O que a seleção brasileira pode aprender com o vexame no Mineirão

Do UOL, em Belo Horizonte*

A humilhante goleada de 7 a 1 sofrida diante da Alemanha nas semifinais da Copa do Mundo de 2014 fez mais do que enterrar o sonho da seleção brasileira de enfim ser campeã mundial em casa. Porém, o pior placar dos 100 anos de história da equipe traz também lições que podem nortear um projeto de recuperação com vistas ao Mundial de 2018.

Longe de uma fórmula mágica, a lista abaixo apresenta sugestões de erros cometidos que precisam ser evitados para que nos próximos quatro anos a seleção chegue ao torneio em condições bem mais realistas de disputar um título que em 2014 esteve ilusoriamente perto:

1) Apresentar variações táticas

AFP PHOTO / GABRIEL BOUYS

Das quatro seleções que chegaram às semifinais da Copa do Mundo, apenas a seleção brasileira jamais alterou seu esquema tático ou promoveu mudanças de posicionamento. A Alemanha começou o Mundial jogando com um falso nove pela primeira vez em 80 anos, enquanto a Holanda variou seu esquema mesmo dentro de partidas – contra o México, saiu de um 5-3-2 para um 4-3-3 para forçar uma virada nas oitavas de final. Mesmo com Lionel Messi, a Argentina também jogou com dois sistemas.

2) Equilíbrio emocional ajuda a ganhar jogo

Buda Mendes/Getty Images

A fragilidade psicológica da seleção brasileira foi gritante no torneio. Muito se falou sobre o mar de lágrimas que marcou a vitória sobre o Chile nos pênaltis nas oitavas-de-final, mas o "apagão" sofrido durante a partida contra a Alemanha, em que concedeu quatro gols em seis minutos, desponta como o maior exemplo de como a equipe de Luiz Felipe Scolari careceu de equilíbrio emocional nos momentos decisivos, apesar da alardeada presença da psicóloga Regina Brandão no estafe do treinador.

3) Continuidade e coerência andam de mãos dadas

Rafael Ribeiro / CBF

A eliminação no Mundial de 2010 fez com que a CBF chamasse Mano Menezes em julho daquele ano e desse a ele a missão de promover uma renovação na seleção. Em menos de um ano Menezes já voltara atrás, trazendo veteranos como Lúcio, Maicon e Júlio César para a disputa da Copa América. Em 2012 a cartolagem atrapalhou ainda mais ao demitir o treinador e promover o retorno de Luiz Felipe Scolari.

4) A Alemanha é mais que só a seleção

AFP PHOTO / FELIPE DANA/POOL

Além de ter prestado mais atenção ao jogo dos alemães – ainda é chocante a lembrança de ver Thomas Müller, o artilheiro da Copa do Mundo de 2010, passeando pela área do Brasil no primeiro gol – a seleção brasileira poderia ter assimilado alguns pontos da reformulação feita no futebol do país nos últimos anos, desde o investimento da Federação Alemã e dos clubes nas categorias de base à decisão de apostar num estilo de jogo mais dinâmico e menos marcado pelo histórico jogo físico alemão.

5) Copa das Confederações é enganosa

Victor R. Caivano/AP

O evento-teste da Fifa se tornou uma maldição para o Brasil, que conquistou diversas edições para no ano seguinte naufragar no Mundial. Mas a competição do ano passado provocou uma falsa sensação ainda maior na seleção por conta da atuação de gala contra os espanhóis na partida final. Com oito participantes contra 32 do Mundial, não pode mais servir como parâmetro.

6) "Rodagem" faz diferença

Flávio Florido/UOL

Levar para o Mundial um time em que dois terços dos jogadores jamais tiveram sequer a chance de participar das eliminatórias era uma aposta de um risco imenso que se tornou um pesadelo. Na partida contra a Alemanha, o primeiro gol desestruturou o time e causou pânico suficiente para desmontar qualquer tentativa de reação.

7) Favoritismo anunciado e injustificado

Gaspar Nóbrega/VIPCOMM


Declarações otimistas marcaram a preparação brasileira para o Mundial desde o final do ano passado. Luiz Felipe Scolari por algumas vezes declarou que o Brasil ganharia a Copa. Mas nada soou tão presunçoso quanto a afirmação de Carlos Alberto Parreira de que o Brasil "tinha uma mão na taça" por conta de uma logística e condições de treinamento por ele consideradas perfeitas.

*colaboraram Fernando Duarte, Gustavo Franceschini, Paulo Passos, Pedro Ivo Almeida e Ricardo Perrone
 



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