Quer Mourinho ou Guardiola na seleção? Salário assusta, mas CBF pode pagar

Danilo Valentini e Ricardo Perrone

Do UOL, em São Paulo

Inicialmente descartada pela cúpula da CBF, a contratação de um técnico estrangeiro passou a ser analisada – apesar de ainda não ser a opção mais forte. Além de quebrar a escrita da seleção brasileira de ter treinadores nacionais, a chegada de um profissional do exterior provavelmente mudaria a política salarial da entidade.

A CBF costuma pagar menos para seus técnicos do que os principais clubes do país. Não bastasse isso, os nomes mais desejados pelos torcedores que apoiam um comandante estrangeiro ganham muito mais. Dinheiro, porém, não é problema: basta José Maria Marin abrir o cofre e destinar parte do lucro da entidade que preside para trazer um treinador de outro país.

De acordo com a Pluri Consultoria, Pepe Guardiola, do Bayern de Munique, um dos preferidos de parte da torcida brasileira, ganha R$ 51,7 milhões anuais. Mensalmente, embolsa R$ 4,2 milhões. Mano Menezes, antecessor de Luiz Felipe Scolari, não ganhava isso num ano. Ele recebia cerca de R$ 300 mil por mês, conforme o UOL Esporte apurou. O salário de Felipão é mantido sob sigilo pela CBF. A entidade costuma pagar valores inferiores ao de mercado para seus técnicos, sob a alegação de que após treinarem a seleção brasileira eles conseguirão propostas para receber muito mais.

Apesar de o salário de Guardiola ser incompatível com o que a CBF costuma oferecer, a quantia é inferior ao lucro obtido pela entidade. Em 2013, ele foi de R$ 55,6 milhões. Ou seja, se tivesse que pagar a mesma quantia que o espanhol ganha hoje, sobraria ainda R$ 3,9 milhões.

Em tese, a situação da CBF seria menos desconfortável financeiramente se escolhesse o português José Mourinho, nome ventilado por dirigentes da entidade, como substituto de Felipão. Também de acordo com a consultoria, o português do Chelsea recebe R$ 30,19 milhões por ano, R$ 2,51 milhões por mês. Se pagasse esse salário, a confederação ainda ficaria com R$ 25,41 milhões, levando-se em conta os dados financeiros de 2013.

Mas nem todos os estrangeiros que chamam a atenção dos cartolas brasileiros ganham mais do que a CBF está acostumada a pagar. É o caso do técnico da Argentina, vice-campeã do mundo, Alejandro Sabella, que foi sondado pela CBF, mas disse que não conversaria agora porque quer primeiro descansar, segundo o Blog do Rodrigo Mattos. Ele ganha R$ 154,3 mil mensais, de acordo com ranking dos salários de treinadores que disputaram a Copa do Mundo feito pelo jornal inglês Daily Mail. Uma pechincha para a entidade, que registrou em 2013 receitas no valor de R$ 436,5 milhões, sem contar operações financeiras.

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