Copa 2018

Por que Tottenham e Pochettino são a "arma secreta" da nova seleção inglesa

Mike Hewitt/Getty Images
O argentino Mauricio Pochettino comanda o Tottenham desde 2014 Imagem: Mike Hewitt/Getty Images

Ana Carolina Silva

Do UOL, em São Paulo

12/11/2017 04h00

Assim como a imprensa local, o técnico da Inglaterra, Gareth Southgate, não economiza nos elogios ao trabalho que o argentino Mauricio Pochettino faz no Tottenham. A preferência do treinador por jogadores ingleses no clube londrino é vista como fundamental para a reconstrução da seleção campeã mundial, que enfrenta o Brasil nesta terça (14), às 18h (de Brasília), em Wembley.

Para começar, o comandante da Inglaterra já elogiou a forma física com a qual os atletas do Tottenham se apresentam; tal preparação é atribuída ao próprio Pochettino e ao auxiliar Jesus Perez, dupla que já começa a entrar na mira de clubes como o Real Madrid.

"A principal mudança foi física. Desde que o Mauricio chegou ao Tottenham, o trabalho de condicionamento feito por lá vem melhorando a qualidade do time, e o Harry [Kane] se beneficia muito disso", avaliou Southgate, que também recebeu outros "presentes" dos Spurs, como Dele Alli – embora ele e Kane sejam desfalques contra o Brasil, assim como Sterling, do Manchester City.

O trabalho físico elaborado pelo técnico argentino e seu auxiliar espanhol também ajuda no desenvolvimento tático da equipe londrina, que, agora, tem explosão física suficiente para manter o ritmo de intensidade e pressão que Pochettino e Southgate apreciam. "Nós notamos uma diferença definitiva que permite que o Tottenham pratique o futebol de pressão que deseja", disse o técnico da Inglaterra.

Julian Finney/Getty Images
O técnico da Inglaterra elogia, agradece e aplaude o trabalho de Pochettino Imagem: Julian Finney/Getty Images

Desde que chegou à Premier League para comandar o Southampton, em janeiro de 2013, Pochettino foi na contramão dos rivais ingleses e optou por não fazer grandes contratações nas janelas internacionais. "Nós somos um clube inglês e, para mim, é importante manter esta cultura. Você não pode ser um clube inglês e usar cultura argentina ou francesa", explicou o argentino, que se inspira no que Alex Ferguson fez no Manchester United ao investir em nomes como Giggs, Scholes, Neville e Beckham.

Quase um garoto perto do veterano Ferguson, o argentino de 45 anos preferiu investir no desenvolvimento dos jovens britânicos e obteve sucesso até agora: dos 28 atletas que estrearam pela seleção inglesa desde 2013, 14 foram treinados pelo argentino em algum momento da carreira. Dentre estes, 11 ainda eram comandados por Pochettino quando foram convocados.

Ou seja, se Southgate quisesse, poderia escalar um time titular inteiro somente com jogadores que trabalharam com o atual técnico do Tottenham. Com certa liberdade criativa, vamos imaginar a escalação: Fraser Forster; Trippier, Chambers, Dier e Luke Shaw; Danny Rose, Ryan Mason, Lallana e Dele Alli; Jay Rodriguez e Harry Kane. Ainda haveria um mini banco de reservas com Nathaniel Clyne, Rickie Lambert e Ward-Prowse.

Shaun Botterill/Getty Images
Dele Alli e Harry Kane: companheiros de Tottenham e esperanças da Inglaterra Imagem: Shaun Botterill/Getty Images

Ninguém está dizendo que a Inglaterra se tornou favorita da noite para o dia, ou que sequer seja postulante ao título em 2018. Mas estamos falando de uma equipe que, vale ressaltar, foi a última colocada do grupo D na Copa do Mundo de 2014. É bem verdade que o sorteio não ajudou muito quando a colocou ao lado de Costa Rica, Uruguai e Itália, esta também eliminada na primeira fase e com risco de não ir à Rússia no ano que vem, mas a mudança de rumo e planejamento no English Team é evidente.

Três anos depois, a base da equipe parece ter mudado radicalmente, assim como os resultados: a Inglaterra se classificou com relativa tranquilidade para o Mundial do ano que vem, com oito pontos de vantagem sobre a segunda colocada de seu grupo nas Eliminatórias, a Eslováquia.

Foi a segunda melhor campanha europeia da etapa classificatória, com apenas dois pontos a menos que a Alemanha, com a qual empatou nesta sexta – atual campeã mundial e, portanto, dona de uma base muito mais sólida e estruturada que a seleção inglesa.

"A minha identidade como treinador do futebol consiste em dar essa oportunidade [de jogar pela seleção] aos meus jogadores", disse Pochettino. O maior exemplo disso é Harry Kane, cuja ascensão meteórica nas últimas temporadas o colocou como principal nome de uma seleção que vinha carente de referências decisivas.

Antes dele, o último jogador a criar tanta expectativa havia sido o polêmico Rooney, que pouco correspondeu quando atuou pelo English Team. Agora aos 32 anos, o atacante do Everton só conquistou um único título pela seleção, e o fez em um torneio amistoso organizado pela própria FA em 2004. Na ocasião, o Japão só não ficou com a taça porque teve saldo de gols inferior.

Talvez tenha sido aquele o principal momento de brilho de Rooney, já que o atacante polivalente balançou a rede duas vezes na goleada por 6 a 1 sobre a Islândia, único jogo em que marcou, e recebeu elogios de jornais britânicos por ter respondido aos críticos que já o incomodavam na época. O problema, como sabemos, é que eles voltariam com o tempo e não parariam mais – a não ser que Pochettino tire mais algumas cartas da manga.

Alex Livesey/Getty Images
O jovem Rooney não correspondeu às expectativas com a camisa da seleção Imagem: Alex Livesey/Getty Images

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