Ameaça ao Brasil, Alemanha tem histórico de estraga-prazer em Copas

Do UOL, em São Paulo

A seleção alemã pode eliminar o Brasil no Mineirão nesta terça-feira, às 17h (de Brasília). Mas tirar o país anfitrião da Copa do Mundo seria apenas mais um item na lista de momentos em que os alemães foram "estraga-prazeres" na história dos Mundiais. Veja alguns casos em que o time-sensação da Copa foi sufocado pelo pragmatismo dos alemães.

1938: tiraram o melhor jogador da Copa

O austríaco Matthias Sindelar era talvez o melhor jogador europeu dos anos 1930. Graças a sua habilidade, a seleção austríaca havia se tornado o time a ser batido desde o Mundial anterior, onde encantou o mundo com um futebol envolvente e de muitos gols na Itália.

Sob o comando de Sindelar, a Áustria aplicava goleadas nas maiores seleções do continente e foi o primeiro time a vencer por mais de dois gols a Inglaterra jogando na ilha. A Copa de 38 seria a consagração do melhor time e do melhor jogador do mundo, mas havia a Alemanha.

Antes do torneio começar, Adolf Hitler anexou a Áustria e dissolveu a seleção nacional, obrigando os principais jogadores austríacos a se incorporarem à seleção alemã que jogaria a Copa. Sindelar se recusou. O Mundial ficou sem o time-sensação e sem o craque do momento. O austríaco morreria pouco tempo depois, em circunstâncias até hoje misteriosas (dizem que ele pode ter sido morto por causa de sua oposição ao nazismo).

1954: derrotaram o futebol-arte húngaro

UH/Folha Imagem/Folhapress
Helmut Rahn, da Alemanha, marca o gol da vitória na final da Copa do Mundo de 1954

O primeiro título mundial alemão foi uma vitória do pragmatismo sobre a beleza. Campeã olímpica em 1952, a Hungria tinha Ferenc Puskas e era a seleção favorita para a Copa da Suíça. Antes da final, o time vinha de mais de quatro anos de invencibilidade e goleadas na primeira fase sobre Brasil, Uruguai e a própria Alemanha.

Mas na final, debaixo de muita chuva, o sonho húngaro acabou. Mesmo com uma vantagem de 2 a 0 no placar, os húngaros caíram diante da resiliência alemã e perderam por 3 a 2. A seleção de Puskas nunca mais seria a mesma.

1974: emperraram o Carrossel Holandês

AFP
Johan Cruyff, líder da Laranja Mecânica, o time-sensação da Copa de 1974

Vinte anos depois, o roteiro se repetia. Liderados por Cruyff e pelo técnico Rinus Michel, os holandeses encantaram o mundo do futebol com um sistema tático revolucionário, dinâmico e sem posições fixas. Chegaram a ser comparados com a própria Hungria de Puskas. Antes de chegar à final da Copa, golearam a Argentina e venceram o Brasil, então campeão mundial, e a Alemanha Oriental.

Mas no último jogo, foi a vez de encarar a Alemanha Ocidental. E a seleção, com Franz Beckenbauer e Gerd Müller, venceu, apesar de ter começado perdendo. Foi aí que foi cunhada aquela famosa frase, segundo a qual o futebol é um esporte em que 22 homens correm atrás de uma bola e no final a Alemanha vence.

1982: entraram de voadora nos artistas franceses

Steve Powell/Getty Images
Patrick Battiston deixa o campo na maca após ser atingido pelo goleiro Schumacher

A sensação da Copa da Espanha era a seleção brasileira, que havia sido eliminado no desastre do Sarriá por Paolo Rossi. O único time que ainda tinha chances de permanecer desfilando um futebol agradável, cheio de categoria e criatividade era a França de Michel Platini. Mas, nas semifinais, os franceses encontraram a Alemanha e sucumbiram naquela que até hoje é considerada uma das maiores injustiças das Copas.

Em 8 de julho daquele ano, em Sevilha, mais de 70 mil pessoas presenciaram a França perder para os alemães nos pênaltis, depois de um empate em 3 a 3 no jogo corrido. Mas, uma dessas pessoas não viu nada disso. O zagueiro Patrick Battiston foi vítima de uma entrada violentíssima por parte do goleiro alemão Harald Schumacher. Teve um convulsão, perdeu a consciência e dois dentes. Achou que ia morrer. O juiz não marcou nada. A Alemanha avançou, mas perderia a final para a Itália.    

2014: vão mandar para casa... o time da casa?

Jefferson Bernardes/VIPCOMM
Sem Neymar, Felipão é o grande responsável por fazer o Brasil avançar à final

O Brasil não é exatamente o time-sensação da Copa deste ano, mas os alemães podem ser os protagonistas da maior tragédia do futebol neste país desde 1950. Basta que vençam a seleção nesta terça no Mineirão. Seria mais um ponto para o currículo do time mais estraga-prazeres da história dos Mundiais.

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