Rússia alinha discurso de país acolhedor, mas faz sorteio frio e pragmático
Do discurso do presidente Vladimir Putin ao roteiro lido pelos apresentadores, a Rússia usou o sorteio dos grupos da Copa de 2018, nesta sexta-feira, para tentar se desvincular de características marcantes, mas pouco animadoras, do país-sede do próximo Mundial: a frieza e a aversão a estrangeiros.
"Todos os que vieram pelo menos uma vez à Rússia sabem que recebemos bem os nossos amigos. Consideramos todos os torcedores os nossos amigos.", bradou Putin sobre a nação que comanda, uma das campeãs em casos de injúria racial e xenofobia no futebol mundial. "As pessoas verão um país quente, caloroso e receptivo", ajudou Gianni Infantino, presidente da Fifa.
Não colou. Diante da nata do futebol mundial presente no Kremlin e com transmissão para bilhões de telespectadores pelo mundo, o que a Rússia mostrou em pouco mais de uma hora de sorteio foi justamente o que se suspeitava: frieza e objetividade. E ainda teve Putin "mandando" Infantino colocar o fone de ouvido para a tradução simultânea, já que seu discurso seria feito em russo.
Os anfitriões prometeram que o sorteio estaria concluído em até uma hora de festa e executaram o tempo de cerimônia precisamente. Do momento em que os astronautas da Agência Espacial Federal terminaram a contagem regressiva diretamente do espaço até o apagar das luzes para a apresentação musical final, com os grupos já formados, foram exatos 60 minutos.
Ao contrário de quatro anos atrás, quando o Brasil promoveu um evento colorido e festivo para definir a tabela das seleções, a Rússia foi pragmática. A maior ousadia foi a apresentação de um bailarino que interagia com projeções de luzes no palco. As apresentações musicais foram chochas.
Os apresentadores do sorteio, o ex-jogador inglês Gary Lineker e a jornalista russa Maria Komandnaya, levaram à risca o nome da função. Só apresentaram. Praticamente não houve margem para interações, improvisos ou protagonismos - o oposto do sorteio de dezembro de 2013, quando Fernanda Lima foi o centro das atenções da cerimônia da Copa brasileira e causou furor nas redes sociais.
Um dos ex-jogadores convidados para auxiliar no sorteio, o argentino Diego Maradona tentou quebrar o gelo, fosse pelo visual, com uma chamativa gravata borboleta amarela, ou com um gesto ou outro durante a escolha das bolinhas. Nem a sutil provocação de Lineker ao argentino pelo gol ilegal na Copa de 1986 ("Maradona, sempre bom com as mãos") foi capaz de romper o sisudo evento desta sexta-feira.
Que de fato não falte na Copa do Mundo o calor humano que os russos ficaram devendo neste sorteio.
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