"Emo", "xarope", "querido": cartunistas mandam a real sobre mascotes

Os mascotes da Copa do Mundo existem desde 1966, quando o leão Willie foi o símbolo da edição disputada na Inglaterra. Ali começou uma tradição que dura até hoje e já originou as mais variadas e curiosas criações.

De laranja de bochechas rosadas, bonequinhos feitos de cubos, seres indecifráveis até o lobo Zabikava, símbolo da próxima Copa do Mundo, já teve mascote para os mais diversos gostos. Mais quais foram os melhores? E os piores?

É difícil responder sem envolver o gosto pessoal e a memória afetiva, mas o UOL Esporte lançou o desafio para nove quadrinistas e cartunistas brasileiros: Adão Iturrusgarai, Caco Galhardo, Allan Sieber, Arnaldo Branco, Fabiane Langona, Ricardo Coimbra, Pryscila Vieira, Miguel Paiva e Junião.

Só Zabikava, poupado de um julgamento antecipado, ficou fora da lista. Confira as respostas.

Adão Iturrusgarai

Publica na Folha de S.Paulo, no blog A Vida Como Ela Yeah e já colaborou com diversos veículos.
 

Os melhores

“Tip e Tap é o melhor. Seguido do Footix, que lembra o Pica-Pau.”

Os piores

“Ciao é o mais xarope de todos. E esse trio, Ato, Kaz e Nik, não me diz nada. Eu tendo mais aos antigos. Os novos são meio bunda. Parecem personagens de quadrinhos comerciais.”

Caco Galhardo

Publica na Folha de S.Paulo, colabora para diversos veículos e para o site de animações Cartoon Network.

Os melhores

“O melhor, disparado, é o Naranjito. Além de ser o mais simpático, é o único que parece ter alguma alminha dentro do universo de personagens criados para campanhas de marketing. Depois fico com o Pique. De longe, lembra um desenho do Henfil.”

Os piores

“O pior é o Ato, Kaz e Nik. Se bem que essa trinca acaba ficando até legal de tão bizarra. Na verdade, Goleo é o pior. Detesto 3D."

Arnaldo Branco 

Jornalista e cartunista, criador das tiras “Mundinho Animal” e dos personagens "Capitão Presença" e "Joe Pimp". 

Os melhores

O melhor evidentemente é o Naranjito (82), seguido pelo da Argentina em 78. Não sei se tem algo a ver com a memória afetiva das primeiras Copas que lembro, ou se é porque os dois têm esse jeito de personagem de quadrinho, coisa em que eu era fissurado quando criança, mas dá pra ver que os criadores se esforçaram para criar personagens carismáticos. Nesse sentido, acho que vale uma menção honrosa pro Fuleco, que odiei quando lançaram, mas que acabou contaminado pelo élan brasileiro na Copa passada."

Os piores

"Os dois piores são aquele cubo mágico desmontado da Copa da Itália em 90 e os pokemons translúcidos da Copa da Coréia/Japão em 2002. Esses, eu tive que googlar pra lembrar como eram, de tão inexpressivos."

Fabiane Langona

Conhecida anteriormente como “Chiquinha”, publica a tira diária "Viver Dói" na Folha de S.Paulo e já teve seus desenhos publicados em veículos como revista piauí, TPM, Mad e Bravo!

Os melhores

“O mais bonito, sem sombra de dúvida, é o Naranjito. A carinha de simpatia já diz tudo. Um clássico. Pode ser, inclusive, um mascote de suco de laranja artificial. Amo. O Pique também, jeito de querido e entra nessa categoria mascote aliado ao paladar. Gosto.”

O pior: Ato, Kaz e Nik

“O (os, no caso) mais feio é esse da Coréia, Ato, Kaz e Nik. A feição deles me lembra aquele estilo de pessoa chata que fala sem parar, cuspindo e pondo a mão no ombro. E o pior de tudo, andando em grupo. Eu sairia correndo.”

Allan Sieber

Roteirista, quadrinista, cartunista e diretor de animação, colabora como publicações como Folha de S.Paulo e revista piauí.

Os melhores

“Naranjto tem poder de síntese, cara de cartum brasileiro. Striker é estilo Hanna-Barbera, anos 60, clássico.”

Os piores

“Zakumi é um leãozinho emo metrossexual escroto. O Fuleco, além de ser um tatu, é um tatu mal desenhado.”

Pryscila Vieira

Cartunista paranaense já colaborou com UOL e Folha de S.Paulo, entre outros veículos, e é a criadora do canal do YouTube “Prysciladas”.

Os melhores

“Ato, Kaz e Nik são três criaturas extraterrestres originadas das boas vibrações terráqueas, principalmente as emanadas durante os jogos de futebol. Pra que ser comum, não é mesmo? Pra que buscar histórias no quintal de casa, se temos o universo pra explorar? Achei consistente o conceito e o desenvolvimento visual."

“Apesar de o nome ser meio fuleiro, eu considero o Fuleco o melhor de todos os mascotes das Copas do Mundo pelo desenho caprichoso e pelo conceito sem lacunas. Ele é, sobretudo, fofinho. Temos vontade de abraçar e de conhecer mais sobre este personagem. Ele manda o recado somente existindo.”

Os piores

“Na criação de uma personagem que representa um evento mundial, considero um erro escolher e definir um estereótipo humano e se ater ao regionalismo. Ok, queremos que os visitantes e o mundo conheçam um pouco mais sobre o país que sedia o evento. Mas não precisa ser tãããooo regionalista (sobre o Gauchito).”

“Esse mascote (Ciao) me causa calafrios. Na verdade, ele é frio. É um empilhamento de cubos que, sofregamente, formam uma pessoa. Ele é cheio de arestas que parecem que vão me cortar. Dá medo de pedir horas para alguém assim… quem dirá ABRAÇAR um cara assim. Absolutamente desprovido de empatia, o Ciao.”

Miguel Paiva

Cartunista, roteirista, escritor e jornalista, entre outras atribuições, é o criador de personagens como Radical Chic e Gatão de Meia Idade.

O melhor: Ciao

Os piores: praticamente todos os demais. 

“De fato, nunca fui um admirador desses mascotes. Não sei se a ideia é se dirigir ao público infantil, mas, assim mesmo, é fazer pouco das crianças. São todos feios, uns horrorosos como os da Copa de 94 ou o de 86. O melhor, pra mim, é o que foge desse padrão, o de 1990 da Itália. É feito de Lego, creio eu, e é minimamente criativo. Sem comentários para o Fuleco. Nome e pessoa.”

Ricardo Coimbra

Publica suas tiras na Folha de S.Paulo e no blog “Vida e Obra de Mesmo”. 

Os melhores

“Gosto do Naranjito, é carismático, simples, traço bonito, parece Hannah-Barbera. E o melhor de todos pra mim é, sem dúvida, o Fuleco, da Copa do Brasil em 2014, que, desde o nome até o design, traz a precariedade estética e a excelência em mau gosto que só o Brasil sabe proporcionar.”

Os piores

“Os mascotes da Copa de 2002 no Japão e Coréia parecem mascotes de empresa de telefonia celular, e o Zakumi, da Copa de 2010 na África do Sul, tem essa onda meio mangá fofo."

Junião

Cartunista e ilustrador, colabora para a Ponte Jornalismo e é autor do livro infantil “Meu Pai Vai me Buscar na Escola”.

Os melhores

“Naranjito é questão de memória afetiva. Foi a primeira Copa que eu assisti e, como eu era moleque, pirava com o desenho do mascote. O de 98 eu gostava da forma mesmo, bem simples e que comunica bem.”

Os piores

“O troféu de mais tosco vai ficar com os da Copa de 94 (EUA) e de 2006 (Alemanha). O dos EUA eu achei bem chutado, feito às pressas. O da Alemanha tá muito fofinho, parece bicho de pelúcia. Estaria perdoado se o mascote estivesse com um copo de cerveja...”