Fifa ignora apelo do Brasil e mantém cartão amarelo de Thiago Silva

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

O zagueiro Thiago Silva está fora das semifinais da Copa do Mundo. A Fifa ignorou os apelos da CBF e decidiu manter o cartão amarelo dado ao defensor na partida contra a Colômbia pelas quartas de final. Desta forma, ele cumpre suspensão automática no jogo contra a Alemanha, na próxima terça-feira, em Belo Horizonte.

Em comunicado emitido nesta segunda-feira, o comitê disciplinar da Fifa afirmou que chegou a conclusão de que não poderia avaliar o pedido da CBF por não haver base legal para uma mudança da punição ao zagueiro.

Thiago Silva recebeu cartão amarelo no confronto contra a Colômbia pelas quartas de final. O zagueiro obstruiu a reposição de bola feita pelo goleiro Ospina e foi advertido pelo árbitro. A CBF, porém, tentou anular a advertência, alegando que o defensor não teve intenção no lance e estava apenas passando na frente do camisa 1 quando este bateu na bola.

Em entrevista ao Jornal Nacional, o técnico Luiz Felipe Scolari admitiu desconhecimento da regra, mas defendeu a tese de que o defensor não fez nada de errado. "Quando vejo a bola lançada para o alto pelo goleiro, ela está em jogo, Thiago passa e bate na bola, não bate por querer, goleiro lança a bola e bate no Thiago, bola em jogo, não cometeu nada e o juiz entendeu como falta", disse Felipão.

No entanto, de acordo com a regra número 12, disponível no próprio site da CBF, diz que o goleiro está com a posse de bola "enquanto bater a bola no solo ou lançá-la ao ar".

Ou seja, o lance de Thiago só seria legal caso o goleiro tivesse chutado a bola nele. Como o zagueiro entrou na frente e impediu a reposição, acabou cometendo uma infração.

A manutenção da punição a Thiago Silva já era esperada pela CBF. Antes do anúncio, o UOL Esporte apurou que o pedido junto à Fifa foi na verdade uma maneira de acalmar o técnico da seleção brasileira. Desde a primeira semana do Mundial, Felipão repete críticas à arbitragem do torneio. Em conversa com um grupo de seis jornalistas na semana passada, na Granja Comary, em Teresópolis, disse que uma vitória do Brasil não interessava à Fifa.

As declarações de Felipão contra a entidade máxima do futebol incomodaram os dirigentes da CBF. A avaliação é de que os protestos soam como justificativa antecipada para a eventual perda do título. Mas a preocupação maior é de que a tese do complô contamine os jogadores e que eles tenham a arbitragem como uma justificativa na ponta da língua para o caso de derrota.

Com essas ações, a CBF mostra sutilmente ao treinador que é melhor trabalhar em silêncio do que reclamar em público. O recado passado para Scolari é de que o foco da comissão técnica e dos jogadores é a busca pela vitória. O restante deve ser administrado pelos dirigentes.

Além de manter o cartão dado a Thiago Silva, a Fifa também negou o pedido da CBF pela punição ao colombiano Zuñiga, que atingiu uma joelhada em Neymar e tirou o atacante da Copa do Mundo. A entidade alega que, como o árbitro não advertiu o jogador ou fez qualquer menção ao caso, fica impossibilitada uma intervenção do comitê disciplinar.

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