataques da Rússia e salvou uma bola em cima da linha de gol, mantendo a defesa zerada.

Thiago Silva em chegada ao futebol russo em 2005 - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Com 20 anos, Thiago Silva posa com camisa do Dínamo ao chegar a Moscou em 2005
Imagem: Arquivo Pessoal

“Foi uma partida muito positiva da minha parte, procurando passar segurança. Jogar com caras fortes fica fácil. Dani [Alves], Miranda, Marcelo, Casemiro. Se você falha, vem outro aqui e corrige”, avaliou.

A boa exibição que agradou Tite às vésperas da Copa e deu segurança a Thiago ocorreu justamente em uma das principais cidades da carreira do zagueiro. Ainda que não tenha entrado em campo pelo Dínamo de Moscou, foi na capital russa que encarou o principal drama de sua trajetória. Uma tuberculose que quase lhe custou a vida.

Impossibilitado de voltar ao Brasil por conta do aspecto contagioso de sua doença respiratória, Thiago passou alguns meses na cama de um hospital de Moscou em 2005, quando tinha acabado de chegar ao clube. “Passei momentos que não desejo para a pior pessoa do mundo. Não conhecia quase ninguém na Rússia”, recordou.

Thiago já vinha reclamando de dores no peito quando estava no futebol português, antes da transferência para a Rússia, mas os médicos do Porto não identificaram o problema. Chegando em Moscou, a situação era um pouco mais delicada e demandou o tratamento mais longo.

“Por tudo que passei nesse país, nessa cidade, foi um motivo de grande orgulho esse jogo de hoje. Treze anos depois, sendo titular. Fico muito feliz. Foi um país onde passei uma das maiores dificuldades da vida. O Dínamo manteve a palavra comigo, ficou comigo até o final da minha doença. Me deixa feliz, outras pessoas que estiveram comigo também ficam felizes”, comemorou Thiago, durante entrevista na zona mista após o jogo de sexta (23).

Em alta, Thiago está garantido na Copa. Novamente na Rússia. E muito provavelmente no amistoso da próxima terça-feira (27), contra a Alemanha, em Berlim. Tite Já não esconde internamente o desejo de usar o zagueiro novamente ao lado de Miranda, mesmo com Marquinhos recuperado de lesão que sofreu nas últimas semanas.

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