O desempenho do Brasil na última Copa do Mundo é assunto recorrente na preparação da atual delegação para a disputa do Mundial na África do Sul, que começa no dia 11. A comissão técnica tem usado o exemplo negativo da Alemanha-2006 para blindar a seleção brasileira. Alvo indireto de críticas, o técnico Carlos Alberto Parreira desabafou e apontou sobrepeso de astros e desinteresse como fatores para a queda do time nas quartas de final.
Ronaldo (e) e Adriano se apresentaram à seleção brasileira acima do peso para Copa do Mundo-2006
Criticada preparação para a Copa-2006 em Weggis, na Suíça, teve invasão de torcedora durante treino
Técnico da África do Sul, Parreira barrou McCarthy, referência ofensiva do time, por causa de sobrepeso
Em entrevista exclusiva ao blog de Cosme Rímoli, o ex-treinador da equipe verde-amarela dividiu a responsabilidade pela eliminação diante da França. “Não perdi a Copa de 2006 sozinho. Chega disso! A mídia vem insistindo há quatro anos. Quatro anos a mesma história! Vamos parar de hipocrisia! Tenho parte na culpa. Formei uma seleção maravilhosa que ganhou a Copa América, ganhou a Copa das Confederações vencendo a Alemanha e Argentina. E classifiquei o Brasil três jogos antes do final das eliminatórias”, disse.
“Não posso fazer nada se jogadores são irresponsáveis a ponto de chegar para uma Copa do Mundo pesando 100, 101 quilos. Isso não tem cabimento. Na Alemanha eu tive nas mãos um time sem comprometimento, sem ambição, jogadores enriquecidos, não se preocupando de verdade com a competição. Atletas que não perceberam ou que esqueceram o que significa ganhar a Copa. Um time de barriga cheia. Cansado de conquistas. Se a legislação da Fifa permitisse, eu teria até tirado alguns deles do grupo”, completou Parreira, que preferiu não citar nomes. Na época, Adriano e Ronaldo se apresentaram acima do peso.
Atual técnico da África do Sul, Parreira barrou a principal referência ofensiva do time para a Copa de 2010. O campeão do mundo em 1994 deixou Benni McCarthy de fora da lista dos 23 jogadores que defenderão a equipe anfitriã justamente por causa de sobrepeso.
Parreira também se eximiu de culpa na festiva e criticada preparação em Weggis, na Suíça. “É evidente que não poderia dizer não para Weggis. Nenhum técnico poderia. Basta as pessoas pensarem um pouco. É mais simples culpar o Parreira, o Zagallo. Mas às vezes eu fico assustado como as pessoas buscam explicações simplórias para as coisas. A preparação não foi a ideal. Pelo contrário até. Mas é muito pobre pensar que o Brasil perdeu a Copa pelo que aconteceu em Weggis. Foi pela falta de ambição e falta de comprometimento de jogadores fundamentais. Por pesar mais de 100 quilos...”
O técnico justificou ainda as baladas dos jogadores durante a Copa de 2006. “A imprensa brasileira caiu nesta desculpa fácil, infantil. E mentirosa. Ou os jornalistas não sabiam que em 2002, com o Felipão, os jogadores também iam aproveitar suas folgas após os jogos? E voltavam de madrugada como em 2006? Em 1970 já era assim. Em 1994 também. Os jogadores sempre saíram depois das partidas e voltavam de madrugada. Eu vou participar da minha oitava Copa e aprendi uma coisa. Quando o time perde tudo é desculpa. Mas quanto ganha tudo estava certo. Futebol é assim. Essas folgas que todos falam até hoje sempre aconteceram. Sempre. Não fui eu quem inventei. E sei que o Brasil não perdeu a Copa por causa delas. E digo mais, grupo nenhum fica preso na concentração por 40, 50 dias. Isso não existe”.
Parreira ainda falou sobre o fatídico lance de Henry, em que o lateral-esquerdo Roberto Carlos é apontado por muitos como o responsável pelo gol que sacramentou a eliminação nas quartas diante dos franceses. “O Roberto Carlos tem um metro e meio. O lugar dele nunca foi dentro da área em faltas levantadas para a área. Ele deveria estar na frente, esperando o rebote. Mas atento. Estar arrumando as meias mostrou displicência. Mas ele não deveria estar marcando o Henry, que mede o dobro dele. Houve um erro coletivo dos nossos jogadores altos. Não dele. O Roberto Carlos não merece essa culpa que querem jogar nos ombros dele. Eu era o técnico e o absolvo. Só critico a displicência. Bola em jogo não se deve ficar arrumando meia”, opinou.
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