Torcedoras ficam até 24 horas na porta de hotel do Brasil e saem frustradas

Aiuri Rebello

Do UOL, em Brasília

Eles gritaram, choraram, ameaçaram invadir, demonstraram paciência e resistência - alguns ficaram ali por mais de 24 horas - e outros até pularam a cerca, mas não teve jeito. Nenhum dos torcedores - na sua maioria meninas adolescentes e famílias com muitas crianças - que foi ao hotel conseguiu ver de perto, falar, pegar um autógrafo ou ter qualquer tipo de contato com os jogadores da seleção brasileira enquanto a delegação ficou no Brasília Palace - onde o time está hospedado na capital federal para o confronto contra a Holanda na disputa do terceiro lugar da Copa do Mundo, no estádio Mané Garrincha, às 17 horas deste sábado.

Nem parecia que a multidão de cerca de 500 pessoas que recebeu o time no final da tarde de sexta-feira (11) no local esperava uma equipe que foi goleada por sete a um pela Alemanha no começo da semana e desclassificada da Copa. O ônibus com a delegação foi recebido com festa e histeria, assim como na saída da equipe para o estádio, por volta das 15h deste sábado. De novo, pelo menos 500 torcedores estavam no local para apoiar o time, sob forte esquema de segurança.

Aos gritos de "David Luiz, cadê você, eu vim aqui só para te ver", e "O seleção, cadê você, estou aqui para te ver", e ainda "Felipão, libera a seleção" - dentro diversos outros gritos e guerra - as torcedoras pediam em vão pela presença de algum jogador na cerca. O cima era de festa e apoio total. Mas o máximo que conseguiram foram acenos de alguns jogadores quando estes passavam lá embaixo, em um túnel de vidro dentro do hotel.

Quando a noite caiu na sexta-feira, pelo menos quatro adolescentes conseguiram pular a cerca e tentaram correr em direção ao hotel gritando o nome de jogadores. Não deu certo e foram todas contidas rapidamente pelos policiais federais e homens das Forças Armadas que fazem a segurança à paisana no local. De madrugada, a maioria foi embora e começou a voltar a partir do início da manhã.

Mas não as estudantes Thaynara Melo, de 22 anos, Bianca Amorim, de 22, e Kimberly Amorim, de 20. Elas passaram a noite ali, em três pontos diferentes da cerca do hotel. "No meio da noite, ligaram o sistema que rega a grama e tivemos que sair correndo para outro lugar", conta Thaynara, que chegou de Anápolis, município de Goiás no entorno do DF, de ônibus e estava ali desde o meio-dia de sexta-feira e só desistiu sem sucesso depois que a seleção foi para o estádio.

No meio da noite, ela conheceu as primas Bianca e Kimberly, que também planejavam o pernoite na área, e resolveram ficar juntas. "De manhã achamos um outro hotel mais ou menos perto", conta Bianca. "Conseguimos tomar um banho rápido bem cedo e voltamos para cá", dizia ela enquanto ainda aguardava na cerca, antes do ônibus do time seguir para o estádio.

"Não é por que perdeu uma partida de sete a um que vamos deixar de gostar e apoiar o time. Estamos aqui por que gostamos deles, acreditamos neles e queremos mostrar que estamos com eles mesmo na derrota. Para sempre seleção", disse Thaynara.

Com o passar da manhã, parte dos presentes começou a ficar impaciente, a cobrar a presença de alguém e até a reclamar da falta de atenção. "Poxa, estamos o dia todo aqui, não custava nada vir dar um oi. Eles perdem de novo, a gente apoia e eles nem para vir aqui", reclamava a estudante Lúcia Rodrigues, de 17 anos.

Qualquer movimentação dentro do hotel era motivo de gritos e histeria. Quando o ônibus saiu rumo ao estádio, mais gritos, correria, aplausos e muito apoio para o time. "Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor...", cantaram alguns em coro. Após a partida do time, a multidão se dispersou em poucos minutos.

O trio de estudantes que passou a madrugada lá ainda ficou por ali mais um tempo, sem saber direito o que fazer depois que os jogadores e todo mundo foi embora. Por fim, seguiram para um ponto de ônibus próximo e combinavam algum lugar para assistir ao jogo.

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