Sem glamour entre goleiros latinos, argentino enfrentará seu ex-técnico

Do UOL, em São Paulo

Ser goleiro na Copa do Mundo de 2014 tem sido uma ótima vitrine para quem joga sob a trave. Ainda mais eles sendo de seleções da América Latina. O costarriquenho Navas, o mexicano Ochoa, o colombiano Ospina e até o discutido brasileiro Júlio César tiveram momentos de brilho decisivos para suas respectivas seleções. Em nenhum momento, porém, o nome do argentino Sergio Romero apareceu no rol dos paredões da competição. Fato que, de certa forma, envolve uma dose de injustiça.

Goleiro titular da Argentina pela segunda Copa consecutiva, Romero nunca transmitiu confiança, nem para os argentinos. Seus números nos cinco jogos feitos no Brasil, entretanto, revelam que seu desempenho não está muito aquém de seus vizinhos latino-americanos.

Romero tomou três gols em cinco jogos, o mesmo número de Ochoa, que após a partida contra o Brasil tornou-se quase um popstar diante dos torcedores brasileiros, impressionados com as defesas que garantiram o empate sem gols. O argentino, inclusive, tem um índice de defesas maior (82,4%) do que o registrado pelo mexicano (76,9%). O número de defesas consideradas difíceis pela Fifa pesa, entretanto, a favor de Ochoa: seis contra duas. A favor de Romero, o fato de ter jogado uma partida a mais: cinco contra quatro.

Com o mesmo número de gols sofridos por Júlio César e Ospina, Romero só foi mais vazado do que Navas, o goleiro da Costa Rica que fez uma apresentação impecável neste sábado (5), contra a Holanda.

Mas a importância de Romero para a seleção argentina nesta Copa vai além das estatísticas. O goleiro, que atualmente defende o francês Monaco (emprestado pela Sampdoria, da Itália), fez intervenções importantes e decisivas, contra a Bósnia e Herzegovina, a Suíça e, principalmente, o Irã, quando a Argentina fez um péssimo segundo tempo e concedeu duas grandes chances aos adversários.

A discrição como suas atuações são avaliadas não são novidade para Romero. A desconfiança acompanha o jogador desde sua saída do Racing, da Argentina. Contratado pelo AZ Alkmaar, da Holanda, em 2007, demorou um pouco para sair da posição de terceiro goleiro para ganhar uma oportunidade de seu técnico, o holandês  Van Gaal, o mesmo que comandará o adversário da Argentina na próxima quarta-feira (9), no Itaquerão.

Com a vaga garantida, Romero ganhou confiança e, na sua segunda temporada, emendou 18 jogos sem tomar gols pelo seu clube. Um acesso de raiva, porém, atrapalharia seu bom momento no AZ Alkmaar. Após uma derrota nas quartas de final da Copa da Holanda, o argentino entrou no vestiário e deu um soco no armário. Quebrou a mão.

Nesta época teve sucesso como goleiro da seleção argentina, quando conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim. O título foi porta de entrada para que Romero assumisse a titularidade da equipe principal da Argentina. No final das eliminatórias da Copa de 2010, o goleiro ganhou o posto do então técnico Diego Maradona e foi a África do Sul nesta condição. E mesmo levando quatro gols da Alemanha nas quartas de final, Romero foi forte para permanecer como titular durante a trajetória que trouxe a Argentina até o Brasil. E, apesar de tudo, com desconfiança e em silencia, está na semifinal do Mundial.

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