Felipão repete expediente e "conduz" entrevista de Thiago Silva

Gustavo Franceschini e Paulo Passos

Do UOL, em Brasília

Como já havia feito em situações anteriores na Copa do Mundo, Luiz Felipe Scolari não se contentou em dar apenas a sua entrevista no dia anterior ao jogo. Acompanhado, como de praxe, de um jogador do elenco, o treinador se mostrou agitado e "conduziu" Thiago Silva, que o acompanhou nos microfones nesta sexta-feira, em Brasília, onde o Brasil joga neste sábado com a Holanda.

"Não, desculpa. O Thiago não vai dizer na minha frente se sim ou se não. Não vai me criticar na minha frente", disse o treinador da seleção brasileira, tentando poupar seu capitão de ter de responder sobre o futuro comandante da seleção, que pode ser o próprio Felipão.

Foi só a primeira de mais duas intervenções, sempre tentando apontar o melhor caminho para o zagueiro nas respostas. É a verve de pai que Scolari não consegue esconder desde o começo da Copa, ainda mais em um assunto que lhe é tão caro: a imprensa.

Sempre preocupado com a repercussão do que diz e as críticas e elogios que recebe, Felipão adotou uma postura intervencionista sempre que pôde nas entrevistas coletivas antes dos jogos, quando invariavelmente tem a companhia de um jogador. Na primeira delas, com Neymar, no Itaquerão, ele se soltou.

"Tu falaste uma coisa que eu queria responder do Neymar", disse Felipão, ao ouvir o atacante ser questionado sobre como reagiria caso fosse caçado em campo. "Isso é assunto do árbitro. Ele está lá para resolver isso", disse Felipão à época, dando a dica para que o camisa 10 fosse pela mesma linha na resposta.

Nesta sexta, sua intervenção na pergunta deu mais ou menos certo. O capitão da seleção não deixou de responder, mas seguiu a linha do chefe e falou em união do grupo. "Não é porque ele está do meu lado. Já falei pra ele, na frente do grupo, que confiamos nele", disse Thiago Silva.

Felipão ainda entraria na frente do zagueiro em mais duas oportunidades, sempre apontando o caminho para Thiago Silva. Primeiro aproveitou que ele respondia sobre a motivação diante da Holanda e "lembrou" seu comandado que ele estava em campo, ainda que no banco de reserva, quando o time laranja eliminou o Brasil da Copa do Mundo há quatro anos.

No fim, se assustou quando um repórter questionou Thiago sobre a ausência do Maracanã no roteiro do Brasil. Na pergunta, o jornalista acrescentou o comentário de que a CBF participou da escolha da tabela e não quis atuar no Rio de Janeiro nas rodadas iniciais. Uma declaração mal interpretada poderia colocar o zagueiro em maus lençóis, caso parecesse que ele criticou a confederação. Era um risco que Felipão não podia correr.

"A CBF não tem escolha. Ela poderia, em um arranjo no início da competição, ter jogado o primeiro jogo no Maracanã. Mas aí é assunto da Fifa, que não compete a nós. Jogamos em outros estádios com espetáculo melhor, muito bons. Andar pelo Brasil foi muito bom para nós, pelo menos para mim", disse Felipão. 

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