Ex-empresário de Denílson é pego em escuta com agente da máfia do ingresso

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Bruno Braz/UOL

    Ligação de Luiz Vianna para Fofana levanta suspeita sobre ligação com máfia

    Ligação de Luiz Vianna para Fofana levanta suspeita sobre ligação com máfia

O empresário do futebol Luiz Vianna está sendo investigado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro por causa de suspeitas de ligação com a máfia do ingresso. Policiais interceptaram conversas telefônicas em que Vianna, que já foi representante do ex-jogador Denílson, trata da compra de bilhetes do Mundial com argelino Mohamadoud Lamine Fofana, acusado de ser o número 2 da quadrilha que vendia entradas da Copa.

Trechos de conversas entre Vianna e Fofana foram divulgados nesta quinta-feira (17) pelo jornal "Extra". O empresário pergunta a Fofana o preço de ingressos da Copa e, depois, diz que informaria o valor dos ingressos a uma terceira pessoa. Isso seria um indício de que Vianna também integrava o esquema ilegal de venda de bilhetes.

Devido à suspeita, Vianna foi convocado a depor nesta quinta na 18ª DP (Delegacia de Polícia) do Rio. É lá que estão centralizadas às investigações sobre a máfia do ingresso.

Vianna compareceu à delegacia. Conversou por cerca de duas horas com policiais e depois com jornalistas. Para a imprensa, ele negou ter cometido qualquer ato ilegal.

"Eu nunca trabalhei com venda de ingressos", afirmou. "Muitos amigos me perguntavam das entradas e eu indicava o Lamine porque ele me mostrou documentos de que era um revendedor autorizado. Eu achava que o que ele fazia era normal."

Vianna confirmou que mantinha relações com Fofana, frequentava festas com o argelino e até o ajudou a encontrar um imóvel para que ele ficasse no Rio durante a Copa. Ele ressaltou que fez isso porque queria negociar jogadores com Fofana –o argelino também é empresário do futebol--, e não porque buscava ganhos com a venda de ingressos.

"Participei do almoço que Lamine ofereceu e convidei ex-jogadores para o evento. Eu mantinha relações com ele", afirmou. "Eu tinha interesse de vender jogadores para ele."

Operação Jules Rimet

A operação que descobriu o esquema foi batizada de Jules Rimet, em alusão ao nome do primeiro presidente da Fifa. Ela é resultado de pelo menos um mês de investigações da polícia e Ministério Público.

Cerca de 200 ingressos foram apreendidos na ação, além de dinheiro e máquinas para pagamento em cartão de crédito. Os bilhetes pegos pela polícia eram reservados pela Fifa a seus patrocinadores, a clientes de pacotes de hospitalidades (camarotes) e até a membros de comissões técnicas de seleções. Dez ingressos, inclusive, eram reservados as integrantes da comissão técnica da seleção brasileira.

Segundo Polícia Civil, a quadrilha vendia ingressos por até R$ 35 mil. Com isso, lucrava até R$ 1 milhão por jogo. Na Copa, o grupo poderia faturar R$ 200 milhões.

Doze pessoas já foram presas preventivamente acusadas de fazer parte da quadrilha. Entre elas, o inglês Raymond Whelan, diretor executivo da Match Services, empresa parceira da Fifa.

Novo recurso

A defesa de Whelan entrou nesta quinta com um novo pedido de soltura para o executivo. O processo tramita no STJ (Superior Tribunal de Justiça), em Brasília.

Os advogados de Whelan pedem que a prisão do inglês seja suspensa até o TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) julgue um habeas corpus para o executivo. Os defensores de Whelan querem que o pedido seja avaliado de forma liminar (urgente). Se a prisão for mesmo suspensa, Whelan poderia deixar o presídio de Bangu 10.

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