Invenção no lado esquerdo fecha sequência de trocas fracassadas de Felipão

Paulo Passos

Do UOL, em Brasília (DF)

  • AFP PHOTO / EVARISTO SA

    Thiago Silva segura Robben e o árbitro marca pênalti a favor da Holanda

    Thiago Silva segura Robben e o árbitro marca pênalti a favor da Holanda

A despedida do Brasil na Copa do Mundo, na derrota para a Holanda, marcou também o último experimento frustrado de Luiz Felipe Scolari na seleção brasileira durante o torneio. Antes da derrota por 3 a 0, o técnico mudou a lateral esquerda. Marcelo foi para o banco de reservas e Maxwell entrou no time. Os três gols sofridos pelo time saíram justamente de jogadas por esse setor do campo de defesa do Brasil.

Mudanças de jogadores para corrigir problemas do time que não deram certo foram uma constante na seleção brasileira durante a Copa. Na primeira fase, Felipão mexeu apenas no segundo jogo, quando sacou Hulk, mas a troca foi justificada por causa de dores musculares que o atacante sentia. A primeira troca de peças por opção do treinador ocorreu no jogo contra o Chile. Felipão tirou Paulinho e colocou Fernandinho. A ideia era melhorar a saída de bola no meio campo. Não funcionou, mas o Brasil passou nos pênaltis para as quartas de final.

Contra os colombianos, Scolari barrou Daniel Alves. Até então, o Brasil tinha levado três gols na Copa. Dois deles foram em lances com falhas do lateral do Barcelona. Maicon entrou contra a Colômbia, mas não conseguiu dar a segurança defensiva que Scolari pretendia. No lance do pênalti que resultou no gol colombiano, era o jogador da Roma quem dava condições para o atacante rival avançar na área.

Depois de mexer na direita e no meio, Felipão resolveu mudar o lado esquerdo do time após a goleada sofrida para a Alemanha. Os cinco primeiros gols do que o técnico definiu como "pane" no primeiro tempo do jogo nasceram em jogadas no setor do campo onde estava Marcelo, sacado do time na disputa do terceiro lugar.

Entre o vexame para a Alemanha e a derrota para a Holanda, Felipão teve três dias para trabalhar seu time. Em apenas um, na sexta-feira, colocou os jogadores titulares para treinar na Granja Comary, em Teresópolis. Foi ai que testou uma mudança, segundo ele, providencial que faria para a disputa do terceiro lugar.

"Inventei o Marcelo como falso ponta direita no treino, com pé esquerdo, para imitar a jogada de um grande jogador. Para mim, o melhor jogador do Mundial: Robben", contou o técnico na véspera da partida. "Imitamos a jogada para ter um posicionamento e tudo mais, mas não teve treino para escalar ninguém", completou.

Uma coisa Felipão não errou: a sua avaliação. Robben foi escolhido o melhor em campo na vitória sobre o Brasil. Mas o técnico só conseguiu parar o atacante holandês depois do jogo, na sala de imprensa, após ele receber o troféu de melhor em campo. Scolari o puxou pelo braço e o cumprimentou. Conversaram durante cerca de um minuto.

Em campo, a seleção não conseguiu impedir os avanços do jogador do Bayern de Munique. Foi numa arrancada sua, após receber passe de Van Persie, no primeiro minuto da partida que Thiago Silva fez pênalti, convertido pelo atacante do Manchester United.

Os outros dois gols holandeses também nasceram em lances que tiveram Robben pelo lado direito de ataque da Holanda. O mapa de calor com dados oficiais da Fifa, que indica a área do campo onde o jogador mais atuou, mostra que ele esteve a maior parte do tempo no lado esquerdo de defesa do Brasil, vencendo disputas diretas com Maxwell.

Após a partida, o holandês chegou a afirmar que teve mais espaço para jogar contra o Brasil do que no empate com a Argentina, pelas semifinais.

"Contra Argentina foi diferente, hoje deram mais espaço pra gente. Tenho muito orgulho do nosso jogo. Preciso elogiar a equipe, merecia mais e agora estou esgotado. A gente deu tudo o mês inteiro. A gente merecia jogar a final", disse o holandês.

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