Oscar ainda deve na Copa, mas é opção do novo "10" da seleção
Fernando Duarte
Do UOL, em Teresópolis (RJ)
Oscar, naturalmente, jamais desejaria que tivesse sido dessa maneira. Mas a lesão que tirou Neymar da Copa do Mundo pôs o meia sob os holofotes e lhe dá a chance de assumir uma posição de referência na seleção brasileira. "Algemado" pelo esquema tático de Felipão sobretudo pela presença de Neymar no time, o jogador do Chelsea surge como a opção mais lógica para cuidar da organização de jogadas. Mesmo que o jogador tenha apresentado até agora um desempenho de montanha-russa neste mundial.
Apesar de um gol e duas assistências, Oscar está ausente da parte de cima das principais listas de fundamentos relacionados a sua posição. A exceção é justamente um protagonismo que ele gostaria de evitar: o meia é o terceiro jogador que mais perdeu bolas no Mundial, com 52, atrás apenas de Neymar (62) e do atacante argentino Angel di Maria (63).
Depois de cinco partidas, Oscar apresenta um índice de acerto de passes de apenas 63% e foi um dos jogadores que menos chutou a gol no Mundial (sete tentativas). Ao mesmo tempo que que foi escalado num papel mais "operário" por Felipão, algumas vezes atuando pelo lado esquerdo, em que não atua com regularidade tanto no Chelsea quanto na seleção, o jogador também "sumiu" de algumas partidas e mesmo de treinamentos, ao ponto de antes de a estreia contra a Croácia a imprensa brasileira especular uma perda de posição para Willian.
Sem Neymar, porém, Oscar pode se transformar numa espécie de condutor da organização de jogadas do Brasil, numa função mais central e mais parecida com o papel cumprido na Copa das Confederações, em que exerceu mais uma função de número 10 que Neymar, na competição do ano passado atuando mais pelo lado esquerdo campo. Isso permitiria que Felipão não precisasse fazer grandes alterações no esquema tático 4-2-3-1 que vem utilizando no Mundial.
Na teoria, Oscar ajudaria a recompor melhor o meio de campo, o setor mais problemático da seleção no torneio. A introdução de um jogador como Willian ou Bernard completaria as mudanças. O fato é que depois de uma temporada inglesa e europeia em que nem de longe foi "escravizado" como na passada, quando se apresentou a seleção com mais de 60 jogos, esperava-se Oscar mais "aceso" no Mundial.
Se o sacrifício tático serve como atenuante, a possibilidade de uma maior liberdade por parte de Felipão diante da Alemanha desponta como oportunidade para Oscar jogar de forma mais natural e, na opinião de diversos observadores, com mais possibilidades de a seleção criar problemas para os alemães.